Carona




FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.



Buenas, tricolada! Pegando carona na publicação postada aqui no Explosão Tricolor, resolvi dar uns pitacos sobre a formação do nosso elenco para este 2020 que se inicia.

Sempre preguei que um grupo de jogadores tem que ser homogêneo e equilibrado. Especialmente em um clube sem grana. É óbvio que rechear os campos de treinamentos de craques concede maiores chances de triunfo a qualquer equipe, em qualquer partida válida pelas inúmeras competições do decorrer de uma temporada. Mas contar com atletas de nível bom, apenas, dois ao menos em cada posição, decerto valoriza e possibilita a cota de sucesso e de resultados num certame. Oras, as brechas ao êxito são imediatamente abertas.

Analisando a lista postada pelo portal, a gente repara alguns pontos cegos que deveriam ser imediatamente trabalhados em tal elenco. Dá tempo, porque percebo boa vontade e busca pela excelência no Mário Bittencourt – dentro das possibilidades do clube, medidas assertivas nas contratações – apesar de alguns tiros n’água, e preocupação com o aprumo econômico do FFC – muito embora saibamos que o din-din para o cumprimento de compromissos atrasados não “nasceu” somente de sua administração.

Vamos às necessidades imediatas de reposição de jogadores, ao meu conceito:

Lateral-direita

O Gilberto não tem substituto. O Julião é ótimo rapaz, aparentemente tricolor roxo, literato, inteligente e politizado, mas não é atleta de grande time! Tem vontade, não se omite nos jogos, entretanto, não é técnico, opta por jogadas e lances duvidosos e equivoca-se na execução dos movimentos… Deixa a desejar, mesmo.

Aliás, sobre o Gilberto, ele é um atleta de potencial, tem apenas 26 primaveras, mas ainda está sem condições – físicas, talvez – de atuar com desenvoltura em duelos mais encardidos. O cara tenta, tal qual o Julião não se omite, não teme as vaias, mas erra praticamente tudo. Parece que faltam-lhe pernas – ou pulmões! É nítida a dificuldade de o malandro realizar nas quatro linhas aquilo que o seu cérebro determina. Uma pena, pois, ante o mercado mundial de laterais-direitos, eu não enxergo nenhuma sumidade.

Confesso que desconheço o Wisney. Surpreendente, porque acompanho a nossa base desde os “sub-cromossomos”, e sei bastante bem quais atletas podem vingar, se mantiverem as suas performances. Não lembro de ter assistido a uma atividade sequer deste menino. Como opinar?

Contudo, aposto as minhas fichas no Calegari. Excelente jogador! Rápido de raciocínio, veloz, bom marcador, ótimo no apoio, acerta a maioria dos passes, realiza cruzamentos como manda o figurino – e como executavam as bolas alçadas os melhores da posição, e ainda faz a volância com a mesma desenvoltura. Não sei se os planos da diretoria e do Odair Hellmann são de aproveitá-lo, por enquanto, no sub-23, mas eu pensaria em utilizá-lo nos profissionais, se não há intenções de trazer mais um lateral.

Lateral-esquerda

Egídio é um gênio? Jamais! No entanto, baseando-me na disponibilidade financeira do Flu e no próprio mercado tupiniquim, que não apresenta novidades incontestáveis, enxerguei a sua chegada como bola dentro da diretoria. E ele é o lateral que melhor executa os tais cruzamentos… São passes, de fato!

Os melhores laterais-esquerdos brasileiros, recentemente revelados, são Renan Lodi, que já se mandou pra Europa, e o volante-meia improvisado Caio Henrique, que desfilou o seu bom futebol em 2019 com a nossa armadura. Os demais destaques da posição por aqui são os veteranos Felipe Luís, do Fla, e Fábio Santos, do Galo.

Talvez o Diogo Barbosa, que foi do Cruzeiro, Botafogo e hoje anda pelo Palmeiras, e o Guilherme Arana, que foi sondado pelo Fluminense, mas fechou com o Atlético-MG, fossem boas apostas, mas a falta de recursos não permitiu que o Mário investisse nestes jogadores, creio eu.

O Orinho… Bem, sobre o Orinho eu já destilei o meu inconformismo aqui mesmo neste espaço! Disse, à época, que não entendia o porquê de um atleta como ele estar nas Laranjeiras!

Disse mais: como a nossa gestão cede o Mascarenhas, que não representa uma proeminência futebolística, à Europa, por empréstimo, com preço fixado, para manter o Orinho? Precisamos de divisas? OK! Fato! Mas o viés técnico muitas vezes deve sobrepor as necessidades econômicas, a meu ver. E não entendo que o empréstimo, seguido de venda, do Mascarenhas resolverão as nossas pendengas financeiras.

Antevejo sérios problemas, quando o Egídio não puder estar em campo. Vai ter muito tricolor taquicárdico, nestas ocasiões!

Isto é, creio que Mário, Angioni e cia. devam ir ao mercado… a lateral-esquerda hoje é mais do que um ponto cego no elenco tricolor.

Ataque

Apesar das boas (novas) opções, enxergo umas poucas janelas destoantes para o quesito equilíbrio.

Fernando Pacheco parece ótimo, vamos aguardar. Caio Paulista pode ser uma boa aposta. Marcos Paulo é joia de Xerém, e já é cobiçado pelo mundo da bola. Preciso descrever algo mais? Wellington Silva, livre dos males pubianos, também representa um bom reforço. E o Evanilson é fera, mete gols em profusão, mas temo que a sua saída seja iminente, mesmo tendo assinado contrato por dois anos.

E ainda temos o Miguel e o Michel Araújo, que são meias, mas podem fazer o lado de campo sem sustos.

Todavia, os demais jogadores para a posição causam-nos temores intermináveis.

Mateus Alessandro é o vagalume mais recente do futebol nacional. O menino acende e apaga dentro de uma mesma peleja, por vezes. Ademais, também não o vejo como atleta para figurar no nosso grupo de jogadores… Ele não tem condições de mudar o rumo de um confronto, mesmo sendo esforçado, veloz e atrevido, quando o treinador solicitar os seus serviços.

Pablo Dyego, no meu entendimento, não serve. Ele representou um dos maiores equívocos da nossa administração, quando resolveu estender o seu vínculo no Laranjal. Ele é corredor e esforçado, mas o manto tricolor pesa sobre os seus ombros!

Felippe Cardoso demonstra ser a antítese do jogador de bola… Sim, porque ele não consegue sequer matá-la, ao menos colocá-la no gramado! Do umbigo para baixo, tudo pra ele é canela. E canela dura! Canela de bate e volta! Para cima também! Sob meus auspícios, este foi o segundo maior equívoco da diretoria, depois da renovação com o Pablo Dyego!

Lucas Barcelos também não é atleta para o Fluminense. Não sei se os leitores do Explosão têm na memória, mas outro dia mesmo eu escrevi aqui, neste espaço, que acompanho o Lucas desde cedo, no Flu. Ele era reserva daquele sub-20 mais ou menos dirigido pelo Leo Perkovich. E nunca entrava bem! Não é possível que tenha se tornado o Garrincha do dia pra noite, né não?

Portanto, entendo que Matheus Alessandro, Felippe Cardoso e Lucas Barcelos podem ser aproveitados no sub-23. Não sei se darão conta do recado por lá, mas no time de cima é líquido e certo que não serão capazes de nos alegrar. E o Pablo Dyego eu colocaria em disponibilidade – ou o mandaria para um sub… marino. Quem sabe ele não se torne um ótimo marujo?

Para as vagas dos quatro, eu daria umas poucas chances ao Matheus Pato – sei que insisto nesta tese, mas, como já revelei, no meu conceito, treino é treino, jogo é jogo, parafraseando o Mestre Didi. E ainda subiria definitivamente três joias de Xerém, como Luís Henrique, Kaká, Samuel ou Macula. Ah, e ainda tem o folhetim envolvendo o nome do Fred, novela de dar inveja a Janete Clair, grande romancista e dramaturga tupiniquim. Quem sabe…

É isso! Sinceramente, vejo com bons olhos, no geral, essa montagem de elenco do Fluzão para a longa temporada. Estamos melhores servidos atualmente do que em situações passadas recentes. É ver, esperar e torcer para uma campanha digna em 2020, em todas as frentes. Eu acredito!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon