A nota não é de Richarlison




E a conhecida falta de elenco atacou o time novamente no sábado. O Fluminense, apesar de ter feito uma partida até razoável, não conseguiu suprir as peças faltantes com a mesma qualidade e sucumbiu. Talvez, desde 2012 não tínhamos um time tão bom como este. Mas a falta de um grupo maior de jogadores qualificados e a insensibilidade da diretoria para não perder o momento nos fazem reféns de uma expectativa pífia no brasileirão. Resta-nos torcer.

Mas o assunto do momento no futebol brasileiro é a malfadada transferência de Richarlison para o Palmeiras. Por 11 milhões de euros (cerca de 40 milhões de reais), o time paulista levar o jovem atacante tricolor. Há rumores também de que ele pode ser vendido por preço ainda maior para a Lazio da Itália. Por enquanto, nada foi concretizado.

Nessa novela Richarlison existe uma certeza: o clube que pagar o valor da multa rescisória tem o direito de ficar com o atleta. E, de acordo com o site Globoesporte.com, ela seria de 50 milhões de reais. Ou seja, muito próximo da quantia ofertada pelo Palmeiras.

É certo que tudo não passaria de uma negociação normal de futebol se não fosse pelo episódio protagonizado pelo próprio jogador (ou alguém por trás dele) no último sábado. Alegando que não tinha cabeça para disputar a partida, Richarlison não entrou em campo, o que gerou muitos comentários na imprensa e nas redes sociais.

É normal que o torcedor, movido pela paixão, manifeste todo o seu descontentamento contra a jovem promessa das Laranjeiras. Mas, se analisar os fatos com frieza, certamente identificará quais são os reais culpados por todo este imbróglio criado nos últimos dias

Em primeiro lugar, por que a diretoria não poupou seu ativo das possíveis críticas que sofreria? Ora, bastava o Presidente dizer não à primeira investida do Palmeiras que o assunto estava encerrado: “ou paga a multa rescisória integral ou não levará o jogador”, deveria ser o tom da conversa. Todavia, Pedro Abad e sua trupe optaram por manter a bate-papo mesmo sabendo que o time paulista não iria pagar integralmente a multa estipulada.

Alguns vão dizer que se trata de uma negociação e, como tal, é normal que se demore até a concretização do negócio. Ora, abrir uma tratativa com uma equipe que seria o seu próximo adversário é uma atitude ingênua, para não dizer despreparada, de quem se propõe a comandar um clube do porte do Fluminense. Não se deve esquecer que os dirigentes foram ao Allianz Parque e se sentaram no camarote do Palmeiras e continuaram a negociar o atleta. Nada mais infantil num mundo de lobos como o do futebol.

Depois, a nota atribuída a Richarlison. Ela é, no mínimo, uma afronta à tradição e inteligência da nossa torcida. Ninguém acredita que foi o jogador que a escreveu. Basta ver as entrevistas do moleque e ler o texto pra perceber que ele está culto demais para ter sido feito de forma espontânea por ele. Não estou aqui o chamando de analfabeto ou coisa parecida. Apenas estou dizendo que as palavras expressam a nossa forma de externar o pensamento. E ela não é tão diferente quando se trata da escrita e da fala.

A nota dá a exata noção de que existem duas pessoas diferentes: o Richarlison da TV e o das redes sociais. Não é dele expressões como “à torcida, peço desculpas pelo desenrolar das coisas”, ou “espero que essa história tenha um desfecho o mais rápido possível”. Formal demais pra um moleque de vinte anos. Jurídico demais pra quem não possui formação na área. Explicativo demais pra quem tem dificuldades até de justificar a atuação do time em campo nas entrevistas pós-jogo.

Não tenho dúvidas: possivelmente a nota foi confeccionada pelos empresários ou por alguém a mando deles. E toda essa confusão possivelmente foi gerada por causa da ganância das pessoas que administram o futebol do atleta e da incompetência dos dirigentes em não dar um basta na situação.

Sinceramente, não se pode culpar o Palmeiras. Esperar ética no futebol é das tarefas mais inglórias e o time de São Paulo nada mais fez do que jogar com as armas que possui, que é o dinheiro obtido em razão da aparente boa gestão que faz de seu futebol, ao contrário do Fluminense.

Também penso que o jogador é o menos culpado. Ele deve ter escutado o “canto da sereia” de diversos lados (empresários, amigos, familiares, etc) o que realmente balança qualquer pessoa na idade dele.

Em resumo: faltaram escrúpulos aos empresários e competência à diretoria. Infelizmente, o episódio pode dificultar, ou até mesmo impedir, que Richarlison continue apresentando o bom futebol no clube e uma transferência pode ser o caminho. Lamentável!

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Há rumores de que Henrique Dourado está em negociação com o Sporting de Lisboa. Abel Braga elogia o Flamengo em demasia. Parece que o barco está afundando e a diretoria não demonstra força para levantá-lo. Sequer um posicionamento público. Quem quer dirigir um clube grande tem que dar a cara pra bater.
  1. E o processo de autofagia continua à solta no clube. Como se não bastasse a ausência de uma estratégia de marketing mais agressiva para atrair patrocinadores e o próprio torcedor tricolor, que já não tem hábito de ir ao estádio, conseguiu se apequenar diante do Palmeiras. Incrível!
  1. Gustavo Scarpa também foi sondado pelo lado verde paulista. Disse não, os empresários não influenciaram e não houve toda essa repercussão. Simples assim!
  1. Que jogada do Marquinhos Calazans no primeiro gol do Fluminense! Claro que ele não é a panaceia para todos os males tricolores, mas demonstra que quer passagem. Vida longa pro garoto!
  1. Honestamente, espero que Richarlison seja negociado com um clube do exterior. Se não fosse por causa da bancarrota que vive o Fluminense, pelo menos seria para cessar as críticas e deixar que o garoto tenha nova vida daqui pra frente.

Toni Moraes

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