Próximo de poder assinar pré-contrato, Maicon Bolt não descarta retornar ao Brasil. Confira a entrevista completa!




Após pouco mais de seis anos, o atacante Maicon Bolt está perto de terminar seu contrato com o Lokomotiv Moscou. A partir de janeiro de 2017, o jogador, cria de Xerém, poderá assinar pré-contrato com outro clube. Mas, diante da relação de carinho que criou com sua equipe, nem cogita uma saída pela porta dos fundos. Apontado como um dos melhores parceiros de Fred no Flu, ele reconhece que em outras ocasiões já conversou com o Fluminense sobre uma possível volta, mas que não houve acordo.

– Não posso descartar voltar ao Brasil também. Seria legal. Vejo muitos que voltaram depois de muitos anos na Europa e chegaram na seleção brasileira, como o Renato Augusto. Isso me dá força para sonhar – disse o atacante, atualmente com 26 anos, que viajará de férias ao Brasil em dezembro.

Confira a íntegra da entrevista:

Seu contrato termina em junho de 2017, mas a partir de janeiro você já pode assinar pré-contrato com outro clube. Chegou a hora de deixar o Lokomotiv depois de seis temporadas?

Maicon: Sempre gosto muito de respeitar os clubes. Meu pensamento está voltado para cá, para cumprir meu contrato. Não estou pensando em assinar pré-contrato agora, acho falta de respeito. Quero esperar um posicionamento do Lokomotiv, saber o que eles pensam, se desejam que eu fique mais tempo ou não. Vi esse caso do Roger, da Ponte Preta, que assinou pré-contrato (com o Botafogo). Chateia o clube, e não posso fazer sacanagem com o Lokomotiv.

Nestes seis anos já esteve muito perto de sair alguma vez?

Maicon: Sim, foi em 2012 ou 2013, não lembro exatamente. Eu estava triste, não estava jogando e não tinha a confiança do treinador. Achei que era o momento de voltar. Chegou bem próximo. Tive uma sondagem do Fluminense. O clube me procurou bastante, mas sempre tem algo que impede. Lembro que faltava dois dias para o fim da janela. Mas depois acabou que o técnico foi embora e voltei a jogar novamente.

Qual seu desejo para o futuro? Jogar em alguma liga maior, voltar para o Brasil…?

Maicon: O meu pensamento é chegar em uma grande liga, como da Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália… Minha meta é essa. Mas não posso reclamar porque estou em um grande clube, que fez muito por mim. Mas não posso descartar voltar ao Brasil também. Seria legal. Vejo muitos que voltaram depois de muitos anos na Europa e chegaram na seleção brasileira, como o Renato Augusto. Isso me dá força para sonhar.

Atualmente a Rússia é tão atrativa economicamente para os atletas quanto na época em que você se transferiu?

Maicon: Hoje em dia está menos, por causa da crise no país. Os times estão investindo menos, mas ainda sim é melhor do que o Brasil nessa parte financeira.

Depois de tanto tempo no país, já se considera um “local”?

Maicon: Vou completar sete anos de Rússia em março. Estou totalmente adaptado com o idioma, com o frio, com a cultura… para mim já era normal. As dificuldades já foram superadas. O país me fez crescer como pessoa, me ensinou muito.

Você fala russo fluentemente?

Maicon: O jogador quando chega tem que estudar para aprender o idioma. Na minha época, eu ficava muito cansado por causa do fuso horário e só queria dormir depois do treino. Não estudei muito, acabei pegando mais no dia a dia, nos treinos. Tínhamos tradutor. Hoje em dia não sou fluente, mas entendo tudo, me comunico, dou entrevista em russo.

No início foi muito complicado viver em um lugar tão diferente do que você estava acostumado?

Maicon: Quando cheguei, nos primeiros cinco meses eu queria voltar. Lembro de quando o avião pousou e tinha neve até quase da altura da janela. Era um frio tremendo. Eu parava para pensar… Foi difícil, mas o que me ajudou foi que tinham outros brasileiros, o Rodolfo (ex-Flu), Guilherme (goleiro, ex-Furacão), Charles (ex-Cruzeiro) e Wagner (ex-Flu). Isso foi bom para mim.

Porque a maioria dos brasileiros não fica muito tempo nos países do leste europeu?

Maicon: Os jogadores brasileiros que saem do Brasil em alta não entendem que precisam buscar espaço quando chegam aqui. É tudo diferente. Os primeiros cinco meses foram complicados. Passei sufoco, mas não poderia voltar rápido porque me sentiria fracassado, perdedor.

Já tentaram te convencer a se naturalizar e defender a seleção russa, assim como aconteceu com o seu companheiro brasileiro Guilherme Marinato (goleiro, ex-Atlético-PR)?

Maicon: Eu não posso jogar pela Rússia porque já joguei mundial sub-20 pelo Brasil. Meu sonho é conseguir defender o Brasil. O Giuliano joga aqui na Rússia e foi convocado. Tenho esperança.

O Lokomotiv não está com uma boa campanha no Campeonato Russo – 11º lugar. O que aconteceu? E como está sua participação na equipe?

Maicon: O time começou mal esse ano, com muitos empates e derrotas. Houve troca de presidência, diretoria… O técnico que assumiu foi o mesmo que me trouxe em 2010 e, assim que ele voltou, eu estava retornando de uma lesão grave, fiquei seis meses parado. Mas ele me chamou para conversar, me deu confiança, e comecei a jogar. Nos últimos quatro jogos fiz quatro gols.

Estando tão longe do Brasil, como fica a relação com o Fluminense? Consegue acompanhar os jogos e as notícias?

Maicon: Sou tricolor. Sempre quando posso acompanho os jogos do Fluminense. Estou ligado sempre. Só não dá quando é muito tarde, no meio da semana.

Ainda lembra bem daquela recuperação impressionante no Brasileiro de 2009?

Maicon: Às vezes fico vendo os vídeos, lembro dos momentos difíceis. Há algum tempo postaram um vídeo de uma vitória sobre o Cruzeiro (3 a 2 de virada para o Flu). Gosto de ver o que conseguimos fazer em 2009. Naquele momento eu não tinha noção, só queria jogar.

O apelido Bolt pegou aí na Rússia?

Maicon: Não pegou. Chamam mais pelo nome ou sobrenome. Aqui sou só Maicon.

Por Explosão Tricolor / Fonte: GloboEsporte.com / Foto: Divulgação

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