Edson abre o jogo sobre o seu afastamento em longa entrevista. Confira!




A torcida do Fluminense fecha com o Edson (Foto: Divulgação)
A torcida do Fluminense fecha com o Edson (Foto: Divulgação)

Hoje, o volante Edson completa 52 dias sem jogar com a camisa do Fluminense. Várias teorias para o seu afastamento surgiram. Briga com o vice de futebol Mário Bittencourt? Excesso de bebidas alcoólicas? Ele garante que não, e acredita que seu erro foi ter insistido em jogar quando estava com insistentes dores na coxa, que o prejudicaram nos treinos e partidas. Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao portal Globoesporte.com:

O ano de 2015 foi de muitas e distintas emoções. Consegue fazer um resumo de tudo que passou?

Edson: Até aqui fiz um bom ano, até agosto mais ou menos eu estava jogando num nível muito bom. E acaba que você se desgasta muito, são muitos jogos, o calendário brasileiro exige esse tipo de situação. Então, acaba que comecei a ter dor no meu adutor, me incomodava nos treinamentos e nos jogos, e acaba que seu nível baixa mais um pouco. Mas o mais importante é a gente saber que tem potencial suficiente para poder voltar a jogar novamente. Isso é o mais importante.

Você jogou muito tempo com essa dor? Chegou a pedir para ficar fora?

Edson: Na verdade, eu que quis jogar assim. No jogo contra o Paysandu, que recebei uma cotovelada, já bem antes me incomodava também. Tive uma conversa com o Enderson (Moreira), ele perguntou se eu queria ficar fora, e eu falei que queria jogar. Tem uma hora que não vai suportar mais, acaba que o único prejudicado é o próprio atleta. Mas a gente está pronto para voltar 100% quando o treinador optar.

Em algum momento alguém pediu que você ficasse fora para tratar das dores?

Edson: Quem queria era o Enderson. Mas jogador sabe como é, quer sempre jogar, estar à disposição. Fico chateado quando fico fora das partidas. Mas foi teimosia minha, e as coisas não saíram como esperado.

Mudou muito a sua rotina? De titular absoluto, xodó da torcida ao ostracismo…

Edson: É ruim. Você chega como um jogador que não é muito conhecido da torcida, e repente você tem uma carreira em outro patamar. Acaba acostumado a jogar todos os jogos, a saber que vai estar em campo no próximo. E acontece uma reviravolta muito grande, aí acaba não entrando nos jogos, cria uma angústia. Mas faz parte do futebol, e vou dar a volta por cima.

Quando você ficou livre das dores, sua ausência no time passou a ser uma opção técnica?

Edson: Não me foi dito nada. No jogo contra o Grêmio (no Maracanã), pela Copa do Brasil, acabou que entrei e joguei como lateral-direito. No jogo da volta, o sistema de jogo funcionou, deu liga. Se está dando certo, não tem motivo para mudar. Respeito meus companheiros que estão jogando. Quando era a minha vez, todos eles me respeitaram. Quando o treinador me solicitar, estarei apto para ajudar e fazer novamente um bom trabalho.

Neste seu período ausente, começaram a surgir boatos sobre os motivos de sua saída do time. Primeiro, um desentendimento com o vice de futebol Mario Bittencourt. Depois, supostos problemas com excesso de bebida alcoólica. O que realmente aconteceu?

Edson: Sobre a questão do Mario, deixamos bem claro que não houve problema. Ele é uma pessoa querida, que eu gosto muito. Desde a minha chegada no clube me ajudou bastante. Sobre a bebida, o que aconteceu foi uma situação no jogo de Belém (contra o Paysandu). Alguns jogadores saíram à noite e me incluíram no meio, mas como que eu poderia sair se naquela partida se eu estava com o rosto todo deformado? Não tinha como eu fazer nada após um jogo daquele, em que saí com suspeita de fratura no nariz. Espero que os torcedores acreditem em mim. Não tem nada desse negócio de bebida. Se tivesse, eu seria o primeiro a falar. O maior prejudicado sou eu. se não estou jogando foi pela minha teimosia de jogar com dores. Todo jogador passa por uma fase difícil, mas vou pular esse obstáculo.

Sua relação com a torcida mudou depois deste período?

Edson: Graças a Deus não mudou. Tem um ou outro que xinga, mas nem Jesus agradou a todo mundo. Não vai ser o Edson que vai. Mas vou na rua e as pessoas me perguntam o que está acontecendo, dizem que eu teria que ser titular, etc.. Eu explico que tem um companheiro que está numa melhor fase, aí vamos levando. Mas é prazeroso se sentir importante para a torcida. Espero corresponder.

A ascensão que você teve te assustou em algum momento?

Edson: Não assustou. Sei do meu potencial. Temos que evoluir sempre, mas já mostrei o que eu posso render para o Fluminense. Futebol é dinâmico, não se sabe o que vai acontecer. Você está acostumado a estar jogando, jogando… aí tem uma reviravolta e acaba que é “esquecido”. Mas isso é fase. Passa.

Este ano mesmo, antes da renovação de contrato com o Flu, alguns clubes demonstraram interesse, como o Corinthians. Para a próxima temporada sua vida está definida?

Edson: Isso é relativo. Tenho um contrato com o clube que eu desejo cumprir mais estes dois anos e meio. É um clube que aprendi a gostar muito, me sinto feliz aqui. O futuro a Deus pertence. Se a diretoria e a comissão não quiserem contar comigo, infelizmente teria que procurar um outro rumo. Sou um cara feliz, porque meu trabalho sempre foi reconhecido, sempre houve interessados em mim. Se minha história acabar aqui, vai ter outro lugar para eu fazer uma história bonita também. Mas respeito muito o Fluminense.

Você está chateado por estar terminando um ano de uma forma tão diferente da que poderia ser?

Edson: Chateado eu estou. Todos cobram de mim o motivo de estar cabisbaixo… mas esse é o meu jeito. Não aceito. Sou um cara que venci na vida, graças a Deus. Não vou estar feliz na reserva. Quero jogar, não vim para o Fluminense para ficar no banco. Quero ajudar o time, o clube, mas temos que respeitar os companheiros.

Você já teve ou pretende ter uma conversa com o Eduardo Baptista sobre a sua situação, para saber se está nos planos para o ano que vem?

Edson: Não adianta falar com o treinador e as coisas acontecerem diferente. Para falar comigo e acontecer outra coisa, prefiro o silêncio. A melhor conversa é dentro de campo, quando entra para jogar e tem que lutar. A conversa tem que ser essa. E basta. O treinador tem suas convicções, o jogador tem suas convicções… então, algumas vezes chega ao um denominador comum, em outras não. Sei do meu potencial, sei que tenho para onde correr. Quando o Eduardo solicitar, sempre estarei pronto.

Está sentindo faltas das brincadeiras dos torcedores, dos apelidos…?

Edson: Tem algumas brincadeiras que não são muito bem vindas não, né (risos). Mas eu sei do carinho da torcida, e, independentemente de qualquer coisa, só de estarem felizes com o jogador defender seu clube e sentir sua falta nos jogos não tem coisa no mundo que pague. Consegui conquistar isso com o meu trabalho.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Globoesporte