Conselheiro denuncia custo por sócio e gasto de R$ 10 milhões no Maracanã




Conselheiro denuncia alto prejuízo ao cofres do clube (Foto: Fluminense F.C.)
Conselheiro denuncia alto prejuízo ao cofres do clube (Foto: Fluminense F.C.)

Motivo de orgulho para a diretoria tricolor, motivo de preocupação a um grupo de conselheiros. A relação entre o Fluminense e o Maracanã, exaltada por ter custo zero ao clube, após mudança feita pela direção e pelo consórcio que administra o estádio, passou a gerar prejuízo aos cofres das Laranjeiras. É, ao menos, o que alega Humberto Menezes, membro do Conselho Fiscal. Ao revelar que o Tricolor tem de pagar R$ 10,37 por cada sócio da modalidade 100% futebol presente em jogo, o advogado denuncia um gasto de aproximadamente R$ 10 milhões em 2015 –  valor não previsto no orçamento elaborado no começo do ano passado. A direção do Fluminense alega benefício: aumento de R$ 2,5 milhões no lucro obtido nas partidas.

Humberto Menezes embasou as informações em voto contrário à suplementação orçamentária feita pelo presidente Peter Siemsen. Aprovado na sessão do Conselho Deliberativo, realizada em 28 de dezembro passado, a necessidade de ajustes nas contas, na casa dos R$ 35 milhões, ampliou a divisão política no clube. Os oposicionistas fizeram diversos questionamentos. Sobre valores, sobre a legalidade do novo acordo com o Maracanã e sobre o rito do pedido encaminhado pela direção.

– O Fluminense passou a pagar custos do Maracanã. E custos altos. O presidente do clube, além de tomar uma atitude fora do contexto administrativo e financeiro, não tinha nenhum centavo previsto no orçamento para o Maracanã. Ele fez um compromisso com o dinheiro do Fluminense sem ter autorização. Isso é gravíssimo. Isso pode gerar até impedimento. Ele trouxe prejuízo aos cofres do Fluminense. O orçamento previa apenas R$ 825 mil, gastos com logística de jogos. Foi pedido suplementação com despesa ao Maracanã. Sem explicar o motivo. Além disso, o Fluminense paga R$ 10,37 por cada sócio futebol 100%. O que não pagava. Juntando as despesas, o custo beira R$ 10 milhões – afirma Humberto, ao afirmar que a direção pretendia alcançar a homologação de gastos.

A mudança no contrato foi anunciada em maio em cerimônia feita pelo clube e pelo consórcio – o pedido de suplementação ocorreu em outubro. De acordo com Humberto, porém, o aditivo não foi assinado. O conselheiro explica que só obteve as informações ao questionar a direção tricolor. O contrato, estabelecido em 2013, é válido por 35 anos. Inicialmente, o Fluminense vendia ingressos atrás dos gols e o consórcio, nas áreas centrais. Na nova combinação, todas os setores são divididos entre as partes. No rateio, o Flu fica com 55% do bolo. E o consórcio passou a ter participação no lucro de 20% a 50% das novas adesões de sócios.

– O presidente Peter, ao fazer o contrato do Maracanã, não consultou os poderes do clube. Mesmo presidente, não poderia fazer um contrato tão longo, invadindo tantas gestões futuras, sem consultar os demais poderes do clube, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal. Alegava que o contrato era muito bom, que o Consórcio exigia confidencialidade. Sob essa alegação, foi aceito. Com o passar do tempo, eu e demais conselheiros confirmamos: o contrato, realmente, era bom. Dava lucro. Fluminense jogava lá, não gastava nada e trazia renda para casa. Apesar de ter sido feito fora dos padrões definidos pelo estatuto, era vantajoso. Acabamos engolindo a forma. Não polemizamos tanto o assunto. O contrato inicial era custo zero ao Fluminense. Porém, em 2015, o presidente do clube, mais uma vez, sem consultar ninguém, decidiu mudar o contrato. Desta vez, houve prejuízo. Ele justificou no Conselho Deliberativo que entendeu a dificuldade financeira do parceiro. Ora, entender dificuldade da Odebrecht? A Odebrecht, financeiramente, é muito mais saudável. Por que o Fluminense teria de abrir mão de receita para equilibrar um contrato? Se a Odebrecht acha ou achava que o contrato estava desequilibrado, que procurasse os meios legais. Era esse o caminho – completa Humberto.

Peter alega que a mudança é experimental. E, por defender os interesses do clube, não abriu mão de pode voltar à combinação original. O presidente justificou a troca por entender a dificuldade do parceiro e pelo aumento no lucro do Fluminense:

– A nossa receita em 2014 com o Maracanã foi de R$ 6,851 milhões. O custo, R$ 3,5 milhões (lucro de R$ 3,3 milhões). Em 2015, custo subiu para R$ 10 milhões, mas a receita chegou a quase R$ 16 milhões. Houve crescimento no resultado positivo ainda que a gente tenha modificado a operação. O contrato não mudou. O custo do Maracanã é do Maracanã. O custo de borderô, de federação, é do Fluminense. Há cobrança de INSS, a taxa de 10% da Ferj… Tudo isso é custo jogo, não operação. Ao falar no assunto, tem de conhecer. Caso contrário presta desinformação. Havia uma concorrência na venda entre consórcio e clube, o que causava um prejuízo. Não queria que um parceiro comercial tivesse prejuízo tão grande que inviabilizasse o negócio. Então, acho que foi uma coisa que melhorou o equilíbrio. O mais importante é que o lucro do Fluminense aumentou em relação ao ano anterior por jogar no Maracanã.

Em dificuldades financeiras, a Maracanã S.A., nos dois primeiros anos de funcionamento, teve prejuízo: R$ 48 milhões em 2013 e R$ 77 milhões em 2014, conforme balanço financeiro. É, por isso, que deseja devolver o estádio ao governo do estado do Rio de Janeiro. Algo que a administração pública não aceita. Flamengo e Fluminense tentam comprar a gestão do empreendimento.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Globo Esporte / Foto: Bruno Haddad / FFC

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