ENTREVISTA – Renato Gaúcho celebra os 20 anos do gol de barriga que faz a torcida do Fla chorar até hoje




Vinte anos se passaram desde que Renato Gaúcho marcou um dos gols mais lembrados de sua carreira na final do campeonato carioca de 1995. De barriga, ele desviou a bola para o fundo do gol do Flamengo e garantiu o 28º título estadual do Fluminense. O ex-atacante, que já tinha feito muita história pelo Grêmio e pelo próprio Flamengo, entrou ali para a galeria dos grandes ídolos tricolores e lembra, nesta conversa com o Esporte Espetacular, a importância do gol além de explicar as razões da torcida do Flu não esquecer o lance em que Aílton recebe, dribla Charles e chuta, a bola desvia na barriga de Renato e morre no fundo da rede de Roger.

Confira os melhores momentos da entrevista abaixo:

E a repercussão mesmo vinte anos depois?  

– Escuto até hoje. No lado da torcida do Fluminense elogios, fotos com a mão na barriga, essa barriga famosa e tal, sempre elogiando. E no lado do Flamengo sempre a mesma coisa, a cobrança; “Pô… como você faz aquele gol de barriga no Flamengo no ano do centenário?”. São  coisas que acontecem.

A barriga e o assédio da torcida

– Sempre me cuidei e como me cuidava naquela época, cuido agora. Nunca tive tendência para engordar, continuo fazendo exercício, jogando meu futevôlei. Minha barriga continua a mesma, pode ter certeza. Não tão durinha como naquela época, mas continua a mesma. A maioria dos torcedores quando vem fazer fotos pedem para tocar na barriga, levantar a camisa pra tirar foto, então torcedor sabe que ela tá ainda em boas condições.

Já tinha visto algum gol de barriga no futebol pelo mundo?

– Sinceramente não, nunca tinha visto. Então a barriga ficou famosa!

Foi um gol estranho?

– Sem dúvida alguma foi um gol bastante estranho. Você não vê um gol de barriga a toda hora e até então eu nunca tinha visto. E da maneira que foi: a jogada do Ailton, uma jogada espetacular, ele tirou o Charles pra dançar e o Charles gostou da música. E a bola ia praticamente sair na lateral, mas no meio do caminho eu tive o reflexo de tirar os braços pra que não pegasse, seria falta, e pegou na barriga e entrou. Tive o reflexo muito rápido de tirar o braço, a bola poderia, de repente, só raspar na barriga e ter passado direto. Feio é não fazer gol. Gol é gol. Torcedor quer gol. É que tinha que acontecer. Foi um gol praticamente espírita.

Estava impedido?

– Depois você vê que logo que eu faço o gol eu olho para o lado, para o bandeirinha e vi que ele correu pro meio de campo. E se correu é porque foi legítimo. Muita gente até hoje fala: “ah, foi de braço”. O Zico mesmo me cobra isso. Me perturba todas as vezes que cruzo com ele ele fala: “pô aquele gol pegou no braço do Renato”. Digo: “não, não pegou no braço”. Foi legítimo, a imagem tá aí pra não deixar mentir. Mesmo que tivesse pego no braço, que não pegou, foi, já era, tá na súmula, 3 a 2, foi o título, então… mas a bola pegou na barriga mesmo.

E a importância de vencer o Fla de Romário?

– O Flamengo naquela época tinha um timaço. Tinha como você falou o Romário, que tinha sido eleito o melhor jogador da Copa do Mundo, merecidamente. E com a ajuda da torcida a gente conquistou esse campeonato em cima do Flamengo, em cima do melhor jogador da Copa do Mundo, então sem dúvida alguma valorizou ainda mais nosso título.

Seu nome entrou para a história do Flu?

– Não adianta você jogar dez anos, doze, cinco num clube e não botar o seu nome nesse clube. Nós marcamos nossos nomes com esse titulo. Está na historia do clube e a historia ninguém apaga.

Qual a emoção de vestir a camisa do Fluminense de novo?

– Emoção muito grande, a gente volta um pouco no passado e lembra o que aconteceu no Maracanã naquela data histórica, da maneira que aconteceram as coisas.

Em que momentos você se lembra daquele jogo?

– Todos os dias. Na hora da foto, eu lembro do jogo, na cobrança do flamenguista eu lembro daquele jogo, quando estou trabalhando no Maracanã não tem como não lembrar. Quando visito o Maracanã também não tem como não lembrar, de vez em quando ligo a televisão, aparece alguma coisa de qualquer Fla-Flu não tem como não lembrar. Às vezes aparece o gol, não tem como não lembrar. São coisas que não saem da cabeça, mesmo que eu quisesse. Não teve mais nenhum Fla-Flu decisivo no campeonato estadual, esse foi o último. Toda vez que você fala em campeonato estadual lembra daquele Fla-Flu.

Quais as lembranças daquele dia?

 – Para mim foi uma data marcante, foi mais um titulo que eu ajudei a dar pra um clube, Então eu fico feliz e ao mesmo tempo um pouco arrepiado, porque vem na mente tudo aquilo que aconteceu naquele dia e nem poderia ser diferente, é uma coisa muito marcante.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Globoesporte / Foto: Luiz Morier / Ag. Estado