Interrogações




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.



Interrogações

Buenas, tricolada! Hoje quero propor algo diferente aqui no Explosão Tricolor. Pretendo questionar os rumos deste (bom) time do Fluminense em 2020… Sim, creiam, ele é bom, comparando-se aos últimos grupos de jogadores montados no Laranjal e a média de qualidade da maioria dos demais coirmãos. E também um apanhado geral sobre o embate deste domingo à tarde, pelo Cariocão.

De antemão, listar críticas depois de um 5 a 1 a favor beira a doidice. Pois é, metemos cinco pombos no Madureira, na estreia da Taça Rio. Mas o gesso foi mantido no primeiro tempo de peleja, especialmente na meiúca, escalada com três volantes – em teoria.

Eu sei, não preciso ser lembrado, o torneio e os adversários não devem nos iludir. Sempre é oportuno mencionar estes detalhes.

Parafraseando o bordão do locutor esportivo Mílton Leite, sigamos o jogo.

Saldo devedor

Muriel, inquestionável na temporada anterior, parece-me ausente. Sem tempo de bola, vacilando nas saídas da meta, com reflexos menos apurados e demonstrando a contumaz dificuldade com os pés, a nossa muralha ainda não conseguiu repetir as boas atuações de outrora.

Falhou no gol do Madureira? Não sei, sinceramente! Hora de Marcos Felipe? Talvez, quem sabe. Ao menos até que o titular recupere a forma e a confiança.

Nino começou a cometer equívocos na saída de jogo, saltar atrasado nas bolas alçadas na nossa área, errar nas coberturas e demonstrar lentidão em alguns lances. Vamos perdoá-lo? Sim! Vários são os motivos. Voltou agora da Seleção Pré-Olímpica, fez apenas a sua segunda apresentação como titular, trata-se do nosso segundo melhor zagueiro, a meu ver, atrás do Maldini Ferraz, etc etc etc. Caramba, mas ele estava em atividade! Mais atenção, meu beque!

Bem, o Digão é uma incógnita! Ele faz ótimos cortes e antecipações improváveis, mas, em contrapartida, assiste às bolas viajarem de um lado pra outro enraizado na nossa zona de perigo. Em quase todos os cruzamentos está mal colocado, chega atrasado e sai esbravejando contra algum companheiro, que supõe e imputa responsabilidade.

Será mesmo que as tais dores do Matheus vêm impedindo o seu retorno imediato ao onze principal?

Gesso e liberdade

Para encarar o poderoso  Madureira, Odair Hellmann não teria que usar necessariamente três volantes. Em tese, o Yago sabe fazer o terceiro ou quarto homem de meio-campo, mas os tricolores de uma forma geral vêm pedindo a sua escalação como segundo volante. Ali ele renderá mais e isto parece límpido.

Yago fez uma excelente primeira etapa, ainda que fora de sua real posição, mas o meio permaneceu engessado. Yuri e Hudson, bons marcadores, têm dificuldades na transição, especialmente o camisa 5.

Aliás, o Yuri sente mais peso no momento de distribuir as jogadas e o Hudson, ao contrário, peca na recomposição – não detectei a verdadeira origem destes males. Ou melhor, trocando em miúdos, o Yuri não tem a qualidade de uma meia, e o Hudson, no São Paulo, não demonstrava tal ponto cego.

Mas o fato é que o meio-campo requer mais dinâmica, rapidez e clarividência, e estes três exercendo funções (quase) similares no setor não promoverão a fluidez necessária.

Oras, será que o nosso treinador tem que gastar uma – ou duas – (boa) substituição para se aproximar da escalação de meio que todo torcedor sonha? Qual a razão de ele não começar um confronto dispondo dos atletas que melhor representariam – em termos de exercício, velocidade e profundidade – aquele departamento? Convicções ou abraços intermináveis na teimosia?

Ele retirou Yuri e colocou o Miguelzinho, recuando o camisa 20, Yago, para a volância, e logo depois sacou o Evanílson para efetivar o Pacheco.

A região mais criativa de uma equipe de futebol transformou-se imediatamente… O meio com Hudson, Yago e Miguel passou a ditar o ritmo do duelo, e o pobre tricolor suburbano cagou sangue. E olhem que o Yago cansou um pouquinho, na metade do tempo complementar. Como eu e muitos outros admiradores do bom desporto vibraram com esta escolha!

Ufa! A tal liberdade de jogar bola que tanto cobramos!

Peça de xadrez

Neste jogo de tabuleiro adorado pelos cabeçudos, mover um simples peão requer sabedoria e estratégia. Ah, e conhecimento de causa!

Assim que o Marcos Paulo foi deslocado da ponta-esquerda, onde rende menos, visivelmente, para o centro, como meia-atacante e depois como centroavante, o Flu foi soberano.

O moleque de Xerém fez ótima partida, acompanhado de perto por Egídio, Hudson (no segundo período), Yago (na primeira etapa), Evanílson e Wellington. Mas, é verdade, a equipe começou a funcionar melhor após o susto do tento adversário. Até quando vamos ser vazados por times sem expressão neste 2020?

Como descrevi lá no começo, bolas cruzadas sobre a nossa cozinha é um Deus nos acuda! Haverá instantes neste certame, em determinados duelos, em que não teremos chances de reversões. Talvez amarguemos derrotas imponderáveis – ou desclassificações, como aquela diante do La Calera – que comprometam a própria performance do time no decorrer do ano.

Epílogo

Vem aí mais um confronto decisivo, pela Copa do Brasil. O Flu vai encarar o Botafogo da Paraíba e, cá pra nós, a obrigação de avançar de fase é somente nossa, especialmente porque o jogo é no Maraca, na próxima quarta-feira. Numa boa, sem essa de gesso! Sem essa de time modorrento! Sem essa de meiúca travada! Odair Hellmann não pode esquecer da máxima: somos o Fluminense Football Club!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon