Depois de três anos e quatro meses, voltamos às decisões




Estimados leitores. Quando terminou a partida de ontem, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi uma lembrança que não nos deixa a menor saudade: Wagner.

Se não fosse a saída dele, o Scarpa estaria por aí, jogando por RedBulls da vida. Inúmeros treinadores passaram pelo clube e não o enxergaram ou não o quiseram enxergar, à exceção do Enderson Moreira que, bem ou mal, deixou um excelente legado. O mesmo se diga em relação ao Marcos Júnior

Nenhum dos nossos maravilhosos “scouts” os visualizaram ali, mesmo nas Laranjeiras, sendo certo que perdemos muito tempo com “Lucas Gomes” da vida.

Fato é que com o Levir, o que para mim não é surpresa, já está mais do que evidente que quem estiver bem fisicamente e tecnicamente, vai jogar na boa. Quem estiver mal, vai sair na maior tranquilidade. E o nosso treinador, como já era de se esperar, não vai inventar moda, pois tem uma expertise impressionante de deixar todos os atletas jogarem nas suas respectivas posições, sem alterar as características de cada um, fazendo-os render, coletivamente. E isso não é para qualquer um.

O W. Silva já havia dado uma declaração informando que, ao longo de sua carreira, jogava tanto de lateral esquerdo, quando direito. O Levir foi o único que soube aproveitar bem isso, até porque o Giovanni não tem a mesma pegada ofensiva e defensiva. Mas isso é papo para o campeonato brasileiro, onde precisaremos de um lateral bom lateral esquerdo, nem que seja para ser reserva, pasmem, do W. Silva, que joga com a mesma eficiência em ambas laterais, lembrando os tempos de Paulo Cesar.

Chamo à atenção para outro ponto envolvendo o Gérson, porque o vendo jogar desde que o Levir assumiu o time, de duas, uma: ou o cara fez corpo mole porque estava prestes a ser vendido, ou os treinadores que antecederam o Levir Culpi, definitivamente, não sabem nada de Futebol.

O Gerson joga como o clássico camisa 10, na posição que jogava o Conca. Esse é o seu lugar, e não largado na ponta esquerda ou direita. Tanto é que vem fazendo gols, dando passes milimétricos, finalizando bem, marcando gols.

Particularmente sempre fui um dos maiores críticos do futebol do Gérson. Entrementes, estou começando a rever alguns pontos, pois existem treinadores que destroem o futebol e a reputação do jogador, colocando o atleta em posições que não tem nada a ver. E tem atletas que jogam mal, na maior ignomínia, só para derrubar treinador. Isso vem acontecendo no Fluminense a um bom tempo, e parece que acabou.

Destaque também para o Marcos Júnior, que eu vinha pegando no pé dele (com razão), pois o cara vivia de cabeça quente, tomando cartões amarelos inúteis, sendo expulso.

Com o Levir não; o cara ontem apanhou quieto: levou puxão, pisada, banda. Caía, levantava na boa: se foi falta, seguia em frente. Se não era nada, voltava para ajudar na marcação defensiva. Espero que ele seja sempre assim daqui para frente, pois a linha ofensiva com Scarpa, Gerson, Marcos Junior e Osvaldo, nessa reta final, poderá ser decisiva para o Fluminense, que ainda se reforçará, assim espero, com o Richarlisson, se voltar bem.

Teremos dois jogos decisivos contra Volta Redonda e Vasco, para o cara mostrar se também poderá participar doutra partida decisiva, na finalíssima contra o Atlético Paranaense, onde precisaremos de todos os jogadores bem fisicamente.

Como já havia falado, antes mesmo da chegada do nosso treinador, para mim não é nenhuma novidade a evolução do time e dos atletas, pois isso é mais do que comum com o Levir. O que mais me chama a atenção é a mudança de atitude e a evidente evolução técnica e física dos jogadores, mesmo submetidos a sucessivas viagens, ou reverso do chororô de outros treinadores cariocas.

O ponto nodal nessa história foi o resgate da nossa dignidade enquanto torcedor. Há quanto tempo não ficávamos na expectativa de ver o nosso time em campo? Foram três anos e quatro meses! O clima que fica no ar em razão dos jogos decisivos vindouros? Não sentia isso há muito tempo, pois uma coisa é chegar numa Copa do Brasil, aos trancos e barrancos. Outra é disputar praticamente duas finais num mês.

Ontem foi bem legal ver o estádio cheio, lembrando que a capacidade do mesmo é inferior a do nosso Estádio das Laranjeiras. E ae, precisamos de arenas suntuosas para 30, 40 mil pessoas? Nos apequenamos, por acaso, por havermos lotado em estádio com capacidade pequena? Não fizemos pressão; torcemos e Tombamos o time mineiro? Teríamos ao menos 15 mil pessoas no Maracanã, numa primeira rodada de Copa do Brasil? Essa foi a ratio da minha coluna anterior.

Retornando ao nosso bom momento, fato é que temos um time onde conhecemos e já sabemos de antemão quem entrará em campo.

Por derradeiro, nosso sistema defensivo, definitivamente se acertou, sendo que o Jonathan e o Pierre, quem diria, são jogadores completamente diferentes do que vimos em 2015.

Resta saber se o Edson e o Fred vão evoluir tecnicamente e, principalmente, fisicamente, pois o time está muito bem encaixado em campo, sendo evidente que esses dois atletas estão visivelmente destoantes dos demais jogadores. O FREDBALL, graças a Deus, não existe mais. Momento histórico ontem, aos 15:52 do 2º segundo tempo, vendo Fred, que não estava bem, sendo substituído pelo Magno Alves.

Passou o jogo inteiro pedindo bola, mas o os jogadores não se rendem mais o FREDBALL: estão passando e cruzando a bola para o jogador que estiver melhor posicionamento, seja ele meia, atacante ou lateral. Os gols de Marcos Junior e o anulado do Scarpa mostram bem isso. E por favor, entendam uma coisa: o fato do cara ser ídolo da torcida, não significa que temos que ficar refém da sua idolatria, até o fim da sua carreira, pois temos que nos preocupar em ganhar jogos, conquistar títulos, e não vivermos de gols do Fred. Ele sendo artilheiro, só ganha ele. Foi assim no Brasileiro de 2014: ele marcou 18 gols e ficamos na 6ª colocação. Ou vocês não prefeririam que ele marcasse 03 e tivéssemos vencido a competição?

Desde que o Fred entre em forma para contribuir e se adequar ao esquema tático do time montando pelo Levir, ok. Agora, sacrificar o time por causa dele, jamais. Ingratidão ao ídolo? Não, em hipótese alguma. Isso é amor ao meu Fluminense, sendo que nenhum jogador está acima dele, sendo ídolo ou não. Eu quero é ver até Cavalieri fazendo gols, se for para aumentarmos a nossa galeria de troféus.

Rápida Triangulação:

– Palmeiras interessado no Gum? Hummm; mandem o Egídyo e o Arouca.

– Desde a Copa São Paulo de Futebol Junior, o nosso meia-atacante Ramon já mostrou ser um dos “caras da velocidade” que tanto procuramos. Biotipo por demais semelhante ao do Romário, lembrando-o um futebol no início de carreira: baixinho, veloz, habilidoso, técnico, ágil, finaliza com os dois pés, bom passe. Olho nele Levir Culpi, porque o garoto é muito bom de bola. Olho nele, diretoria, para não correr o risco de ficar com os tradicionais 50% ou 60% dos direitos econômicos do jogador, como acontece com 99% dos nossos talentos de Xerém. Já está mais do que na hora de colocá-lo para fazer testes nos profissionais, pois se for craque mesmo, não descerá mais não. Aprendam com o Santos.

– Sport Clube do Recife priorizando a Copa Sul Americana; estão certíssimos e se eu fosse dirigente, faria o mesmo. Para quem interessar, a minha primeira coluna no “Explosão Tricolor” foi sobre esse tema: “Desvalorização daquilo que se deveria dar valor”. Resumidamente: Título Internacional (não dá para fica vivendo de 1952); vaga na Libertadores; vaga na RecopaSulAmericana; Copa Surugga (vencendo um, abre-se a oportunidade para vencer mais duas competições internacionais; ficar levando passeio do Mikey Mouse é Flórida, não dá para ficar só nisso). Copa do Brasil; título nacional (já temos), vaga na Libertadores.

Marcos Túlio / Explosão Tricolor

Foto: Nelson Perez / Fluminense Football Club