Ressuscitem o Ivo Pitanguy!




Buenas, tricolada! Não é do meu feitio atacar profissionais, pedir cabeças, apontar dedos e escolher vilões na sociedade – e nem em segmentos quaisquer. Mas no futebol há vilões, sim!

De antemão, detalhando a escolha do título desta coluna, para quem não sabe o doutor Ivo Pitanguy foi um dos maiores cirurgiões plásticos da Terra Brazilis. De todos os tempos!

Perguntariam alguns: o que isto tem a ver com o velho e violento esporte de origem bretã? O que a cirurgia plástica acrescentaria ou mesmo mudaria a lamentável e patética situação do nosso Fluminense no atual Campeonato Brasileiro?

Por mais que alguns teimosos, incautos e senhores de si defenestrem os meus conceitos, eu vou mantê-los, afinal, vivemos numa democracia plena, por enquanto, e o direito de opinar deve ser reverenciado. O Pitanguy realizaria uma nova plástica nos córneos do nosso time, se ressuscitado fosse!

Aliás, esta é a única solução, a meu ver. Uma renovada face no jeito de jogarmos bola. Sim, porque uma primeira cirurgia “reparadora” foi implementada pelo mestre, doutor, professor e catedrático de 70 anos, Osvaldo de Oliveira! Acontece que não houve reparo algum, e sim uma desfiguração absoluta no esquema tático tricolor, há pouco tempo compreendido pelo seu antecessor, Fernando Diniz.

Antes dos xingamentos, o meu lamento é muito mais latente pela contratação do Osvaldo do que pela demissão do Diniz, já que no futebol nacional os resultados são preponderantes para a sequência de um trabalho. Mas eu vinha alertando: quem seria o substituto do antigo treinador?

Verdade que a nossa defesa era uma peneira… E hoje em dia, qual o sinônimo mais adequado poderíamos utilizar para configurar o substantivo peneira?

É verdade também que criávamos 20, 25, 30 chances de gol, sendo metades delas claríssimas, e a pelota pirracenta recusava-se a beijar as redes inimigas… Atualmente, criamos somente uma ou duas oportunidades (meia-bomba), a bola mantém o seu acinte, e não balança a malha adversária. A única responsabilidade era do Diniz?

Aí vem neguzim dizer que não houve precipitação na troca de técnicos, vem também uma galera bater palmas para a chegada do Osvaldo e um monte de especialistas de final de semana chamar o Fernando Diniz de treinador de time de peladas.

Porra, dava gosto de assistir ao nosso Flu batendo de frente com os touros garanhões do futebol tupiniquim! Oras, não ganhávamos dos miúdos, diriam uns. E agora nós ganhamos? A nossa triste realidade é enfrentar de igual pra igual, levando sustos, o CSA, o Avaí, a Chape e o Fortaleza! Por falar nisso, não espanem os meus argumentos com o triunfo sobre este mesmo Fortaleza… Se não fosse São Muriel, talvez amargássemos uma outra derrota, no último sábado!

Cá pra nós, esta referida realidade não era premissa do Diniz: amassávamos os pequenos e enfrentávamos os gigantes… Os nanicos davam um mísero ataquezinho e o nosso frágil sistema defensivo entregava a rapadura. E os grandes comiam merda para nos vencer. Era a tônica, minha gente, não se iludam!

Sobre a peleja, Palmeiras e Flu, lá no Allianz Arena, nesta terça-feira, pela décima-sexta rodada, num duelo atrasado do Brasileirão, apresentou um primeiro tempo mais equilibrado, apesar de logo aos 5 min. o Scarpa ter obrigado o Muriel a intervir.

Aos 8 min., a Avenida Gilberto abriu a sua cancela e uma triangulação resultou no tento inicial dos paulistanos. Um golzinho meio cagado, pois a bola do Diogo Barbosa explodiu na trave direita do nosso goleirão e voltou no rosto do Luiz Adriano, já sob os paus.

O Fluminense apostou nos chutes de média distância, e o Nenê era o nosso jogador mais lúcido. Ele tentou algumas batidas à meta palmeirense mas não obteve sucesso – e não teve boa pontaria.

Xutavinho, querido de parte da tricolada, perdeu gol feito pro Verdão, depois de grande intervenção de Muriel, e Jotapê, displicentemente, jogou a nossa melhor ocasião de gol pelo ralo, diante de Fernando Prass. A propósito, lance desperdiçado numa das poucas vezes em que PH Ganso se aproximou da área, quando meteu um bolão para a nossa joia de 17 anos – a nossa outra grande chance foi no segundo período, quando o camisa 10 achou o Caio Henrique sozinho, que demorou a finalizar e deu chances pro lateral Marcos Rocha protagonizar um carrinho salvador.

Por falar nisso, na segunda etapa vimos um passeio do Palmeiras sobre um atordoado Fluminense. Gilberto “permitiu” que o Luiz Adriano balançasse as nossas redes mais duas vezes… E poderia ter saído outros gols. Caramba, o que é o Gilberto num campo de jogo? Desinteresse, má forma, lentidão e má vontade são características visíveis do nosso lateral direito hoje em dia.

O Julião já provou que é apenas mediano. Com Gilberto torto e sem inspiração, acho eu que é hora e vez do menino Calegari. Bom, jovem, veloz, combativo, apoia bem e cruza direitinho. Desta forma é que não dá pra permanecer.

Osvaldo de Oliveira, meu filho, será que você ainda não percebeu que um volante somente, Nenê, PH Ganso e três atacantes representam um convite amigável para invadirem a nossa cozinha? Aliás, contra o Palmeiras sequer um volante nós escalamos. Sim, porque o Aírton não aguenta o tranco! E sua camisa deve ficar larga em mim, que tenho mais de 100 kg!

No meu entendimento, entrariam Frazan na zaga, o Calegari na lateral direita – de quem já falei acima, o Yuri (ou o Caio Henrique) junto com o Allan na contenção, e aí poderiam ser escalados os dois meias mais lentos e menos marcadores, Ganso e Nenê. Ainda assim, no segundo tempo dos confrontos, com esta formação, um dos dois veteranos deveria ser sacrificado para a entrada de Daniel ou de Marcos Paulo. Acho que reoxigenaríamos o setor mais importante de uma equipe de futebol, o meio-campo.

Em suma, mais um vexame e um 3×0 contra no balancete, e como o genial Pitanguy não descerá a Terra para redesenhar a face do bom futebol tricolor, esperemos que o senhor Osvaldo arrume a casa definitivamente, porque desta maneira o cheiro de Segundona é crescente.

E, numa boa, se não obtivermos sucesso nos próximos embates, que a Diretoria seja “macha”, calce as sandálias da humildade, assuma o seu equívoco e contrate um outro treinador. Não gosto dessa troca sucessiva de técnicos, pois esta prática demanda via de regra as dores irreversíveis do final de uma temporada. Mas se não balançarem o cajueiro, se não retirarem os maus olores do nosso futebol, decerto viraremos estatística e desceremos mais uma vez para a Série B. Aqueles anos 90 me causam arrepios e prantos até hoje!

A torcida do Fluminense Football Club não merece a guilhotina – mais uma, e muito menos o clube merece mais essa mácula na sua gloriosa história!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon