Uma homenagem ao Fluminense




Fluminense
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Amigos,

Como todos sabem, hoje o nosso amado Tricolor faz 113 anos. E em razão da festejada data, tomei a liberdade de fazer esta pequena homenagem. Imaginei como seria uma rápida entrevista com nosso ilustre aniversariante, que reproduzo abaixo para vocês. Um grande abraço a todos, e Saudações Tricolores.

Alan Petersen – Fluzão, em primeiro lugar eu queria agradecer imensamente a sua presença, e dizer que você não faz a menor ideia da importância que tem na minha vida, e de toda a nossa torcida.

Fluminense Football Club – Que isso Alan! Vocês são a razão da minha existência. Saibam que eu nunca teria chegado a lugar algum, se não fossem vocês. Esta torcida que sabemos não ser a maior, mas que é a mais bonita, mais inteligente e que mais faz a diferença neste mundo do futebol.

A.P – Bom, vamos começar lá do início dos tempos. Desde já, peço desculpas por eventual embaralhamento nas perguntas, mas é que a emoção dificulta muito a situação aqui. No começo era tudo remo né? Você foi o primeiro que surgiu com essa coisa do futebol…

Fluminense – Olha Alan, eu sempre fui bastante inquieto. Vanguarda mesmo. Eu sabia que o remo, por maior respeito que precisamos ter ao esporte, não tinha potencial para ser a cara do Brasil. Eu senti que o football era o caminho. E o maior agradecimento que precisamos fazer aqui, deve ser ao Oscar. Ao me criar em 1902, ele me permitiu ser o alicerce do desenvolvimento de todo o futebol carioca e brasileiro.

A.P – Podemos dizer que faltou esta visão aos outros clubes, mais especificamente Flamengo e Vasco da Gama, que já existiam como remo?

Fluminense – Eu não gosto de falar pelos outros. Eles certamente tinham suas razões para enxergar apenas o remo na época. Ou talvez faltasse uma sensibilidade inerente, que não se ensina. Fato é que, quando começamos, a população não entendia muito o que estávamos fazendo. Mas não demorou muito para o esporte começar a se popularizar.

A.P – Desculpe-me o atrevimento Fluzão, mas acho que esta é uma pergunta que qualquer tricolor gostaria de fazer. Não tinha como evitar a criação do futebol no Flamengo?

Fluminense – Claro que sim. Mas vocês precisam entender que o Flamengo é essencial no futebol. Através deles, podemos enxergar tudo o que não gostamos, tudo o que não queremos ser, e podemos fazer diferente. Além disso, a minha essência é contestar, contrariar o status quo, não ser massa de manobra. E cada vitória e título conquistado em cima do Flamengo, cada gol no último minuto, representa um pouco disso. E por isso que vibramos tanto quando isso acontece. E eles sabem disso, e nos temem muito. Vide o hino deles.

A.P – Nós estamos vindo de um vexame da seleção brasileira, em uma copa do mundo disputada em casa. O que tem a dizer sobre isso?

Fluminense – Isto muito me entristece. Afinal de contas, sou o berço da seleção brasileira. A seleção disputou seu primeiro jogo no nosso estádio. Também nas Laranjeiras, sagrou-se campeã pela primeira vez em sua história, no sul-americano de 1919. Tivemos inúmeros ídolos campeões do mundo com o Brasil. Então, eu só posso ficar bastante chateado com esta fase que passa o futebol brasileiro. Mas isto é fácil de explicar. Infelizmente, as pessoas que trabalham com futebol hoje, sejam elas cartolas ou jornalistas, têm uma enorme dificuldade de dar valor às coisas certas. Estimulam o desequilíbrio de campeonatos. Só seguem as regras que lhes interessam pessoalmente. E depois, ainda ficam querendo eleger bodes expiatórios das confusões que eles mesmos criam. Ou seja, a seleção brasileira vira reflexo de tudo isso. Mas um dia tudo vai melhorar.

A.P – Vamos falar dos seus, dos nosso ídolos. Algum em especial?

