Crônica de uma derrota anunciada




Amigos Tricolores, nunca vi um clube se esforçar tanto para perder um jogo. Parece que queria mesmo a derrota!
Houve momentos, ontem, horas antes do jogo, que lembrei do meu time de peladas, o Delta Football Club, minha grande diversão da adolescência, onde eu brincava de ser centroavante, e modéstia à parte o fazia com eficiência, artilheiro que era do time.
Nos meus tempos de camisa 9 muitas vezes faltava um titular, e dentre os reservas ninguém fazia aquela posição. Lembro que a lateral-direita, por exemplo, era um problema.
– Xi, faltou o Berê na latera, quem faz a posição?
Estava estabelecido o problema. “Desloca o Marquinho do meio”, sugeria um. “Mas aí o time perde na criação!”, lembrava outro. “Telefona pro Rafael!” “Mas o Rafael está viajando…”
Pronto, lá ia um improvisado na posição, normalmente sem a menor noção, às vezes até negociávamos um rodízio por ali… Coisa de time de pelada, sem a menor organização.
Ontem eu vi isso no time profissional do meu Fluminense!
Quem faz a lateral-direita? Xi, o avião não chegou a tempo da “importantíssima” competição internacional onde o clube foi “internacionalizar” a marca! E agora? Tem dois da posição no voo, o Gilberto e o Diogo, este da base, recém-lançado.
Mateus Norton, que já fez a posição, ainda que de modo desnorteado, também estava na maldita excursão!
O que fazer? Cogitou-se o volante Luiz Fernando por ali, mas acabou sobrando para a improvisação do desconhecido Dudu, da base, estreando logo para tapar buraco. Que roubada, Dudu!
Improvisações aqui e ali, quatro jogadores estreando nos profissionais (Dudu, Ramon, Caio e Evanilson), e um jogando sua segunda partida (Patrick Luan).
Um autêntico cata-cata de pelada, com improvisações, apresentações em campo, falta de entrosamento e de qualidade em campo, num time formado pelo titular Júlio César, e por reservas que voltaram com ele antes do torneio de verão da Flórida, juntando-se a garotos da base, que já não vem muito bem, com o time eliminado da fase de grupos da Copinha. Ah, e o Lucas Fernandes, aquele atacante que esteve no elenco ano passado, pouco fez, foi emprestado e já voltou.
Parece que o Fluminense resolveu levar a sério aquela sugestão que ouvimos há alguns anos: “Campeonato Carioca? Bota um time sub-17 para jogar e pronto.”
Só que sabemos que não foi intencional, foi total falta de organização mesmo. Planejamento zero!
Quando as coisas não vão bem para o clube, em todos os setores, pelo menos que não se invente muito em campo e bote um time para treinar.
O Flu atrasa salários, dispensa jogadores com contrato em vigor, perde seu principal jogador na Justiça, num prejuízo incalculável,  perde ação na Justiça por revelia (contra Levir Culpi), não consegue patrocinador… Neste momento em que teria que fechar o grupo e treinar firme no CT, resolve fazer uma viagem tresloucada para um Torneio que nada acrescenta aos cofres do clube, e ainda o expõe a papelões internacionais, e compromete a preparação e proporciona esse time cata-cata ridículo para estrear no Carioca.
Ah, o Carioca está falido? Por enquanto é o que tem, e a Taça Guanabara tem só 5 jogos, e já somos os lanternas do grupo, com a derrota.
Junte-se tantas trapalhadas a uma tabela que já mostra o prestígio que temos na Federação, quando, em pleno verão, fomos o único grande a estrear no calorão da tarde, na região dos Lagos, contra um time acostumado a treinar lá e que treina desde novembro. Lembro que o jogo estava marcado para a noite, e quando o Flu tentou passá-lo para quinta-feira, tomou como resposta uma antecipação para as 16 e 30 da própria quarta, com a alegação de que não tem refletor no estádio. Descobriram isso depois?
Ah, e tomem o Marcelo de Lima Henrique no apito, para irem sentindo o que os espera… E o clássico do grupo logo na segunda rodada…
O que esperar da Ferj diferente disso, não é mesmo? Ano passado fomos assaltados naquela final, lance de falta esdrúxula, fácil de ver e marcar, que acabou decidindo o Campeonato.
Diante de tantas circunstâncias, e jogando contra um time armadinho e recheado de jogadores experientes, estava na cara que ontem as coisas iriam complicar e a derrota era iminente.
Sábado já tem clássico, contra o Botafogo, dia de protesto nas imediações do Maraca. Tem tanta gente querendo protestar contra tantas barbaridades que essa diretoria vem cometendo que acho até que vai garantir um público mínimo para o jogo. E está ficando grande a organizada Flu-Fora Abad…
Hora de treinar um time principal, tentar um entrosamento mínimo, buscar o ritmo de início de temporada e botar os salários em dia, e no aguardo de alguns reforços, necessários demais neste momento. E que fique o Dourado, que tem contrato em vigor!
O ano promete, vai ser difícil, complicado… Não há mais tempo a perder… Já no dia 31 tem estreia na Copa do Brasil, contra a Caldense, de Poços de Caldas/MG,  jogo único, na casa deles, com o Flu jogando pelo empate. Jogo difícil, a Caldense sempre deu trabalho em casa para os grandes mineiros.
Vamos sair dessa, Fluzão! Bola para a frente!
Por PAULONENSE/ Explosão Tricolor