Ainda acredito no Fernando Diniz!






E hoje o Fluminense entra em campo pra garantir a vaga nas quartas da Sulamericana. A vitória no Uruguai credencia o time à classificação e tenho certeza que nenhum torcedor irá ao Maracanã com dúvidas sobre isso. No entanto, mesmo que avance no torneio, o assunto da galera certamente continuará sendo a permanência de Fernando Diniz no cargo.
Sem vacilar e já dando a cara pra bater, na minha opinião o técnico deveria ser mantido no cargo. Por vários motivos acredito no trabalho dele e penso que a mudança de treinador pode dar alguma sobrevida ao time e uma injeção inicial de ânimo, mas em nada ajudará no projeto de longo prazo que todo clube vencedor deveria implementar.
“Ah, mas toda equipe do mundo troca de treinador quando o time vai mal!” Concordo em parte. Alguns casos na história do futebol nos mostram que, mesmo na derrota, a manutenção do técnico com um projeto claro pode ser importante para um clube que pretende se manter na elite.
O exemplo mais gritante é o de Alex Ferguson no Manchester United. O passado de conquistas do clube do noroeste da Inglaterra se confunde com a do treinador, que potencializou a função de manager e fez com que o time fosse um dos maiores do país e do mundo.  
Sir Alex Ferguson, como é conhecido no meio futebolístico, chegou aos Red Devils em 1986, conquistando o primeiro campeonato nacional – que nesta altura já se chamava Premier League – apenas na temporada 1992/1993. Ou seja, sete anos se passaram entre a contratação do treinador até o título tão almejado pela equipe de Old Trafford que, naquela altura, estava na fila há 26 anos.
Tá certo que neste intervalo o treinador conseguiu ganhar um FA Cup na temporada 89/90, mas nada que se compare à pressão sofrida por ele para a conquista do campeonato inglês. Inclusive, o próprio Ferguson considera que a vitória no confronto contra o Nottingham Forest pela terceira rodada da citada FA Cup foi determinante para a sua permanência no clube, já que todos davam como certa a sua demissão em caso de derrota.
Com o título inglês de 92/93, Ferguson ganhou o respeito da torcida e da imprensa inglesa, vindo a ganhar novamente o campeonato na temporada seguinte. Nascia aí o maior ídolo da história do clube e, possivelmente, um dos maiores treinadores do futebol em todos os tempos.
Pelo Manchester, Alex Ferguson conquistou 13 títulos da Premier League, 5 Copas da Inglaterra e 4 Ligas Inglesas, a chamada FA Cup, além de duas Ligas dos Campeões da UEFA. Ao todo, ele permaneceu no clube por 27 anos – de 1986 a 2013 – conquistando 38 títulos. Nada mal pra quem ficou sete anos na berlinda.
Mais recentemente o caso de Jürgen Klopp, atual treinador do Liverpool, também auxilia na análise da importância de se manter por muito tempo um técnico com conceitos definidos de jogo. Contratado em 2015 junto ao Borussia Dortmund, Klopp conseguiu ganhar um título de expressão apenas nesta temporada. E que título! Logo de cara a Champions League.
Mas durante os quatro anos de “seca”, o treinador foi muito criticado na Inglaterra, já que ele tinha milhares de euros à sua disposição e não conseguia trazer nenhum título para Anfield. Umas das críticas veio do ex-atacante da seleção inglesa Alan Shearer, que chegou a dizer que tudo o que Klopp fazia era baseado em “paixão e excitação, mas não é isso que vai fazer com que o Liverpool ganhe campeonatos”. Deu no deu!
O próprio Jürgen Klopp criticou o imediatismo no futebol brasileiro. Em entrevista concedida em abril deste ano, ele disse que o nosso jeito “não funciona” e o treinador tem que “sentir junto com o time, trabalhar junto e isso não pode ser feito em uma semana, um mês ou mesmo um ano”. Arrematou dizendo que o clube tem que estar “certo sobre o profissional que está contratando” e dar tempo a ele: “assim que deveria ser”, concluiu.
Não há salvador da pátria e o elenco que Fernando Diniz tem nas mãos não lhe permite trabalhar para buscar títulos. É claro que se vier será ótimo, mas essa não pode ser a expectativa cega desta temporada. Quero ganhar a Sulamericana? Claro que sim! Mas reconheço que isso pode não ser a nossa realidade. 
Porém, acredito que também não é realidade tricolor a fuga, pura e simples, do rebaixamento no Brasileirão. Por mais que não tenha um elenco de ponta, o time é bem superior a vários outros que estão à sua frente, incluindo o próprio Vasco da Gama, este sim com “capacidade” para ir pra segunda divisão. Nada justifica a posição do Fluminense na competição nacional e a cobrança tem existir realmente, inclusive quanto ao trabalho de Diniz.
Críticas devem ser aceitas e o técnico deve assimilar aquelas que podem melhorar o rendimento do time. Mas pedir a cabeça de Fernando Diniz quando ele já demonstrou um claro conceito de jogo – que naturalmente demora a ser internalizado pelos jogadores – e capacidade de fazer o time ter mais posse de bola que todos os seus adversários, é adotar imediatismo incabível em um trabalho que tende a dar bons frutos no longo prazo.
Ainda acredito em Fernando Diniz e no clube para os próximos anos e espero que ele se mantenha por mais tempo nas Laranjeiras.
Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura