E o Fluminense calou a democracia…




banner_paulonenseAmigos Tricolores, Fluminense e Corinthians é o papo de hoje.

Um confronto sempre difícil, mas que algumas vezes nos trouxe boas lembranças. Duelamos com o Corinthians palmo a palmo no Brasileirão 2010, campanha do Tri. Perdemos as duas para eles, mas no final ficamos com a taça, e eles em terceiro, deixando o Cruzeiro ultrapassá-los no final.

Em 2012, na campanha do Tetra, vencemos no Pacaembu por 1 a 0 e empatamos no Engenhão, por 1 a 1, e ali o Corinthians ficou em sexto.

Em 1976 os corinthianos se orgulharam da invasão ao Rio de Janeiro, e eu estava lá, no Maracanã, mas gosto sempre de lembrar que eles passaram naquela semifinal numa disputa de pênaltis, para depois perderem o título para o Internacional.

E aí vou lembrar o meu Flu x Corinthians predileto, de melhores lembranças, e por isso o tema da história de hoje.

O ano era 1984, efervescência política no Brasil, pois vivíamos um período de transição entre os anos de chumbo e o fim da Ditadura, que perdurou 21 anos no Brasil, entre 1964 e 1985. Portanto, ali, em 1984, falar em democracia e combater a ditadura era mole, pois a dita já não era assim tão dura…

Era modinha falar em democracia… Já não se corriam tantos riscos, e os militares já estavam esmorecendo e querendo acabar com a covardia…

O time corinthiano, na época composto por alguns jogadores politizados, como Sócrates, Wladimir, Casagrande e Zenon, se dizia conduzido por uma democracia, com os jogadores podendo participar de várias decisões importantes, como contratações, demissões, direito a consumo de bebidas alcoólicas em público, liberdade de opinião política etc., numa espécie de autogestão em campo.

E o Fluminense… Bem, o Fluminense nunca foi uma ditadura, longe disso, mas o time queria mesmo é saber de jogar bola, o que mostrou ao longo daquele campeonato todo, o Brasileirão de 1984, subindo de produção nas fases decisivas da competição.

O Flu vinha de uma goleada sobre o Coritiba, que tinha um bom time. Após empatar em Curitiba por 2 a 2, massacrou o coxa no Maraca por 5 a 0, fora o baile, nas quartas-de-finais.

O Corintihians passara pelo Flamengo, perdendo a primeira no Maracanã por 2 a 0 e aplicando um 4 a 1 no Morumbi, dando um baile e talvez se achando um grande time.

Com melhor campanha, o Flu jogaria a primeira daquelas semifinais fora de casa. E assim foi, no domingo, dia 13 de maio de 1984. Dia da Abolição da Escravatura, mas naquela oportunidade também o dia do silêncio da democracia.

Lembro-me que fui assistir a esse jogo nas Laranjeiras. Ainda não havia o Bar dos Guerreiros, mas naquele espaço foi colocado um telão, onde se reuniam alguns sócios.

Se tenho uma recordação daquele jogo foi da segurança como o Fluminense atuou nos 90 minutos, com controle total do jogo, muita pressão, inteligência nos contra-ataques quando já mandava no placar, e muita segurança na defesa.

Uma das melhores atuações do Fluminense em jogos de alto nível fora de casa que tenho lembrança. Era um timaço, muito bem dirigido pelo mestre Parreira, que deu um nó tático na esquadra corinthiana.

Desde o início o Flu pressionava, jogava bem, mas foi aos 40 minutos que Assis aproveitou cobrança de falta da esquerda e, de cabeça, bem ao seu estilo, abriu o placar.

No segundo tempo o Flu continuava bem, e foi em sensacional contra-ataque puxado num chapéu de Washington em Mauro no meio-campo que o centroavante avançou e bateu firme. O goleiro Carlos soltou e Tato, de pé direito, completou para as redes.

Depois disso foram várias as chances do Fluminense para ampliar, mas o placar acabou 2 a 0 mesmo, fora o baile. E o Flu calou a galera corinthiana, com festa de cerca de 15 mil tricolores presentes no Morumbi.

O Fluminense jogou com Paulo Vitor, Aldo, Duílio, Ricardo e Branco; Jandir, Delei (Leomir) e Assis; Romerito (Renê), Washington e Tato.

No domingo seguinte, o jogo da volta. E lembro bem por ser meu aniversário, que comemorei com a vaga, indo ao Maraca, dia 20 de maio. O Flu já com tudo encaminhado, pois até uma derrota por dois gols nos levaria às finais, já que o Flu tinha a vantagem, pela melhor campanha.

Foi um jogo amarrado, de quem só queria segurar resultado contra quem nada conseguia. Deu 0 a 0, sem sustos, e o Fluminense foi para a final, contra o Vasco.

E aí, amigos, é uma outra história, que vou lembrar por ocasião de nosso jogo contra o Vasco, no segundo turno, mas que todos já conhecemos o final muito feliz.

O Fluminense tinha um esquema de jogo, de um timaço dirigido por Parreira. O Corinthians tinha uma ideologia política…

Na bola, deu Fluzão!

Falar em democracia naquele fim de festa da ditadura era mole. Difícil era ganhar do Fluminense!

Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: SÓ DÁ NENSE!!!

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor

Tato comemora com Washington o segundo gol tricolor.