Impressões sobre o Orçamento do Fluminense para 2021

A proposta de Orçamento do Fluminense para o ano de 2021, apresentada pelo Conselho Fiscal, já está circulando em todas as redes sociais tricolores. Ela será votada pelo Conselho Deliberativo no dia 29 de dezembro.

Pelo que li no documento, a linha adotada é bem conservadora. Isso é bom ou ruim? Na minha visão, é o correto. Ainda mais tratando-se de futebol, pois não dá, por exemplo, para projetar conquistas de títulos ou até participações em fases finais de competições eliminatórias com um investimento tão modesto. Porém, isso é uma visão exclusiva de quem é responsável pelas finanças.

É importante ressaltar que a finalidade do Orçamento é a de apontar estimativa de receitas, custos e investimentos. De certa forma, ele sinaliza quanto o clube pretende gastar. Sendo assim, todos ficam sabendo de antemão se há dinheiro disponível para contratações e investimentos ou se a intenção é a apenas a de arrumar a casa.

Segundo consta na proposta orçamentária para o próximo ano, o Fluminense pretende gastar R$ 13,6 milhões com o seu futebol profissional. Do montante total, R$ 5 milhões seriam para contratações de jogadores. Valores baixos para um dos gigantes do país, mas que refletem a dura realidade financeira do clube.

Ainda sobre a proposta de orçamento, há uma previsão de déficit de pouco mais de R$ 2,3 milhões para os Esportes Olímpicos. No entanto, um ponto me chamou atenção: a questão das Certidões Negativas de Débitos (CND`s), conforme consta no trecho abaixo:

“Vale ressaltar que ao abrirmos as receitas dos EO’s, constatamos que R$ 6.700.000,00 estão previstos como oriundos de Patrocínios Incentivados. Sabemos que para esta receita se tornar minimamente viável, o clube precisa obter as CND ́s (Certidões Negativas de Débitos)”.

De acordo com o vice de Esportes Olímpicos, Márcio Trindade, o vice de Finanças, Paulo Veiga, informou que está se movimentando em várias frentes para viabilizar a emissão das CND`s, porém, ele também destacou dois pontos:

– A venda de atletas na última janela de negociação com o mercado Europeu foi muito decepcionante, principalmente, em razão de impactos adversos que a Pandemia COVID19 causou não só sobre as finanças dos clubes europeus ao longo de 2020 mas, também, sobre a incerteza de retorno a uma normalidade. No curto prazo, as contas do Clube estão muito justas sem espaço para quitação de débitos fiscais em atraso.

– O clube projeta um grande alívio financeiro quando da reabertura da janela de negociação com Europa, ocasião na qual poderemos obter as CND’s e nos qualificarmos para o levantamento de verbas incentivadas direcionadas para Esportes Olímpicos.

O Conselho Fiscal também ressaltou a preocupação com o impacto da pandemia do coronavírus, pois o comportamento do mercado ainda é um grande ponto de interrogação, em especial, na Europa, que é o continente que mais contrata jogadores. O apetite de investimento e, principalmente, as formas de pagamento são algumas das maiores preocupações.

De uma forma geral, achei a proposta bem pés no chão. Só acho que o clube precisa funcionar com mentalidade empresarial. O futebol, por exemplo, está muito comprometido por conta de contratos longos e caros com jogadores veteranos que não darão qualquer retorno financeiro ao Fluminense. Como é que a roda tricolor vai girar nesse cenário?

Outro ponto que merece ser questionado é a baixa produtividade da Área Comercial/Marketing, que não consegue gerar receitas relevantes. Até quando? A marca é gigante, já está mais do que provado que é só ter disposição, criatividade e coragem.

Por último, não é de hoje que falo sobre o elevado valor do BackOffice. Já passou da hora do clube promover uma profunda reestruturação em todas as áreas e, principalmente, adequá-las de acordo com a sua realidade financeira até mesmo para o futebol receber maiores investimentos, pois a bola não entra por acaso!

Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo