Condição física, braçadeira de capitão, planos de aposentadoria e muito mais: leia a entrevista coletiva de Fred




Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC



Fred concedeu entrevista coletiva no fim da manhã deste sábado

Após o treino da manhã deste sábado (27), o centroavante Fred atendeu a imprensa no CT Carlos José Castilho. O atacante falou sobre a expectativa para reestrear com a camisa tricolor, relação com o Fluminense, qualidade do elenco, encaixe do time, condição física, braçadeira de capitão, planos de aposentadoria e muito mais. Leia abaixo a íntegra da entrevista coletiva:

Ansiedade pela reestreia

“Eu estou muito motivado, muito ansioso para a estreia. O professor perguntou se eu gostaria de participar já no primeiro jogo devido ao longo tempo sem um jogo oficial, apesar dos treinos estarem sendo bem fortes nesse tempo que não rolou futebol no país. Me sinto bem preparado, é o mesmo ambiente que deixei quando saí, todo mundo bem unido, time leve, motivado pra fazer um grande ano. Tenho certeza que tudo vai dar certo e já vai começar amanhã nessa estreia. O objetivo é fazer gols e buscar a vitoria, que é muito importante pra nossa classificação.”

Ausência da torcida no estádio

“Não tem dúvida que se estivesse tudo normal, com torcida, ia estar lotado o Maracanã. Porque foi assim em 2009 e em vários jogos. Tenho certeza que seria de novo pela movimentação que estou vendo da torcida, do clube… Por esse momento que todos estão passando em casa, todo mundo louco para ver os jogos. Pela campanha em redes sociais, partindo dos próprios torcedores, está sendo bem bacana.”

Artilharia do Nilton Santos 

“Sei sim (da possibilidade). Minha assessoria falou que faltam dois gols para alcançar o Loco Abreu como artilheiro do Engenhão. Já tenho mais um objetivo aí. O principal é ganhar, e vou tentar fazer pelo menos um gol para estrear bem. É um objetivo extra saber que se fizer pelo menos dois vou estar igualando. Lógico que todos esses números têm que aparecer de forma natural, mas motiva, isso é legal. Quem sabe vou poder escrever um pedacinho do meu nome no Engenhão, um estádio importante para a gente, onde conquistamos dois brasileiros, onde a gente conhece também os atalhos. Lógico que não abrimos mão do Maraca, que é a nossa casa, pelo charme, mas onde jogar vamos dar a vida para fazer gols.”

Condição física

“Estou bem. Consegui treinar bem esse período aqui, todos os dias com bola. Devido à rapidez que marcaram a nossa volta não tivemos tempo de preparação ideal, mas o Fluminense já vinha fazendo um trabalho de treinamento em casa, participei se não me engano de oito dias, via a dedicação de todo mundo. Foi uma montagem de trabalho muito bem elaborada pelo Marquinho (preparador físico), Juliano (fisiologista), da comissão inteira, e depois viemos para a bola. Todo mundo treinando bem, estamos aptos a fazer o melhor já nesse jogo de amanhã. Claro que ninguém vai estar nas condições ideias, mas a partir do momento que põe a camisa do Fluminense e entra em um jogo oficial você vai dar seu melhor. Fisicamente me sinto muito bem e isso ajuda muito na parte técnica. A maior deficiência vai ser essa parte técnica devido ao longo tempo sem tabelar, sem tempo de bola para girar em cima do zagueiro… Isso vai pegando com os jogos.”

Risco de lesão 

Quem é da área sabe, da parte mais técnica. Correr é uma coisa, botar a chuteira é outra. E treino é treino e jogo é jogo. Tem que fazer mais força, e o risco realmente existe, mas nós, jogadores, já saiu da nossa área. Entrou lá tem que entregar o máximo até conseguir. Teve algumas coisas para proteger minimamente, aumentaram o número de substituições, acho que todas as equipes vão usar. Mas foi um período curto, não é ideal pela parte física e clínica dos atletas e pela parte humana de tudo que está acontecendo.

Importância do Campeonato Carioca 

“O Carioca é importante para qualquer time. Se fizer jogo-treino aqui e perder, vai sair na imprensa que perdemos. Temos que ter noção da responsabilidade do Carioca, que é especial para qualquer equipe. Quando alguém fala para tirar o mérito é mentira. Pode não ter a importância de um Brasileiro, mas derruba treinador, desestabiliza ambiente de grupo… E a gente entra para buscar a liderança geral, que pode nos levar à condição de maior tranquilidade para uma final geral. E nos anteciparmos para garantir o segundo turno. Vamos dar a vida. Estamos confiantes para esse jogo, não vai ser fácil.”

Relação com o Fluminense

“Eu vi quando minha esposa, que não entende nada de futebol, falando: “É diferente quando você põe a camisa do Fluminense”. Lógico que ela faz marcação forte nas redes sociais para ver quem está mandando mensagem (risos), mas só viu tricolor elogiando, mandando carinho, falando que vai apoiar do início ao fim. Sempre deixei muito claro que o Fluminense foi o lugar que mais me transformou, tanto como atleta quanto de caráter como pessoa, ser humano, devido às coisas que conquistei, às dificuldades que passei no clube e que considero grandes vitórias quando saí daquilo. É o clube que tenho mais história, onde recebi mais apoio. Tenho certeza que vou poder retribuir dentro de campo. E fora de campo, o que precisarem estou 100% disponível para dar a minha vida ao clube.”

Posto entre os maiores ídolos tricolores

Não consigo me enxergar nesse nível. Olhar para Washington, Assis, Castilho, o maior de todos, Romerito… Esses três (fora o Castilho) que na minha história me relacionei muito, caminhei junto nas Laranjeiras, via como que a torcida tinha um carinho muito grande por eles. Via o tamanho desses caras e não conseguia me imaginar próximo deles. Me surpreendeu muito essa pesquisa, me deixou emocionado, contente, porque conseguiu me fazer enxergar como a torcida olha para mim. Aumentou minha responsabilidade, meu amor pelo clube, e vou fazer de tudo para corresponder. Deus está dando mais uma chance de fazer o que amo, que é jogar futebol, e com a torcida que me entende, dá carinho, sabe me cobrar, dá a mão para eu ressurgir das cinzas. Estou muito empolgado. Tenho certeza que nos próximos dois anos vou poder continuar essa história maravilhosa.

Expectativa para a segunda passagem pelas Laranjeiras

“Eu estava sentindo falta dessa cobrança, desse peso. No Fluminense é diferente, e minha preparação se torna diferente também: me dedico mais, sei da minha responsabilidade. E um ponto bacana é que dentro de campo vai continuar a mesma coisa, momentos bons e outros não tão bons, mas o mais importante é entrega, dedicação, no dia a dia vai ter sempre. E em momento algum tive medo de manchar qualquer situação minha aqui. A atitude mais covarde é negar um lugar que você ama, tem prazer em estar, para preservar a história que você tem. Enxergo diferente, que tenho bons capítulos para escrever novamente coisas bonitas e marcantes nessa relação. Estou muito esperançoso, confiante, com fé em Deus que as coisas vão ser bem melhores que a primeira passagem. Não tenho dúvida disso.”

Felicidade pelo retorno ao clube

“Todo início de ano tem que resgatar algo, tirar algo de dentro para ser melhor que no ano anterior. Nosso ano passado foi péssimo. Eu ainda fiz 21 gols, participei de 10 assistências, para o individual foi ruim apenas, mas o coletivo fala sempre mais alto. Acho que as coisas que acontecem no ano de cada atleta abrem muitas portas e fecham. A todos os atletas que fazem campanhas coletivas ruins as portas mais fecham. Passei um momento quando paralisou o futebol brasileiro: “Acho que agora deu”. Fui para roça, colei no meu pai, fiquei um mês, dois e falei: “Vou parar de jogar”. Até que o Chico, meu preparador, me chamou e falou: “Vamos dar a vida”. E vinha sempre conversando com Mário, que falava: “Vem para cá”. Comecei a treinar, me dedicar, me cuidar. E quando você começa a entrar nas redes sociais e tomar só coisa para cima da torcida, começa a criar um sonho, colocar um objetivo. Falei que era o único lugar que vai me resgatar novamente. Aqui é diferente. A camisa 9 do Fluminense é diferente. Se qualquer um pegar e colocar ela, vai fazer gol sozinha. Era a chance de ouro de estar perto das pessoas que me amam, que eu amo, e no clube que sempre sonhei encerrar a carreira e fazer parte da historia para o resto da vida.”

Demora para a volta 

“Sei que muitas coisas que acontecem não é da forma que a gente queria, mas sou um cara que crê muito em Deus e ele nunca erra com a gente. Ele tem melhores planos, melhores caminhos, ele usou o Mario, a diretoria, convenceu meu coração, e nessas duas semanas que estou aqui só estou sentindo coisa boa. Estou leve, feliz, meu coração explodindo de felicidade. Tenho certeza que vão ser as mesmas coisas que passei naqueles oito anos aqui. Sempre gratidão, respeito, erros, acertos, mas dedicação intensa, 24 horas ao clube. Agradeço a Deus por ter proporcionado isso. Mesmo nos dias longe eu estava observando. Aí que consigo olhar e dar mais valor ainda para essa camisa, esse ambiente, por tudo que é construído de fora para dentro.”

Planos de aposentadoria

“Tomar a decisão de parar pode ser uma coisa momentânea, mas tem que ser mais programada. Mas essa planejei, e essa data foi muito simbólica para marcar mais ainda para mim e a torcida, encerrar meu ciclo nessa data (aniversário do clube em 2022). Vai ser uma festa maravilhosa e me deixaria completamente feliz. Estou programando para tudo isso acontecer mesmo e aposentar. Vamos ter aí com certeza jogadores para colocar a 9 e fazer muitos gols. Se o Evanilson estiver aqui ainda, vai estar bem representado.”

