Organizadas e a violência patrocinada pelos clubes




Aos poucos o time de Abel Braga vai ganhando a torcida tricolor. Conhecidos por seu ceticismo, os torcedores do Fluminense ganharam as redes sociais como há muito tempo não se via e o que se nota é empolgação de todo lado. Não são poucos os comentários de tricolores, nas mais diversas mídias, enaltecendo o bom começo de temporada do time.

Contudo, o futebol brasileiro possui um tema que lhe é irmão gêmeo e sempre divide o espaço na mídia nacional e internacional: a violência. Muito mais do que um evento isolado em que as manchetes dos jornais falam com uma certa dose surpresa, a criminalidade em torno do futebol é figurinha carimbada em quase toda segunda-feira pós rodada dos mais diversos campeonatos. A mídia noticia e os âncoras dos respectivos programas sempre começam a frase lamentando o episódio e dizendo que isso já é corriqueiro em nosso meio.

Dessa vez tivemos um grave acontecimento envolvendo o torcedor tricolor Pedro Lucas Scudieri, membro da Bravo 52. Conforme informação do jornalista Mauro Cézar Pereira, Scudieri foi atacado com uma barra de ferro em um ponto de ônibus quando voltava do jogo de domingo à noite. Ainda segundo o jornalista, o jovem de 23 anos está internado em estado grave no Hospital do Amparo. O Fluminense mandou uma equipe médica ao local para acompanhar o caso. Graças a Deus que a cirurgia da tarde desta segunda foi um sucesso.

Causa extrema revolta notícias como essa. Afinal de contas, a quem pertence o futebol? Aos legítimos torcedores que pagam seu ingresso e fazem questão de acompanhar o dia-a-dia do clube de forma pacífica ou a meia dúzia de vândalos que se multiplicam pela violência e que afugentam a torcida dos estádios?

Sempre ouço falar que a torcida organizada é um câncer para o futebol. Não tenho dúvidas de que, se ela fosse composta por pessoas sérias e que estão dispostas a acompanhar o seu clube de coração, seria a mais legítima manifestação de amor a uma entidade. Nada mais emocionante do que ver os belos cantos da arquibancada promovidos pela torcida organizada. Isso anima qualquer torcedor e faz com que nos apaixonemos ainda mais pelo time.

Se a violência contra Scudieri tem ou não a ver com a paixão pelo clube isso ainda não se sabe. Mas o tema “torcida organizada” sempre tem que vir à tona quando o assunto é violência no futebol.

Hoje existe um consenso entre as autoridades: a torcida organizada perdeu o fim precípuo para o qual ela foi criada há 40 ou 50 anos atrás. Atualmente, boa parte dos componentes dessas torcidas vai para os estádios armada e tem sempre criam baderna e confusão. É um tema que não pode deixar de ser dito jamais. Pra mim, a quase totalidade da violência no futebol atual tem relação com tais “torcidas”.

Ainda me causa espanto saber que diversas diretorias de clubes Brasil afora fornecem ingressos para a torcida organizada. Tais dirigentes devem ser investigados e, inclusive, como financiam tais organizações, que têm mais de criminosa do que propriamente de torcida, deve-se se analisar o caso sob a ótica de uma possível lavagem de dinheiro, haja vista que financiam crimes.

Confesso que nunca fui favorável ao término da torcida organizada. O seu propósito, apesar de ter sido desvirtuado, é nobre. Sempre quis a punição individual. Contudo, diante da violência que ela patrocina, não tenho dúvida de que o rigor da lei deve ser implementado para coibir que verdadeiros criminosos ocupem o espaço que deveria ser do verdadeiro torcedor. E talvez, mesmo os amantes da arquibancada tenham que repensar a existência desse tipo de torcida. Ela acaba com a paz nos estádios e com a nossa vontade de frequentá-los, por mais fanáticos que sejamos.

E como falar de violência e futebol sem lembrar de tudo o que cerca o CT do Flu. Sim, porque no caso do Fluminense, viramos notícia internacional em razão de um suposto código de conduta que deveria ser adotado por jogadores, diretoria, comissão técnica e funcionários todas as vezes que chegam ao local. Apesar de negado em nota oficial, a própria diretoria confirmou que mantém diálogo com a comunidade local. Sobre o que estão falando? Com quem falam? Quem é essa comunidade local?

Certamente os cidadãos de bem que residem na Cidade de Deus (e sei que é a esmagadora maioria) não geram nenhum problema ao time para que utilize as dependências do CT. Já os criminosos do local possivelmente geram. E se for com eles que a diretoria está conversando, deveria vir a público e informar, já que transparência é o mínimo que o torcedor pode exigir.

Enfim, apesar do bom momento em campo, não podemos nos esquecer que o futebol é nossa paixão e que a violência não pode nos vencer, ainda que tenhamos a sensação de já ter perdido.

Força Scudieri! Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. A organização que quero ver no futebol é a do time em campo. E nisso o Fluminense tá dando show! Sei que é cedo mas temos que comemorar porque, se fosse o contrário, estaríamos criticando severamente.
  1. Douglas está se firmando cada vez mais como uma peça fundamental para o time. A companhia de Orejuela na proteção do meio de campo fez o moleque crescer demais como atleta. Vida longa para o garoto!
  1. E por falar em Orejuela, cada diz mais tenho a certeza de que foi a melhor contratação feita por um clube brasileiro este ano. Discreto e bom de bola, o equatoriano vai bem no passe, na marcação e no desarme; ele tem um posicionamento impecável e dá toda a tranquilidade para a nossa zaga.
  1. E por falar em patrocínio para as torcidas organizadas, gostaria muito que Pedro Abad viesse a público e dissesse se concede ou não ingressos para elas, além de outras subvenções. Como não há transparência nas contas, é impossível analisar este dado.
  1. Léo Pelé chorando quando fez o segundo tricolor prova que o amor à camisa ainda existe. Valeu camarada por me lembrar desse sentimento tão incomum nos dias atuais!

Evandro Ventura / Explosão Tricolor 

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