Arbitragem e o respeito ao torcedor




Impossível não falar de arbitragem após os intermináveis Corinthians e Fluminense pela Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Mas antes, o Cícero merece um reparo deste colunista: sempre o chamei de geladeira e, dessa vez, o apelido lhe serviu como uma luva, mas para o lado bom. Afinal, a tranquilidade que ele teve para arrumar o corpo e finalizar, dentro da área adversária aos 49 do segundo tempo merecem todos os elogios. Vida longa ao Iceman.

Mas voltando à arbitragem, a matemática não falha. Se tivessem sido marcados os dois pênaltis de quarta e o de domingo teria o Fluminense saído de Sampa com duas vitórias e a vaga na Copa do Brasil. Simples assim! Portanto, o “mi-mi-mi” corinthiano não se justifica, e o “cala boca” de Levir Culpi ao repórter paulista foi o ponto final dessa discussão.

No entanto, outro assunto deve ser trazido à tona, também muito importante: por que os árbitros erram tanto? Seria má-fé, “ruindade”, ausência de preparo físico ou, simplesmente, falta de profissionalismo? Para buscar a resposta para essas e tantas outras perguntas sobre o tema, o debate deve ser aprofundado e as discussões livres de qualquer paixão que não seja pelo próprio futebol.  

Comecemos pela possibilidade de má-fé. Ela é real e os casos da máfia do apito descoberta em 2005 deixam claro que isso pode acontecer. Naquela época, como todos se lembram, diversos jogos foram cancelados em razão de comprovadas vendas de resultados por meio de influência direta da arbitragem. Apesar de o principal nome envolvido ter sido o do ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, fato é que mesmo nos idos de 2005 já se suspeitava de outras “entidades” comandando o resultado de nosso futebol. Diga-se de passagem, naquele ano o próprio Corinthians foi altamente beneficiado e acabou se sagrando campeão nacional (foi muito pênalti no Tinga!).

Uma solução ventilada por alguns é a profissionalização dos “homens do apito”. Os que advogam essa tese dizem que, se eles tivessem dedicação exclusiva teriam mais profissionalismo e mais tempo para a preparação, o que diminuiria os riscos de erro (claro que o desvio de conduta e a má-fé sempre terão espaço). Os árbitros, hoje, são meros prestadores de serviço das federações de futebol, sendo que a arbitragem sequer é a sua principal ocupação.

Ainda com relação a este tema, a Lei 12.867, de 2013, tentou regulamentar a profissão de árbitro de futebol no país. Apenas tentou! Isso porque os seus imprecisos termos a tornaram morta desde o nascimento, já que ela manteve a possibilidade de se entender que o juiz de futebol é apenas um prestador de serviço: é facultado aos árbitros de futebol prestar serviços às entidades de administração, às ligas e às entidades de prática da modalidade desportiva futebol”. É bom ressaltar que a Lei Pelé diz que os “apitantes” não são empregados das federações. Ou seja, mais uma lei ruim em um país de pífia atividade legislativa.

Mas não pensem que a ausência de profissionalização é um problema exclusivamente tupiniquim. Nos grandes centros europeus apenas a Inglaterra aderiu a ela, sendo que a Espanha, Itália e Alemanha ainda possuem árbitros amadores. Ou seja, esse é um problema atual em todo mundo e que deve ser debatido com urgência.

Estou entre aqueles que acreditam que a profissionalização ajudará, e muito, na melhoria da nossa arbitragem. Mesmo com o recolhimento dos valores da previdência social, dos direitos trabalhistas, dentre outros, o que aumentará o custo do futebol, fato é que a profissionalização, em um esporte que movimenta bilhões de dólares em todo o globo terrestre, é uma exigência sem igual no atual estágio do esporte. É óbvio que, particularmente no Brasil, há um forte lobby das federações que não desejam ver a sua folha de pagamento aumentando em razão da profissionalização. Mas, como sempre digo, se as federações estão contra a ideia é porque ela é boa pro futebol. Em resumo, FERJ e outras só pensam em si. Elas que se lasquem!

Outra questão que deve ser revista urgentemente é a possibilidade de o árbitro conceder entrevista após a partida. Beira o absurdo não podermos ouvir do próprio juiz porque ele resolveu o lance dessa ou daquela maneira. Parece que tal proibição tem a ver até com as exigências da TV: o árbitro é alguém muito criticado no jogo pelos próprios torcedores. Na verdade é odiado. Então, o ideal é que ele continue sendo objeto de ódio e que não tenha direito de resposta para manter as grandes audiências e a crítica sem resposta. Afinal, jornalista gosta de criticar mas não sabe receber crítica. Confesso que adoraria escutar do árbitro de quarta passada porque ele fez tanta “asneira”.

Enfim, é uma grande discussão e vale a pena olhar pra ela, porque nós, torcedores-consumidores, gastamos muito com o futebol e temos o direito de ver nosso dinheiro e a nossa paixão respeitados com boas decisões de arbitragem.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Soccerex e o Fluminense se apresentando com a camisa da Adidas? Essa Dryworld é uma lástima!
  1. Estamos somente a dois pontos do G4. Apesar da desconfiança inicial, começo a acreditar que dá. Pra cima deles!
  1. Contra a Sport, em casa, o Fluminense terá a obrigação de vencer. Se quisermos disputar vaga na Libertadores não podemos perder pontos como ocorreu com a Chape. Lugar de tricolor é em Edson Passos no próximo fim de semana.
  1. O rubroneca tá todo saltitante por causa da atual colocação. Por pouco tempo. Ficaremos na frente deles no final. Podem apostar.
  1. Vi hoje nos comentários de um grande site e achei sensacional (além de concordar): “o Corinthians deveria investir mais na base, afinal tem uma molecada por aí doida querendo ser árbitro de futebol”.

Por Evandro Ventura / Explosão Tricolor

Foto: Nelson Perez / Fluminense FC

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