Pedro Antônio joga aberto sobre reembolso do CT, rivalidade e projetos para gerar receita ao Fluminense




O vice-presidente de projetos especiais do Fluminense, Pedro Antônio, concedeu uma longa entrevista ao jornal “LANCE!”. O jornalista Igor Siqueira algumas perguntas ao dirigente tricolor, entre elas, o reembolso do capital colocado por ele na obra do CT, rivalidade e projetos para gerar receita ao clube. Confira a íntegra da entrevista:

O presidente Pedro Abad te fez alguma promessa em relação aos valores que o Fluminense tem que te reembolsar?
Não tem promessa pessoal, tem o compromisso do Fluminense de reembolsar. Logicamente viemos sustentando o processo ao longo desse um ano e meio. Ele está tomando pé da situação financeira. Vai analisar, não me deu data específica. Tem a preocupação, porque eu já estourei o limite que estava acordado com o Fluminense. Acho que nos próximos dias ele vai dar alguma posição.

Sente algum tipo de desconforto com essa dívida do clube e, ao mesmo tempo, constrangimento por parte da diretoria?
O que mais me entristece é que o sistema financeiro do futebol que não permite pegar um empréstimo para pagar em 30, 50 anos como é lá fora. Para comprar uma casa, se você tem um salário equilibrado, é só ir na Caixa Econômica. O futebol vem maculado pela má gestão financeira e tributária, que traz ainda portas fechadas para financiamentos de construções a longo prazo. O que mais me entristece é isso. Não é o Fluminense não ter tido recursos. Não fui o único responsável pela construção, ela foi conjugada com a venda de jogadores. O presidente Peter Siemsen foi alocando os recursos em outros projetos, é uma decisão do presidente. Eu não me arrependo do que fiz. Quero prosseguir. Não me arrependo de ter alocado esses recursos. Tive algumas ideias, conversando com Abad, para buscarmos recursos a longo prazo.

Quais alternativas para arrecadação entende que podem ser aplicadas?
Têm três alicerces. Um é atuação do marketing, cabe a ele complementar. Os últimos anos têm sido atípicos para o futebol carioca pela falta de estádios, com Copa e Olimpíada. O torcedor não vê vantagem em ser sócio porque não tem jogos locais. Isso gera aumento de custo com o Fluminense viajando. Tem o lado motivacional também, que é trazido com o resultado esportivo. Espero melhores resultados, que trazem mais gente ao estádio, mais receita, mais camisas vendidas. É uma bola de neve.

E os outros dois?
Busca de doadores. Estamos pensando em um projeto de nominar os quartos com doadores. Acredito que podemos ter 10 quartos com nome de doadores. A terceira opção é a busca de financiamentos a longo prazo. Quem sabe o BNDES. E até mesmo a CBF, que já emprestou por necessidade a alguns clubes, salvou o Fluminense quando o presidente Peter assumiu com um empréstimo. Acredito que vai ter solução. O torcedor fica mal acostumado com o formigueiro de gente trabalhando no CT.

A pasta “projetos especiais” envolve estádios também? Ou eventual apoio para contratação de jogadores?
A parte do Maracanã eu não participo. Sou vice de projetos especiais. Um vice-presidente de encrencas. O presidente já me chamou para desafios interessantes, que foi montar a equipe do Abel Braga. Foi interessante pensar as ideias com o Abel. Foi uma conquista. Meu presente de Natal foi ter o Abel para 2017. O Fluminense tem uma equipe de futebol definida. Mas se precisar de alguma ajuda minha, seja para limpar piscina ou ajudar em negociação, estou aberto.

A criança aprende a andar caindo e tropeçando. Depois da saída da Unimed, não seria melhor para o Fluminense tentar caminhar com as próprias pernas?
Eu discordo. Sua visão está errada. A Unimed foi um grande patrocinador. Todos os times do mundo, de ponta, têm patrocinadores. Por que? Faz parte da composição de receitas, para poder ter investimentos e obter o resultado esperado. E é ótima oportunidade dos patrocinadores para divulgar marcas e ganhar visibilidade. É via de mão dupla. Não rema só para um lado. Quem dera que a Unimed pudesse ter continuado e que tivéssemos mais empresas para investir no Flu.

Vê uma competitividade entre os clubes por melhor estrutura?
É importante ter essa competição Fla e Flu. Isso motiva. O Bandeira de Mello não quis ficar atrás. O Vasco deve ter isso também. Eu teria prazer de receber os clubes para trocar informações. Não foi criado um CT do nada. A inteligência está em somar conhecimentos e não sair da estaca zero. É importante para o futebol.