Precisamos falar sobre Abel Ferreira




Abel Ferreira (Foto: Cesar Greco / Palmeiras)

Precisamos falar sobre Abel Ferreira (por Lindinor Larangeira)

Sem constrangimento ou qualquer tipo de dúvida, um homem interrompe uma mulher para explicar o que ela própria iria dizer, por desdém ou por hábito. Isso tem nome: é manterrupting. Essa prática, machista, arrogante e hostil, voltou ao noticiário após a tranquila vitória do Palmeiras, por cinco a zero, contra o Cuiabá, na coletiva do treinador Abel Ferreira.

Como torcedor, e, sobretudo, como jornalista, confesso que me incomodou muito a atitude deseducada, deselegante, grosseira, arrogante e prepotente do ótimo técnico, mas que me parece não ser um ser humano tão ótimo assim.

Esperava uma resposta mais clara do profissional, repito, dos melhores do futebol brasileiro. A correta e competente repórter, Alinne Fanelli, da rádio BandNews FM, merecia um pedido de desculpas mais esclarecedor de Abel Ferreira.

Mas como a resposta apenas aprofunda ainda mais a deselegância do treinador mais vencedor da gloriosa história do Palmeiras, que superou em conquistas o lendário Oswaldo Brandão, deixo aqui a minha solidariedade a colega Alinne, reproduzindo, na íntegra, a nota da jornalista, publicada domingo à noite, nas suas redes sociais.

“Atitude infeliz.” Foi muito mais do que isso, meu caro Abel. Não somente você me decepcionou. O Palmeiras, um dos clubes mais tradicionais e vencedores do futebol brasileiro, e que tem uma mulher como presidente, não ter se manifestado sobre o lamentável episódio, é algo bastante triste.
Sobre o treinador, pode até ser mais vencedor do que Oswaldo Brandão. Mas nunca poderá ser chamado de “Mestre”, ou “Lendário”. Nunca será ídolo de duas torcidas da expressão de Corinthians e Palmeiras.

Pelo comportamento pouco educado e equilibrado, se desqualifica como alternativa ao comanda da seleção brasileira. E, acredito, também, do selecionado português.

Na próxima coletiva do treinador, os veículos de imprensa, todos eles, deveriam escalar apenas jornalistas mulheres para entrevistar Abel Ferreira. Seria uma excelente resposta a alguém que, parece não saber conviver, de modo saudável e civilizado, com críticas e questionamentos. Leia a nota completa da repórter Alline Fanneli

“Oi gente! Passando aqui com mais calma agora para agradecer todas as mensagens de apoio, carinho e acolhimento que eu tenho recebido sem parar desde ontem. Agradecer também o apoio incondicional da Rádio BandNews FM e do Grupo Bandeirantes de Comunicação, desde o primeiro momento, com posicionamento público e empatia diante da situação.

No momento em que fiz minha pergunta, eu iria fazer dois questionamentos, um sobre o Mayke e outro sobre a convocação do Estêvão. Como houve o início de uma resposta, parei de falar por respeito ao entrevistado. Quando as palavras começaram a ser ditas, confesso que não soube como reagir e apenas pensei em focar na finalização do meu trabalho.

Deixando o estádio, tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas, inclusive, com o técnico Abel Ferreira.

Saio deste episódio triste, porque nunca passei por uma experiência desagradável como essa em 17 anos de profissão, mas me sentindo fortalecida como profissional e, principalmente, como mulher. O apoio e o acolhimento recebidos têm sido fundamentais para mim neste momento.”

PS1: Viva o grande Oswaldo Brandão, o “Mestre”.

PS2: Presidente Leila, estamos aguardando o seu posicionamento e o do clube.

PS3: Desculpe, Abel Ferreira, mas, em minha opinião, o melhor treinador em atividade no futebol brasileiro é o argentino Juan Pablo Vojvoda.

PS4: Mudando de treinador, parece que Dorival não gosta de camisas 10. Convocar um monte de volantes e não chamar Matheus Pereira, do Cruzeiro, ou PH Ganso, é um crime de lesa-futebol.

PS5: Se você achou a ideia de coletiva 100% feminina muito boa, a sugestão é boa mesmo. E, parafraseando Ferreira (evidentemente, com ironia), é de uma das três mulheres a quem devo satisfação: a minha esposa. As outras duas são a minha filha e a presidente da empresa em que trabalho. Eu e Abel, além de amarmos o futebol (por óbvio, ele entende muito mais do que eu), temos outras coisas em comum…

PS6: Minha total solidariedade a colega Alline Fanneli.

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