Fluminense – São muitos. Eu não sou clube de um ídolo só. E não sei se você já percebeu, mas nenhum ídolo é maior do que eu. Aqui sabemos colocar as coisas em seu devido lugar. Nada de fulano é um Deus, maior ídolo da minha história, ou outras barbaridades. Eu não vou falar especificamente de um, pois seria muito injusto. Oscar Cox, Welfare, Preguinho, Marcos Carneiro de Mendonça, Oswaldo Gomes, Ademir de Menezes, Bigode, Batatais, Tim, Romeu, Orlando Pingo de Ouro, Didi, Castilho, Hércules, Pinheiro, Telê, Waldo, Flávio, Denilson, Gil, Lula, Rivelino, Pintinho, Manfrini, Edinho, Felix, Samarone, Paulo Victor, Edinho, Aldo, Duílio, Ricardo, Branco, Delei, Assis, Romerito, Washington (os dois), Ézio, Renato Gaúcho, Fred, ufaaaaa. É muita gente. Se quer saber sobre o meu futuro, olhe para o meu passado. A minha história traduz minha predestinação para a glória. Mas de todos eles, um tem um carinho especial, afinal de contas, sacrificou um dedo por mim.

A.P – E os inúmeros títulos que conquistamos. Gostaria de destacar algum?

Fluminense – Título é título. É isso que move um clube. E graças a Deus, temos muitos. Mas eu sempre destaco aqueles que conquistamos com sacrifício, especialmente com aquele golzinho no final da partida. 1971, 1976, 1983, 1984, 1995, 2005, para ficar nos mais recentes. Também não podemos esquecer do mundial de 1952. Dos campeonatos Brasileiros 1970/1984/2010/2012. A Copa do Brasil também foi importantíssima em 2007. Foi a partir dela que retomamos o lugar de destaque que nos é de direito no futebol brasileiro. O título da série C foi importantíssimo. Tenho muito orgulho dele. Não é fácil dar a volta por cima que nós demos. Enfim, são tantos que não dá para destacar apenas um.

A.P – Seremos penta este ano?

Fluminense – Alan, seremos penta dentro de pouco tempo. Não consigo te garantir que será este ano. Mas não se preocupe, eu sempre serei o melhor time do Brasil. E se os fatos disserem o contrário, pior para eles, não é mesmo?

A.P – O que tem a dizer às pessoas que afirmavam que você acabaria sem a Unimed?

Fluminense – Nada. O que dizer à alguém com este nível de raciocínio? O que dizer a alguém, que não consegue enxergar o óbvio? O que dizer à alguém que sabemos, morre de medo da nossa existência? Para mim, está bem claro porque esta pessoa não torce para mim. É um direito dela, mas sabemos que qualquer um que aposte nisso, irá perder sempre. Eu nasci com a vocação da eternidade. Tudo pode passar, menos eu. Eu não passarei jamais.

A.P – Fluzão, não tomarei mais do seu precioso tempo. É uma honra muito grande poder te entrevistar, ainda mais neste dia tão glorioso pra gente. Queria te agradecer por existir. Por ser uma das razões da minha existência. Saiba que você participou decisivamente da formação do meu caráter. E que o amor que eu e nossa torcida sentimos por você é impossível de traduzir nestas parcas linhas. Parabéns pelos seus 113 anos. Somos privilegiados por fazer parte desta família. Queria te pedir, no final, que dê uma mensagem para esta torcida linda que sempre te acompanha.

Fluminense – Tricolores, muito obrigado. Quero agradecer por sempre estarem do meu lado. Uma torcida não vale apenas pela expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. Sabemos que, nas situações de rotina, o tricolor pode ficar em casa abanando-se com o jornal. Mas quando eu preciso de número, acontece o suave milagre. Os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas. Obrigado por me acompanharem sempre. E não pensem que vocês que me escolheram. Quem escolheu vocês fui eu. Lembrem-se sempre que eu poderia ter escolhido muito mais gente para torcer por mim. Mas eu seleciono de acordo com os meus interesses, e com a nossa característica. O importante não é a quantidade, mas sim a qualidade. E isto vocês têm. Lembrem-se sempre disso. Obrigado por estarem sempre ao meu lado nos momentos difíceis, e nos momentos de alegria. Desde que nasceram, me acompanham. Sei que até a morte estarão comigo. E nunca se esqueçam, que grandes são os outros. Nós somos enormes. Saudações Tricolores a todos.