Amigos Tricolores, hoje minha tarefa é difícil… Mais difícil que a do Abel no Fluminense, que tem que fazer mirabolâncias no elenco tricolor para botar um time em campo, a cada jogo, a cada desfalque… a cada contusão…
Contar uma história de um grande jogo, entre Fluminense e Avaí, convenhamos… Vou ficar devendo essa…
Eu poderia sair pela bola de segurança, algo como aquela falta indireta cruzada pelo Scarpa na marca do pênalti…
Minha bola de segurança é escolher um jogo entre as duas equipes na campanha de 2010. Mas nem isso seria muito fácil. Time de menos expressão no cenário nacional, o Avaí nem sempre frequenta a série A. Em 2012, por exemplo, não estava. Pois caiu em 2011.
Em 2010 tivemos duas vitórias, por 3 x 0 lá, no turno, gols de Leandro Euzébio, Fred e Alan, e por 1 x 0, no returno, jogo difícil, em Volta Redonda… O gol não saía, por mais que o Flu pressionasse… E foi só aos 37 do segundo tempo, num rebote de um escanteio, que Conca abriu o placar e garantiu a vitória.
Lembro sempre que cada vitória de 2010 foi uma decisão, valeu o Tricampeonato, pois a diferença final para o vice-campeão, o Cruzeiro, foi de apenas dois pontos.
A VIRADA TRICOLOR EM 2009
Resolvi, então, lembrar um outro Flu x Avaí, ainda menos reverberante, aparentemente menos importante.
A importância daquele jogo no contexto da História tricolor, porém, foi muito grande.
Foi em 27 de setembro de 2009, uma tarde de domingo. O Fluminense não vinha bem… Aquela campanha de 2009, até o meio do segundo turno, era das mais preocupantes. O Cuca assumira o time 20 dias antes, substituindo Renato Gaúcho, e ainda não tivera tempo de acertar o time. O Fluminense frequentava uma região da tabela que nunca deveria ser o seu lugar: estava na lanterna! O time era bom, mas atravessava vários problemas, inclusive desfalques muito sérios, e já batia aquele abalo psicológico. Fred teve uma gravíssima distensão muscular num jogo contra o Atlético/MG do turno (13ª rodada) e ficou dois intermináveis meses fora do time.
Era a 26ª rodada, e a preocupação já batia às portas das Laranjeiras. Não me lembro bem o que foi, mas tive um compromisso naquela tarde que não me permitiu ver o jogo, nem pelo pay-per-view. Um daqueles intermináveis almoços de algum aniversário, pois a lembrança que tenho desse jogo foi o Túnel Rebouças, sentido Cosme Velho…
Sim, Amigos, o Túnel…
Eu estava em algum restaurante da Lagoa, preocupado, o Flu não conseguia despachar o Avaí, de quem já perdera no primeiro turno, por 3 x 2, na Ressacada.
Nesse segundo jogo, no Maraca, já ia o time perdendo… Por duas vezes estivemos atrás, e eu acompanhava tudo na internet do celular. Logo no início do jogo o Flu tomou 1 x 0, gol de William, mas aos 14 Alan empatou. Quando parecia que iríamos comandar o placar, Muriqui colocou novamente o adversário na frente, aos 30 minutos de jogo. Nossa defesa não se encontrava naquele campeonato.
Só que aos 43 do primeiro tempo, Fábio Neves – lembram dele?, veio do América/RN e nunca vingou – igualou o placar, e levamos um empatezinho para o intervalo. Jogando mal!
O Flu não podia nem pensar em empatar aquele jogo, e a pontuação final do campeonato provou isso, naquela batalha de Curitiba.
Eu sei que ali pelo intervalo eu tive que dirigir, e tomei o caminho de casa, ansioso por ver aquele final de jogo no pay-per-view.
Para desespero de minha mulher liguei o rádio do carro no segundo tempo, pois no volante não poderia acessar o celular. Ali pelos 10 do segundo tempo entrei no Túnel Rebouças, sentido Cosme Velho, e o som, naturalmente, caiu…
SHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Naqueles dois ou três intermináveis minutos de túnel, pensei que aquela travessia poderia ser redentora. Eu que sempre acompanho o Fluminense, nos estádios, TV, internet, rádio, sinais de fumaça… Naquele momento fiquei incomunicável… Só me restava mentalizar um gol, rezar, juntar energias positivas, sonhar em sair do túnel já ganhando o jogo… A Bênção, João de Deus…
Comecei a procurar a luz no fim do túnel, e torci mesmo para que já ali, na saída do Cosme Velho, estivéssemos na frente.
Nunca aquele túnel foi tão longo…
Nos últimos 100 metros do túnel o sinal do rádio brigava para voltar e comecei a ouvir algo muito confuso.
SHHHHHHHH… O SHHHHHHHH… OO SHHHHH OOOO SHH… OOOOOOOOO SH… OOOOOOOOOOOOOOOLL DO FLUMINEEEEEEEENSEEEEEEEE…
Amigos Tricolores, não deu outra!
Saí do Túnel com aquele som de desespero do narrador, quando grita enlouquecido, descreve rapidamente o lance, erra o nome do atacante, chama repórter, grita o placar e invoca o comentarista naquela aflição pós-gol.
Era o Flu mandando no placar, mais um gol de Alan, que foi o craque do jogo!
Desci o Cosme Velho aflito, tinha que chegar logo em casa!
Consegui ainda ver em casa os últimos 15 minutos de jogo, e não foi fácil não! O Avaí vendeu caro a derrota, teve várias chances, lutou até o fim contra nossa insegura defesa. Rafael, nosso goleiro, pegou bolas difíceis.
Ufa, final de jogo! Três pontos garantidos! 3 x 2, placar do turno devidamente devolvido…
E nunca esqueci daquela tarde, no Túnel Rebouças… Minhas energias, minha prece, minha mentalização… O gol do Alan… A luz no fim do túnel…
A Vitória!
O Flu não ganhava havia 11 jogos! E mesmo com a vitória continuou na lanterna do Brasileirão! Fase difícil!
O time ainda custou um pouquinho a engrenar… Entre uma boa campanha na Sul-Americana, passando de fase em fase, e um conturbado Brasileiro, a equipe ainda rateou um pouco.
Chegou a ficar numa situação crítica, agonizante… Os matemáticos davam um por cento de chances… Os médicos diziam que era quase morte cerebral… Os padres queriam dar a Extrema-Unção… A fra-press já comemorava…
O Fluminense, porém, naquele ano mostrou mais uma vez sua grandeza, e o final dessa História nós já conhecemos bem…
Escapamos! E isso nos garantiu a permanência na Série A em 2010, justo para ganharmos o Tri do Brasileirão, e dois anos depois o Tetra!
Para mim, Amigos Tricolores, aquele gol no Túnel, contra o modesto Avaí, foi emblemático… Não foi só a luz, mas o gol do fim do túnel…
Amigos, já vi gol no último momento da partida nos dar título, vi bomba-santa de Rivellino, vi gol de barriga dar título e humilhar adversário… Vi gol de pescoço do Antonio Carlos nos dar título… Vi golaço de bicicleta do Fred, do Washington… Até do Marcão… Vi golaço de voleio… Antes do meio-campo…
Naquele dia eu vi o gol do Túnel…
Para mim o Tetra começou ali, no gol do Túnel Rebouças…
Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: SÓ DÁ NENSE!!!
Por PAULONENSE / Explosão Tricolor


