(…) no caso do Fluminense, o diminutivo nasceu quando? Precisamente, há oito anos, ou seja: — em 51. Começamos, naquela ocasião, com um time que parecia uma vergonha. Se virássemos esse time pelo avesso, se o vasculhássemos de alto a baixo, se o espremêssemos até a última gota, não encontraríamos, lá, um cobra. Talvez Castilho. O resto era uma garotada infrene. Tudo novo, tudo imaturo, tudo começando. O neutro olhava a escalação da equipe e concluía: – ‘São uns cabeças-de-bagre! Uns pernas de pau!’ Foi, então, que nasceu o diminutivo exato: — ‘Timinho!’ Amigos, poucos apelidos terão tido um êxito tão instantâneo. Imediatamente, todo o mundo só viu o Fluminense como um irremediável ‘Timinho’.”
Jornal do Brasil – 1959 – Nelson Rodrigues
A opinião de um cronista não pode ter a imodéstia do juízo final. No começo da competição, eu era um dos alarmistas que, escatologicamente, prenunciavam o desastre da temporada. Com a ênfase de todos os equívocos, eu tolamente exclamava: vamos lutar para não cair! A verdade é única: todos nós estávamos enganados quanto ao potencial do atual elenco do Fluminense. Um elenco modesto, ‘’barato’’ e, até agora, competitivo. Docemente, o futuro desmascarou minha falsa e enganosa profecia. (…) Não se trata de estatística, de compactação das linhas ou transição defensiva – estou falando da mística. Um time precisa de uma alma mística. Repleto de medalhões ou jogadores da base, um time é antes de tudo a sua força espiritual e metafísica. O Fluminense de 2020 pode ser o de 1951. Para tal, contudo, é preciso procurar o mistério, a alma do jogo, a mística do timinho.
Explosão Tricolor – 2020 – Teixeira Mendes
Começo o texto com duas citações. Uma do lendário e nobre escritor Nelson Rodrigues e, a outra, do roto e comum torcedor que vos escreve. Desde a ‘’era Odair’’, o torcedor que acompanha minhas crônicas no Explosão Tricolor conhece minha obsessão – o Fluminense precisa do renascimento da mística. Combinando atuações medianas, ruins e satisfatórias, o Time de Guerreiros fez uma campanha surpreendente no Brasileirão. E, mesmo assim, eu insistia: precisamos da mística, o Pó de Arroz é a sua alma imortal, sua força extraterrena, sua mística vencedora! Apelei até mesmo para uma improvável empatia entre Hellmann e Zezé Moreira. Fracassei, amigo leitor! Exige dos fatos uma coincidência impossível!
Com Marcão, o Time de Guerreiros teve um começo cambaleante. A desconfiança retornou e o humor da massa exibia uma única e solitária esperança – que venha o gol cagado! A sorte, amigo torcedor, já teve nome mais nobre – Leiteria. Já escrevi algumas vezes sobre a Leiteria Metafísica. Eis o ponto nevrálgico da temporada: a sorte está do nosso lado, a mística renasceu! O time de Marcão Oliveira, contudo, não contou apenas com a sorte. Em diversas partidas, o Nense foi competente, jogou bem, passou confiança e parecia haver engrenado na competição.
Mesmo depois do frustrante empate contra o Santos, um balde de água fria, o Flu ainda mantém viva a chance de classificação para fase de grupos da Libertadores. A vitória do Botafogo sobre o São Paulo foi um sinal. A sorte não apenas faz gols para o Fluzão, mas também ‘’manipula’’ os resultados da rodada. Repito: a sorte está do nosso lado! A sorte e as coincidências. Coincidências? Sim, amigo Tricolor! E Deus está nas coincidências. No futebol as coincidências exibem coisas óbvias e ululantes e, o pior cego, é aquele que não é capaz de vê-las.
Lembro do ano de 2007, o Fluminense amargava um longo jejum de títulos nacionais. Renato Gaúcho chegou no meio da temporada, herdou um time desacreditado e, sem qualquer modéstia, afirmou: faltam sete jogos para o título da Copa do Brasil! Ninguém acreditou. Ninguém acreditava na afirmação de Portaluppi, ninguém acreditava no Fluminense. Do resto todos nós lembramos. O Tricolor fez uma bela campanha e, com heróis improváveis, levou a taça do certame nacional. A jornada épica foi construída com gols importantes de Adriano Magrão. O gol do título, do triunfo, foi marcado pelo novo treinador – Roger Machado. E o leitor poderia perguntar: onde estão as coincidências, cronista? Responderia: Nas personagens!
Há um sincronismo cósmico, metafísico e astrológico entre eles. Ambos são gremistas, multicampeões pelo time de três cores do sul e, quando veteranos, vestiram a camisa Tricolor e fizeram gols decisivos – Renato em 1995; Roger em 2007. Em 2007, Roger era treinado por Renato. Portaluppi era treinador há pouco tempo. O então técnico Tricolor precisava apenas de um grande título para consolidar sua carreira. Pasmem: esta é a mesma condição do novo treinador Tricolor. Roger Machado tem muito talento, mas lhe falta uma conquista importante, um grande êxito.
Como será o Flu Machadiano? Vencedor! E, com a ênfase da imodéstia, eu afirmo: Roger conquistará em 2021, o título que Portaluppi não conquistou em 2008! A mística renasceu: o Fluminense será o campeão da Libertadores de 2021! Roger Machado terá um grande destino como treinador do Fluminense…
Insisto: a mística renasceu, amigo leitor!
Teixeira Mendes
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03 ou 04 de março – Resende x Fluminense – Local indefinido
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06 ou 07 de março – Fluminense x Portuguesa – Maracanã
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9ª rodada
10 ou 11 de abril – Fluminense x Nova Iguaçu – Maracanã
10ª rodada
17 ou 18 de abril – Fluminense x Botafogo – Maracanã
11ª rodada
24 ou 25 de abril – Fluminense x Madureira – Maracanã
