Reforma do Estádio das Laranjeiras, busca por patrocínios, dívida com jogadores dispensados em 2017 e muito mais; confira a coletiva completa de Mário Bittencourt




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.



Mário Bittencourt concedeu coletiva no CT Pedro Antônio

Após completar 100 dias à frente da presidência do Fluminense, o presidente Mário Bittencourt convocou a imprensa e concedeu uma longa entrevista na tarde desta quarta-feira (18), no CT Pedro Antônio. O mandatário tricolor respondeu perguntas sobre diversos assuntos, tais como: busca por patrocínios, projeto de reforma do Estádio das Laranjeiras, dívida com jogadores dispensados em 2017, negociação com novo fornecedor de material esportivo e cobrança milionária feita pelo Samorin. Confira abaixo a íntegra da coletiva:

Ações da gestão 

Mário Bittencourt: Encontramos um cenário de quase 90 dias de atraso e com muito fornecedores reclamando, como luz, gás, plano de saúde dos funcionários. Criamos um comitê de crise, que tem alguns profissionais das áreas financeira, administrativa e jurídica do clube. Fizemos muitas medidas emergenciais e outras que estavam previstas no plano de gestão. Nossa equipe vem do mercado financeiro e tem muito bom relacionamento. Isso abriu portas para que a gente conseguisse fazer algumas antecipações nesses primeiros três meses. O que ajudou a pagar a folha e alguns acordos.

Valores da venda de Pedro à Fiorentina

Mário Bittencourt: Recebemos a informação de que no ano passado ele recebeu uma proposta de 18 milhões de euros, e o Fluminense teria direito a metade desse valor. Ele se machucou e o negócio acabou não acontecendo.

Quando chegamos, colocamos uma condição: queríamos um valor sobre a nossa parte e uma porcentagem para venda futura. Queríamos pelo menos 8 milhões de euros. E conseguimos. Nós ficamos com 8 milhões de euros pela nossa parte e o Artsul ficou com 3. O Artsul aceitou ficar com uma parte menor pelos seus 50%. Além disso, ficamos com 20% dos direitos econômicos para lucrar com uma futura venda. E lá na frente dividiremos o valor com o Artsul.

Para valores de mercado, consideramos uma venda muito boa. Além de que o clube vive uma grave crise financeira, então não podemos perder mais jogadores mais para frente por motivos jurídicos. A dívida do clube é muito grande, então vamos ter que continuar a fazer essas vendas. Nosso objetivo é que lá na frente a situação esteja melhor, para que possamos fazer essas vendas com menos frequência.

Negociação com novo fornecedor de material esportivo

Mário Bittencourt: Estamos negociando com um novo fornecedor de material esportivo. A tendência é que apresentemos o novo uniforme na primeira quinzena de 2020. A Under Armor já anunciou que não ficará não só no Fluminense, mas no futebol de uma maneira geral. Temos uma procuração da empresa para negociar com um novo parceiro

Projeto de reforma do Estádio das Laranjeiras

Mário Bittencourt: Fiz uma reunião com o grupo e foi excelente. Estamos criando uma comissão interna para avaliar tecnicamente o projeto e trabalhar junto. Deixei claro que aquele é um projeto, mas o Fluminense está aberto a outros. Por isso, vamos criar essa comissão para avaliar. O grupo que me apresentou foi muito correto e disse que o projeto é para a instituição, por isso aceitaram a entrada dessa comissão. Vai passar por viabilidade financeira, estrutural… Somos defensores se houver essa viabilidade.

Busca por patrocínios

Mário Bittencourt: O uniforme do clube é dividido por propriedades. Tem a manga, as costas, o master, a barra, o calção… O Fluminense tem um parâmetro de quanto custa seu uniforme. Fomos procurados por duas empresas interessadas, mas não podemos entregar a nossa propriedade por um valor muito baixo. Porque isso cria uma concorrência desleal com quem já está nos patrocinando.

