O preço da instabilidade. De quem é a conta?




Estimados leitores. Optei por quedar-me silente desde a última coluna que redigi aqui no Explosão Tricolor, para melhor avaliar a nossa sequência de jogos aqui no Rio de Janeiro, desprovido de qualquer conteúdo emotivo ou passional, até porque, frente a um time tão esquizofrênico e instável quanto o nosso, o melhor a se fazer, ao menos para mim que tenho como premissa lógica ser transparente com todos vocês que honram-me com a leitura dos meus posts, é analisar detidamente todo um contexto, sem “caçar às bruxas”, procurando responsável X ou Y, para cada viés insatisfatório, e sim, demonstrar no que efetivamente erramos.

Pois bem. Uma premissa que ouso trazer à baila à vocês é a seguinte: no Fluminense, o critério é não ter critério, e a culpa dessa máxima, que gerou toda essa instabilidade no nosso time após a conquista da Primeira Liga, deixando essa “conta”, que já visualizo como uma “fatura a ser quitada antes de 2017” vindouro, sem sombra de dúvidas, é da Diretoria, do Treinador e do Elenco, de maneira eminentemente equilibrada e com responsabilidades equânimes.

Explico. No que diz respeito à Diretoria:

1º – demoraram a trazer reforços, pois, como sempre digo, nem toda contratação é reforço, sendo que a bola dentro foi trazer o Wellington e o Marquinhos que, mesmo não estando na melhor forma, conferiram um verdadeiro upgrade no time. Nos colocaram noutro patamar;

2º – irresponsavelmente, levaram séculos para definir Edson Passos como nossa casa para a temporada, fator este que, inelidivelmente, comprometeu a nossa campanha nesse Brasileiro de 2016 que, mesmo com um time instável como o nosso, diante do nivelamento por baixo dos times esse ano, poderíamos estar noutro patamar (perder para a Chapecoense e para o Vasco, encaro como carma e problema espiritual: nem no par ou impar derrotamos os caras, em geral). O fator casa fez, com ainda faz, diferença para todas as equipes que estão entre os dez primeiros da competição;

3º – vergonhosamente, são condescendentes com empresários, sempre fazendo renovação com atletas de perfil técnicos duvidosos e estatisticamente abaixo do padrão mínimo competitivo que tem que existir no Fluminense Football Club. Esses atletas, que foram emprestados para multifários clubes das mais diversas divisões, não deram, como não darão, retorno técnico algum ao time e, ainda assim, foram reincorporados ao Fluminense para compor o elenco. Não gosto de fazer críticas pessoais, tampouco perseguir jogador, mas sigo critério objetivos e estatísticos: Pierre, Samuel, Igor Julião, Ayrton. Tiveram todas as oportunidades do mundo, entraram inúmeras vezes, tanto começando como titular, quanto como reservas no decorrer de uma partida. Não corresponderam. Não vão corresponder. Culpa de quem os mantém no elenco e exigem a entrada dos mesmos durante a competição. W Matheus, Henrique Dourado, Danilinho, Claudio Aquino: acabaram de chegar, temos até o final do carioca de 2017 para darmos um parecer final. Injusto fazer qualquer prognóstico neste momento. Osvaldo: lamentavelmente, não deu certo. Azar o nosso; o cara tinha um histórico que convencia o esforço na sua contratação. A diretoria optou por mantê-lo no grupo, para ser reserva do Maranhão, vendo que o cara não estava rendendo. Continuam errando e gastando mal.

Em relação ao Treinador:

1º – Como todos já sabem, sempre fui fã do Levir, sendo que quando ele chegou, cravei aqui no Explosão Tricolor a certeza de que levantaríamos ao menos uma taça esse ano. Levantamos a Primeira Liga. Tive o feeling para tanto naquela ocasião, e graças a Deus, o título veio. Após a conquista, o nosso treinador vinha fazendo milagres com os jogadores que tinha nas mãos, comandando um elenco frágil e com jogadores descompromissados e limitados. Vieram os reforços de verdade. Ajustou um time instável, com novos atletas de performance mais consagrada, buscando uma evolução. Porém, muito embora sempre tenha pregado o discurso de que “a meta era mexer o menos possível no time, buscando repetir as escalações, sem mudar a estrutura tática”, sabe-se lá o porquê (a bem da verdade, pelas declarações que ele deu nos últimos dias, frente ao silêncio da diretoria, podemos constatar que a diretoria, de fato, é a maior responsável por tudo o que está acontecendo, vez que o Levir, às escâncaras, está apenas chancelando as suas vontades), começou a não ter mais critério nas sua próprias convicções. Provas: Henrique Dourado era o Centroavante. Vinha fazendo gols; de repente o cara vai para o banco do nada. Vem a partida contra o Botafogo. Cansamos de visualizar que Douglas e Cícero ou Edson e Douglas, ou Edson e Cícero, como duplas de volantes, sempre nos deram maiores alegrias e bons resultados. Aí vem o Levir e ressuscita o Pierre, enfiador de cacete nos adversários, recordista de cartão amarelo porque sempre chega atrasado e, de quebra, num passe de mágica, escala o poderoso Samuel, que não marca um gol desde a partida entre Goiás e Flamengo, no ataque. Perdemos o jogo. Óbvio resultado.

2º – Contra o Atlético Mineiro, do nada nos deparamos com Danilinho de centroavante, sendo certo que, no segundo tempo, Magno Alves fez a melhor partida com a camisa tricolor. Relembrando que, contra o Palmeiras, quando estávamos perdendo por 2 a O, veio o Levir e jogou o Cláudio Aquino na fogueira naquele jogo, sendo que, até hoje, nunca mais vimos o cara. Essa loucura não condiz com a maneira que o Levir pensa o Futebol taticamente. Se ele disser que sim, que as escolhas foram exclusivamente dele, sem influência de qualquer exigência da diretoria ou empresário de plantão, passo a defender com denodo o retorno do Abel Braga que, junto com Muricy e Cuca, na história recente, parece que foram os únicos treinadores que, efetivamente, escalavam os jogadores que bem entendiam, sem influência externa.

Por derradeiro, no tocante ao Elenco:

1º – Pessoal, muito complicado montar um time para disputar um segundo turno de Campeonato Brasileiro, ainda mais sem casa definida. É bem verdade que mesmo frente a total falta de planejamento dos clubes, quando se abre a janela de transferência no meio do ano, contratações pontuais podem fazer a diferença na competição. Mas isso em regra não acontece. No nossos caso, Wellington e Marquinhos vem mostrando, no campo e nos treinamentos, que foram ótimas contratações e que, junto com Orejuela e Sornoza em 2017, acrescido de mais algumas contratações pontuais, caso ocorram ao menos até antes do término da Rubensliga 2017, podem nos deixar num padrão de competitividade bem mais elevado do que o atual;

2º – Muito fácil colocar na conta do treinador, mas vamos lá: jogadores como Marcos Júnior, Douglas, W Silva, Henrique, Edson, Pierre, Gum, Cícero, Maranhão, Danilinho, Osvaldo, Henrique Dourado, W Matheus, Ayrton, Maranhão, Igor Julião: quem vêm notando regularidade? Quem mantém um mínimo de produtividade sem comprometer, tecnicamente e taticamente, as necessidades que cada confronto exige? E nos treinamentos, no dia-a-dia? Ou seja, à exceção do Scarpa, do Wellington, do Marquinhos e do Magno Alves, que vem notando uma regularidade quando o time corresponde de forma equilibrada, não vejo mais ninguém com o mínimo de produtividade realizado por esses atletas. Resultado: estamos onde estamos, oscilando, de forma irregular, esquizofrênica.

É o preço da instabilidade que todo time que não disputa, efetivamente, o campeonato, paga. E a conta? É da Diretoria, do Técnico e do próprio Elenco.

Chegou a hora de planejar, com denodo, 2017, que já está aí batendo as portas.

Continuo achando que a briga pelo G-04 está em aberto, pois o Grêmio é o maior exemplo de instabilidade, assim como o Corinthians, embora particularmente, pelo viés racional, vislumbre que a 04ª Vaga do G-04 ficará com o Santos.

Ainda assim, vamos que vamos, para o efeito de garantirmos um 2017 melhor. Bem ou mal, temos 02 contratações de peso: Orejuela e Sornoza. Precisamos de laterais direito, esquerdo e mais um bom volante e um atacante, partindo da premissa de que Scarpa continuará no elenco.

Minha barca: Samuel, Ayrton, Igor Julião, Osvaldo, Pierre, Gum, Dudu, W Matheus, W Silva. Jonathan? Se resolver seu problema crônico, renovaria. Higor Leite e demais emprestados: um abraço, sejam felizes noutro clube. Não deram esse ano. Não darão em 2017.  

Rápida Triangulação:

– Demissão do Levir Culpi nessa altura do campeonato para contratação do Roger? Sou contra. No Fluminense o Roger não duraria até maio de 2017. Só dispensaria o Levir antes do término de 2016 para trazer o Abel que, ao que parece, está livre no mercado. Fora isso, manteria o treinador até dezembro, pois falta pouco para nos livramos de qualquer fantasma. Com o que temos, dá para tranquilizar, com folga, ainda mais em ano de eleição.

– fla-FLU que deveria ser realizado em Edson Passos, com torcida única do Fluminense, pela lógica do regulamento. Ih, não vai ser? Pois é, galera. Ainda tem loucos por aí que defendem “parceria” com o nosso maior rival e, agasalhando ao absurdo, ainda sugerem uma “gestão compartilhada do Maracanã”. Aos que assim pensam, querem o quê; ver o Fluminense no inferno novamente? Não dá. Nunca dará. Impossível. Não aceito qualquer tipo de aproximação, pois, como já disse e continuarei a dizer, sistematicamente, o Fluminense nunca levou vantagem alguma nessas “parcerias”. Papelão da diretoria. Vergonha.

– Chapecoense: galera, o problema é espiritual mesmo. Que zica!

Por Marcos Túlio / Explosão Tricolor

Foto: Nelson Perez / Fluminense FC 

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