A incompetência em números




Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor



A incompetência em números

Como bem disse o colunista Toni Moraes do Explosão Tricolor, que síndrome de Robin Hood é essa. Na quarta ganhamos do Palmeiras em um jogo que o amor ao time voltou com a carga máxima. Bom público e vitória convincente. Mas no sábado pisamos na bola e perdemos pro lanterna do campeonato. Tá difícil!

Hoje, porém, escrevo sobre um tema que foi pouco explorado até aqui: o estudo, feito pela Pluri Consultoria, que considerou os resultados financeiros dos grandes clubes brasileiros nos anos de 2008 a 2017. Apenas para lembrar, em sete deles a Flusócio esteve no poder.

As informações se encontram no blog de Cássio Zirpoli, jornalista que trabalhou no Diário do Pernambuco por 14 anos. Ele divulgou os dados nos dias 4 e 7 de junho deste ano, sendo que eles ainda são atuais e merecem o devido destaque.

Segundo Cássio, a Pluri, em seu estudo, dividiu os resultados financeiros dos clubes em cinco pontos: 1) cotas de TV; 2) bilheteria; 3) sócio-torcedor; 4) venda de jogadores; e 5) marketing. Os dados que seguem assustam e nos dão a certeza que muito pouco foi feito até hoje para salvar as combalidas contas do clube.

Iniciando pelas cotas de TV, o Fluminense aparece apenas na 10ª colocação no período. Até dezembro de 2017 o clube recebeu a quantia de R$ 628 milhões, bem atrás do Flamengo, primeiro colocado, que faturou R$ 1,176 bilhão no mesmo tempo. Ficou atrás ainda de clubes de menor impacto midiático, como os mineiros Atlético e Cruzeiro, que receberam R$ 772 e 756 milhões, respectivamente.

No quesito bilheteria a coisa piora bem. O Fluminense teve um rendimento total de R$ 86 milhões, ficando na 12ª posição. Se considerarmos que no Brasil temos 12 clubes de massa, ficamos na última colocação. O primeiro colocado neste critério foi o Palmeiras com R$ 368 milhões.

O sócio-torcedor também não está bem das pernas. Mais uma vez o clube ficou em 12º lugar, com arrecadação total de R$ 73 milhões. O líder no período foi o Internacional de Porto Alegre com R$ 460 milhões, cerca de seis vezes o ganho do Fluminense.

Na venda de jogadores subimos um pouco de posição. O clube arrecadou cerca de R$ 263 milhões neste item e ficou na nona colocação. Os números representam muito pouco se considerarmos que o São Paulo, líder neste ponto, arrecadou perto de R$ 750 milhões.

O que mais incomoda, porém, é a receita com marketing. Isso porque novamente o Fluminense ficou em último lugar dentre os clubes considerados grandes, com um rendimento de R$ 151 milhões. É isso mesmo! Em 10 anos o departamento de marketing tricolor ficou cerca de R$ 560 milhões atrás do Corinthians, primeiro neste critério com R$ 711 milhões.

Mas o que vem a ser considerado marketing para o estudo? Ele coloca nesta caixa as receitas com patrocínios, produtos licenciados e merchandising. O torcedor mais atento vai dizer que, no período da Unimed, o time recebia em contratações de atletas e pagamentos dos elevados salários que possuíam. Ainda que isso seja uma verdade, fato é que os resultados esportivos esperados não foram grandes e, desde a saída do plano de saúde da camisa do time, a diretoria fala em potencializar as atividades marketing, mas muito pouco arrecadou neste aspecto.

Moral da história: considerando todos os cenários de arrecadação de um clube de futebol, o Fluminense supera apenas o Botafogo dentre os grandes clubes nacionais. Isso deve ser o suficiente para que os verdadeiros tricolores acendam o sinal vermelho e passem a refletir sobre os rumos do clube daqui pra frente.

No somatório geral, os resultados dos clubes do Rio de Janeiro foram: Flamengo – R$ 2.585 bilhões; Vasco – R$ 1.275 bilhão; Fluminense – R$ 1.201 bilhão; e Botafogo – R$ 990 milhões. Em resumo, apenas com valores de televisão o Flamengo ganhou quase o mesmo que o Fluminense na soma de todos os cenários.

Os números mostram também que a alardeada política de austeridade da Flusócio esquece de um ponto básico: tem que fazer dinheiro; não basta diminuir os gastos no futebol. Sem um marketing adequado e sem resultados em campo, não há sócio-torcedor e bilheteria elevada, o que diminui a possibilidade de negociar melhor as cotas de TV, dentre outras receitas que seguem a massa.

No fim das contas, fica claro que o clube está com as finanças combalidas porque não faz bem o seu dever de casa, que é cuidar melhor de seu principal produto, que é o futebol, e do seu maior patrimônio: o torcedor tricolor.

Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura



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