Isso me deixa em uma situação ruim com os parceiros que nós já temos. As empresas que nos procuraram tinham uma ideia de valor, e quando viram o preço real deram uma recuada. Mas, as conversas continuam. Entramos no clube no meio do ano e a verba para marketing das empresas costumam sair no final ou início do ano e já estão empregadas. Optamos por seguir conversando. Se não fecharmos agora, deixaremos para 2020 em um valor que seja justo para o clube.

Dívida com jogadores dispensados em 2017

Mário Bittencourt: A gente já tomou uma das penhoras do processo do Marquinho. Quando parcelamos a dívida, os juízes colocam multa de 60% ou 70% sobre o valor pendente. Hoje, essa dívida já gira em torno de R$ 80 milhões. Estamos tentando negociar e parcelar essas dívidas. O que a gente está tentando é reduzir o que tem hoje e pagar um bom pedaço.

Pendências financeiras para tirar a CND e regularizar o Profut

Mário Bittencourt: Está havendo um trabalho interno do financeiro para encontrarmos o valor real que a gente tem que pagar. Desde quando chegamos as informações financeiras estão truncadas. A maneira de solucionar é pagar… Em uma próxima receita, vamos fazer essa quitação. Com relação ao Profut, pagamos parte do que estava atrasado e nos mantivemos vivos. Pagamos para sermos incluídos ainda nas regras. E estamos com um recurso para sermos incluídos dentro do acordo do FGTS. A gente segue pagando. Uma parte da nossa dívida, cerca de R$ 150 milhões, é de curto prazo, e é isso que aperta o nosso fluxo de caixa. Se isso tudo já estivesse parcelado, teríamos bem mais facilidade.

Programa de sócio-torcedor

Mário Bittencourt: Essas medidas que a gente vem fazendo de promoções, de aproximação da torcida, serve para dar uma degustação ao nosso torcedor para sentir a reação dele. Nós mantivemos a promoção do jogo contra o Avaí para os próximos dois jogos. Se tivermos um bom retorno, vamos manter a promoção. Estamos estudando tudo isso para apresentar um plano consolidado a partir de 2020. Desde que assumimos, tivemos sete jogos no Maracanã, com média de 28 mil pessoas e ticket médio de R$ 24,96. Se tivéssemos essa média de público aderindo ao Sócio Futebol, conseguiríamos pagar a folha do futebol. O nosso maior patrocinador é o sócio. Precisamos muito dessa ajuda.

Cobrança milionária feita pelo Samorin

Mário Bittencourt: Fomos notificados por eles nos comunicando que temos uma dívida de 2,5 milhões de euros, o que para nós hoje é um caminhão de dinheiro. Respondi dizendo que não conhecia o objeto da dívida e que eles me respondessem explicando de onde surgiu esse valor. Eles disseram que viria de aportes que o Fluminense faria lá por contrato e não fez.

Pasmem: um dos aportes era para construir o estádio do Samorin, por contrato. Disse, então, que estudaria se realmente devíamos aquilo e que gostaria de pagar com parte dos direitos econômicos dos jogadores que atuaram lá. Como jogaram lá e era uma parceria, quando eu os vendesse eles pegariam uma parte. Eles falaram novamente que não aceitavam e que iam ajuizar um processo na FIFA contra o Fluminense.

Então, os notifiquei pedindo uma prestação de contas sobre tudo o que o Fluminense investiu e todas as contrapartidas que eles deram. Eles avisaram quem quem cuidava disso era uma pessoa do Fluminense. Então, agora, estamos enviando comunicados a quem representava o Fluminense lá para que a gente possa saber se a gente deve ou não. Se for devido e se tiver processo na FIFA, vou ter de pagar.

É surpreendente um clube da nossa magnitude faça uma parceria com um clube desconhecido, em um lugar tão longe e ainda tenha essa dívida. Esse valor pagaria três folhas nossas de salário. Ao confirmar, vamos pagar.

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Por Explosão Tricolor

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