Qualidade do elenco 

“Aqui no clube temos cinco a seis jogadores que podem desequilibrar com drible, arrancada, bons finalizadores, o Evanilson voando… Deu para ver que ele é muito acima da média, vai fazer muitos gols esse ano. Está aprendendo muito posicionamento, com 20 e poucos anos mostrando que faz diferença. E Nenê e Ganso quando pegam na bola é só fazer meio movimento que vão te achar. Estou muito empolgado. Comentário que fiz com o Odair foi: “Parece que a bola vai chegar muito para mim”. Vou me concentrar bastante para colocar para dentro.”

Braçadeira de capitão

“Não conversei nada com o Odair. Não sei o que ele vai optar. Mas temos perfil de jogadores que falam, orientam, cobram, como o (Matheus) Ferraz, Hudson… Quem ele colocar está bem representado. Não faço tanta questão nem de número e nem de faixa de capitão. Se precisarem, estou disponível para qualquer coisa. Mas tinha que dar a faixa para mim porque fiz dois gols hoje no rachão e ganhei do time do Nenê, para deixar bem claro (risos).”

Encaixe do time (Fred, Ganso e Nenê)

“A preocupação maior é do professor. O Odair teve muito sucesso com Guerrero e D’Alessandro jogando no mesmo perfil. Acho que tem que deixar bem claro, hoje com a idade lógico que não vamos ter a performance física que tínhamos com 20 anos, mas podemos entregar bem os resultados. O Odair nem citou esse exemplo (Guerrero e D’Alessandro) para mim, mas você falando agora me veio à memoria esses dois jogadores e deram super bem no Inter e jogavam juntos. O que o Odair optar, pedir para fazer, o que for melhor para o grupo vai ser feito. Se jogar os três for melhor para o Fluminense, vai ser assim. Se forem jogar dois, um ou nenhum, o que for melhor para o clube. Dentro de cada jogador, seja de 16 anos, caso do Miguel, ou de 36, todos querem fazer gol, dar passe, ser importante. Vamos ver o que pode acontecer, vamos adaptar muita coisa. Em contrapartida, o elenco nosso é muito veloz, ágil, forte também. Creio que vai ter um equilíbrio bom. Hoje no futebol ninguém quer todo mudo jogando só para frente ou para trás. Na tática, na combinação de jogadores, dar um casamento legal.”

Velocidade da equipe 

“De ponta aqui temos jogadores de muito drible, muito rápidos. Tem o peruano (Fernando Pacheco), o Wellington Silva, o Matheus (Alessandro), o Marcos Paulo, que joga de segundo (atacante) também e é muito inteligente, qualidade. O Evanilson, que é muito rápido e cheira gol, estou chamado ele para encostar quando (a bola) estiver do lado contrário, acho que também podemos jogar juntos. Quando vai formar um grupo, não adianta ter um monte de jogador rápido e não ter um Ganso, um Nenê, esse jogador que acha o espaço. O rápido não vai achar porque não é a característica dele. E também ter um cara que faz gol ou dois finalizadores e não criar situações para eles. Tem que ter um equilíbrio.”

Estrutura do CT Carlos Castilho 

“O que mais me impressionou é que eu estava acostumado com as Laranjeiras, e lá eu não tinha uma estrutura muito grande, tinha o básico necessário, mas a sensação era que faltava muita coisa. Quando entrei aqui até elogiei, como está dando uma estrutura boa. Temos três campos aqui, campo bom, academia muito boa, fisiologia muito boa. Essa estrutura de pessoas trabalhando intensamente, a estrutura que o CT nos proporciona, dá uma paz muito grande e nos oferece muita coisa para evoluirmos a cada dia aqui. Está de igual para igual com qualquer clube do Brasil.”

Relação entre diretoria, comissão técnica e jogadores

“A relação de transparência da diretoria, comissão técnica e jogadores, não estou vendo distância de jogador para comissão e diretoria. A coisa está tão natural, respeitosa, transparente, que me chamou a atenção. E não só eu a enxergar isso, nos comentários nos bolinhos no treino, nos nossos grupos.”

Música da filha de Mário Bittencourt 

“Recebi ontem à noite e fiquei bastante emocionado. Muito bonito, ainda mais partindo de uma criança. Gostaria muito de a torcida tricolor levar essa música para a arquibancada, ia mexer muito comigo.”

Agradecimento a Evanilson 

“A 9 não pode aposentar nunca. Ela faz gol sozinha, aposenta qualquer uma, menos a 9 (risos). Falando nisso, conversei com o Evanilson quando cheguei, perguntei se ele fazia questão (do número 9) porque qualquer coisa eu usaria a 99. Tem jogador que gostaria, tem esse desejo, eu expliquei que tinha um plano de marketing, mas isso eu conversaria tranquilamente, mudaria para 99, mas ele disponibilizou. Quero agradecer publicamente a ele pelo carinho e respeito.”

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Por Explosão Tricolor

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