
O atacante Magno Alves concedeu entrevista ao blog Extracampo, do jornal Extra, comandado pela jornalista Marluci Martins. O Magnata comentou sobre vários assuntos, entre eles, a decisão de abandonar de vez o futebol, quando pendurar as chuteiras. Segundo o veterano o atacante, o futebol é um meio “cheio de gente sem-vergonha”. Confira abaixo!
Pretende jogar até que idade?
Magno Alves: A princípio, até 42, 43… Não adianta empurrar muito… Se não, daqui a pouco você está lá pra Olaria, dizendo que quer chegar a mil gols.
O que mudou no Magno de 40 anos em relação à juventude?
Magno Alves: Minha característica é a velocidade. Caí um pouco, é normal, mas nem tanto. A queda foi mínima.
Mas, no jogo passado, contra o Volta Redonda, o Levir Culpi se desculpou, dizendo que não estava combinado que você jogaria os 90 minutos…
Magno Alves: Se ele me pergunta, eu digo que aguento, tanto que joguei. Mas, há quanto tempo eu não jogava uma partida de 90 minutos?
Há preconceito contra o jogador quarentão?
Magno Alves: Sim, principalmente nos clubes. Querem investir em jogadores de 18, 20 anos, por causa da projeção. Só que existem raridades como eu e o Zé Roberto (do Palmeiras). É cultural. Nem de Magnata me chamam mais. Nem de Magno Alves. Só falam em “quarentão”. Estou aí para deixar as pessoas com a pulga atrás da orelha. Não estou me arrastando.
É a primeira vez em que convive com o banco?
Magno Alves: Aconteceu em 99, com a vinda do Túlio. E em 2002, quando o Romário chegou. Mas não como agora…
É difícil?
Magno Alves: Vejo como um teste da vida. Preciso me superar e provar para mim mesmo. Com 40 anos, corro mais que muitos jovens. É por isso que me revolto e não paro. Tem muito preguiçoso no futebol. Isso me dá força. Fico achando que vou aguentar até os 45 anos.
Você é o 10º artilheiro da história do Fluminense, ao lado do Ézio, com 119 gols. Com mais cinco, empata com o Washington. Com mais nove, encosta no Preguinho, oitavo artilheiro…
Magno Alves: Nove? É possível, né?
Aos 35 anos, Ricardo Oliveira está na seleção. O nível dos atacantes é ruim?
Magno Alves: Hoje não é como antes. Havia mais comprometimento.
Neymar está comprometido?
Magno Alves: Ele foi pra festa? Qual é o problema? Cada um tem sua vida, desde que jogue… Pode beber tudo, fazer o que quiser fora de campo, desde que corra. Tem que arcar com as consequências.
Ele está em que patamar no mundo?
Magno Alves: Tem que amadurecer ainda. Vejo à frente dele o Cristiano Ronaldo, o Messi, o Suarez, o Ibrahimovic…
Quem é o melhor atacante do mundo?
Magno Alves: É o Messi, disparado.
Entre os jogadores em atividade, você, o Messi e o Cristiano Ronaldo são os artilheiros com maior número de gols. Acha que os dois já ouviram falar de você?
Magno Alves: O Messi já dever ter perguntado pro Neymar. E o Cristiano deve ter perguntado pro Marcelo, que avisou: “É um cara do Fluzão, onde eu joguei” (risos). E essa nossa conversa daqui a pouco chega lá no Japão. Hoje em dia, é tudo assim.
Você usa redes sociais?
Magno Alves: O Facebook, mas sem vício. Eu uso. Não deixo ele me usar.
O que vai fazer quando se aposentar?
Magno Alves: Eu queria cair fora do meio do futebol. Isso me deu status, fama, uma vida. Mas é um meio sujo, cheio de traíras e de gente sem-vergonha.
Houve alguma trairagem com você?
Magno Alves: A sinceridade machuca. Não vejo isso diretamente contra mim. Ocorre com todos. Tem coisas que a gente quer falar no futebol, mas tem medo. É um meio de muita politicagem. Mas eu nunca tive problema com ninguém.
Fez mais amigos do que inimigos no futebol?
Magno Alves: Não sou de criar confusão. Só fui expulso uma vez, contra o Palmeiras.
Qual foi o principal craque com quem jogou?
Magno Alves: Romário, e, sem querer puxar o saco, o Fred… Posso dizer que joguei com o Ronaldinho… E quem não quer dizer, no fim da carreira, que teve o privilégio de jogar com o Ronaldinho?
Vai ficar triste quando parar?
Magno Alves: Eu tenho cabeça. São 23 anos fora de casa.
Se o Fred fosse embora, você teria mais chances de ser titular. E agora?
Magno Alves: Tenho felicidade porque voltei a jogar uma partida inteira (contra o Volta Redonda). Não acho que seja a mesma posição. Não me sinto um centroavante. Além disso, assim como tive minha oportunidade, acho que ele não vai jogar as partidas inteiras. Penso no grupo. É bom para a gente que ele permaneça.
Você é amigo do Fred?
Magno Alves: Ah, esse negócio de amigo… O que é ser amigo? Eu me sinto… Me sinto amigo das pessoas. O contrário eu não sei.
Por Explosão Tricolor / Fonte: Extra / Foto: Fluminense FC
