Vitória do Fluminense relembra o caso André Santos/Héverton




banner_paulonenseAmigos Tricolores, hoje vamos falar de um Fluminense x Bahia marcante. E resolvi escolher um jogo bastante atípico. Afinal o Flu ganhou o jogo, de virada, em Salvador, e a torcida saiu do estádio bastante triste.

Foi nos idos de 2013, no último jogo do Brasileirão, mais exatamente no dia 8 de dezembro, às 17 horas.

Acontece que o jogo de futebol tem regras, e os campeonatos têm regulamentos predefinidos, escritos e acordados por todos os clubes participantes.

Sabe aquela prima distante que nunca foi a um estádio de futebol e, numa reunião de família, enche a boca para dizer, cheia de razão, “Ah, não concordo com essas decisões de Tribunais. Para mim tinha que valer o resultado de campo” ?

Vale a pena discutir? Eu prefiro nem gastar meus argumentos, para não deixar crescer a baboseira…

Alguém tem que explicar para essas priminhas que, quando um clube coloca uma equipe em campo, dezenas de detalhes estão sendo levados em consideração. Para começar, os jogadores têm que estar inscritos na competição para poderem ser relacionados na partida, têm que estar sob contratos regularizados e registrados, têm que ter sua regularização publicada em boletins, não podem estar suspensos, não podem estar sob efeito de substâncias previamente vetadas… E aí não falo nem só de má-fé: já vi muito caso de jogador ser pego no antidoping por ter usado um inocente descongestionador nasal…

Se for um campeonato de divisões de base, o atleta tem que, obviamente, estar dentro da faixa de idade prevista para aquela competição…

Um time tem que ter um mínimo de tantos jogadores em campo, uma delegação tem que ter médico, treinador formado em cursos específicos…

Eu ficaria aqui até amanhã descrevendo tudo que é necessário para uma equipe estar regular e não dar motivos que ensejem uma punição.

Não precisa mais nada: experimente um time mandante, num campeonato até da terceira divisão estadual que seja, não providenciar uma ambulância no estádio… A bola nem rola… E o time perde os pontos previstos no regulamento. Ou se um time visitante não tiver um uniforme alternativo, diferente do que o time mandante utilizar.

Escalar um jogador suspenso, então, com certeza é um dos maiores absurdos. No mínimo demonstra a total falta de organização do departamento de futebol do clube, tanto que o time da Gávea confiou naquele sábado num dirigente, que bancou a escalação do André Santos, garantindo absurdamente sua condição de jogo, e depois deu no que deu. E depois houve até crise no clube, com vazamentos de e-mails internos reconhecendo a lambança e trocando acusações entre dirigentes do próprio clube.

Lembro que o jornal Lance até havia publicado previamente que o atleta não poderia enfrentar o Cruzeiro naquele sábado.

Regulamentos devem ser cumpridos em todas as rodadas, do primeiro ao trigésimo oitavo jogo, por exemplo, no caso do atual modelo de disputa do Brasileirão.

Quando o Flamengo iniciou a lambança no sábado, e pouco depois percebeu seu erro, nada havia ainda sido divulgado, mas o clube já deveria saber que não teria jeito: iria perder os pontos previstos e poderia ficar entre os 4 últimos, de acordo com os resultados de domingo.

A escalação do Héverton no domingo, pela Portuguesa, então, realmente só poderia salvar o próprio Flamengo, como no final acabou acontecendo.

Com os resultados do domingo, se o Héverton não entrasse em campo o time da Gávea cairia!

Há teorias da conspiração que levantam suspeitas sobre se o regulamento realmente seria cumprido se só o Flamengo fosse o infrator da regra.

Eu vos digo que seria muito difícil arrumarem uma manobra para salvar os rubro-negros. Lembro simplesmente que os julgamentos tiveram resultados implacáveis: Flamengo e Portuguesa foram massacrados nos Tribunais, com CINCO votos a zero na primeira instância (STJD) e OITO votos a zero na segunda instância (recurso julgado no Pleno do STJD). Placar agregado: derrota por TREZE a zero nas duas instâncias, VINTE E SEIS A ZERO se considerarmos os dois clubes.

É como se os Tribunais dissessem: não há a menor chance de a pretensão de vocês prosperar! Erraram feio! Vão se catar!

Na verdade aqueles julgamentos foram para inglês ver. Eu chamo aquilo de reuniões para confirmar a retirada de pontos de clubes com jogadores sabidamente escalados irregularmente. Eram reuniões apenas para aplicarem a regra do jogo. Não havia o que ser julgado! Advogados e pequenos príncipes apenas coadjuvaram os supostos julgamentos.

E ao Fluminense, que não tinha nada com isso, e tinha que vencer o jogo de qualquer maneira e ainda contar com outros resultados, só restava partir para cima do Bahia.

Bom lembrar que o Fluminense, que estava em situação bem complicada, não pôde escalar Digão, que era a solução encontrada naquele fim de ano para a lateral esquerda, por estar SUSPENSO PELO TERCEIRO CARTÃO AMARELO! E teve que improvisar o lateral-direito Igor Julião na posição.

O jogo

A Arena Fonte Nova recebeu um grande público, parecia que o torcedor baiano queria comemorar a manutenção do time na primeira divisão, já que não corria mais riscos, e assistir ao martírio do Fluminense. Assim, 37.253 pagantes compareceram ao estádio.

Logo no início do primeiro tempo o Coritiba fez um a zero no São Paulo, em São Paulo, dificultando as coisas para o Fluminense, resultado que já rebaixaria o clube.

Aos 41 do primeiro tempo William Barbio abriu o placar para o Bahia, complicando ainda mais as coisas para o Fluminense, que agora dependia de virar o jogo e de um gol ao menos do São Paulo, que por sua vez não tinha mais nenhuma motivação para o jogo.

Agora eu pergunto, e isso é o motivo de eu ter escolhido este jogo para enfocar hoje: e se o Fluminense entregasse ali os pontos e nem se motivasse para o segundo tempo?

Amigos Tricolores, o time do Flu passou por muitas dificuldades naquele ano, e isso ninguém destacou muito na época: cedeu três jogadores durante meses para amistosos e preparação da Seleção Brasileira, e para a Copa das Confederações. Foram eles Diego Cavalieri, Jean e Fred, três dos maiores destaques do time.

Jogou várias partidas sem eles, e depois da Copa das Confederações recebeu um Fred desgastado, e que poucos jogos depois estourou o músculo contra o Santos para não mais jogar em 2013, a partir da antepenúltima rodada do turno do Brasileirão, ficando fora desde 31 de agosto!

Em 2 de outubro o time perdeu, num mesmo jogo, Carlinhos e o reserva imediato Ronan, ambos laterais-esquerdos, num confronto contra o Botafogo, e ambos não mais voltaram na temporada.

O espírito de time de Guerreiros, no entanto, esteve presente naquele segundo tempo. Desistir, jamais! Era necessário fazer a nossa parte, contra tudo e contra todos. Assim, mesmo com muitas dificuldades que o elenco atravessava, o time partiu para cima no segundo tempo e encontrou forças para empatar e virar o jogo.

Wagner empatou aos 10 do segundo tempo, aproveitando passe de Rafael Sobis. Aos 37, Rafael Sobis cobrou falta da lateral da área, pela direita, e Samuel desviou de cabeça, para dar números finais ao jogo. Não parecia na hora, mas foi um golzinho salvador, em Salvador!

Àquela altura o Fluminense dependia de um gol do São Paulo, que parecia já estar de férias. Assim, o Flu venceu, o São Paulo perdeu, e foi uma daquelas vitórias em que o nosso time saiu de campo “derrotado”.

A equipe formou com Diego Cavalieri, Wellington Silva, Gum, Leandro Euzébio e Igor Julião (Samuel); Edinho, Jean e Wagner; Biro Biro (Rafinha), Rafael Sobis e Kenedy (Robert).
Técnico: Dorival Júnior

Naquela noite a imprensa só falava na baixaria promovida entre torcedores de Vasco e Atlético/PR, na derrota do Vasco por 5 x 1, em Joinville, um espetáculo assustador de mútuos espancamentos, no jogo que sacramentou o rebaixamento do Vasco. (Coincidência ou não ontem tivemos mais baixarias da torcida do Vasco, em São Januário.)

Na segunda-feira a torcida tricolor teve que aturar algumas gozações, mas já na terça-feira à noite começaram a surgir informações da flagrante irregularidade de Flamengo e Portuguesa, e o desenrolar dos fatos já destaquei acima.

O Fluminense, Amigos Tricolores, nada mais fez do que ganhar seu jogo, levando a sério a competição até o final. E ali estava ele, em 17º lugar, para ser justamente o beneficiado pela histórica lambança de Flamengo e Portuguesa…

Mas a imprensa gosta… E lá foram todos botar o Fluminense como o vilão de mais uma história lamentável… Ano passado vimos o Internacional adulterar um e-mail para tentar simular uma transferência irregular de um jogador do Vitória, tentando incriminar o clube baiano, livrando-se, assim, do rebaixamento. Uma vergonha, e o recente julgamento do caso rendeu apenas uma pequena multa ao clube gaúcho, quando havia previsão mesmo de exclusão da Série B, por tão grave atitude.

E o que fala a imprensa? Nada!

Só faltou concluírem que a culpa foi do Fluminense.

Foi isso, Amigos: o Fla cometeu a irregularidade primeiro, o que já justificaria a perda de pontos e o consequente rebaixamento, e só poderia ser salvo se a Lusa também fizesse a mesma bobagem.

Adivinhem então a quem tanto interessava a suposta compra da Lusa, a pergunta que não quer calar e que tanto cobramos a resposta, com a descoberta dos verdadeiros culpados…

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor

A faixa LUTEM ATÉ O FIM estava lá, e parece que os jogadores levaram a mensagem a sério.