A crise que não surpreende

Desde sábado todos nós tricolores só falamos de Fred. Com razão. O Fluminense nos últimos anos era Fred e mais dez jogadores. Sempre. Não imaginávamos nosso time sem a nossa referência até outro dia, tendo em vista que o ambiente do clube parecia calmo. Mas tudo caiu por terra com o vazamento (ainda não pegaram o “Mário Fofoca”?) de uma insatisfação de Fred com Levir Culpi causada por uma discussão no intervalo da partida entre Fluminense e Madureira.

Estava na cara que alguma coisa aconteceria nesse sentido.

Primeiramente devemos nos lembrar que o nosso Fluminense não se despede como deveria dos seus ídolos em sua história recente. Muito por conta do mesmo motivo que pode levar Fred a sair do Flu agora: vaidade. Nossos atuais e futuros gestores têm que entender que o Fluminense é FOOTBALL CLUB, ou seja, clube de futebol. Os destaques são os jogadores que ganham campeonatos ou evitam catástrofes dentro de campo. Dirigentes, como os técnicos, são atores coadjuvantes. Mas essa turma quer muito o protagonismo.

Em algum momento, Peter e Fred começaram a falar línguas diferentes. Indicativo maior disso foi a mudança que Peter Siemsen fez no departamento de futebol. Todos nós constatamos em algum momento que a dupla Bittencourt / Simone não rendia no comando da área. Peter então contrata Jorge Macedo, que estava no Internacional. Internacional que DESPACHOU recentemente (Jorge Macedo estava lá) seu ídolo D’Alessandro para o River Plate. Hummm…

Depois disso, se decide contratar Levir Culpi. Nosso atual treinador no Atlético-MG se notabilizou por cobrar publicamente Diego Tardelli e Ronaldinho Gaúcho. Tardelli deu a volta por cima no Galo e cresceu após rusgas com o técnico. Mas convenhamos que a reviravolta do atacante é uma exceção a regra. Nenhum funcionário em nenhuma área profissional gosta de ser cobrado publicamente. Ainda mais o capitão do time. E o tom não foi mais ameno após o vazamento do racha entre os dois.

“É simples: se o jogador não está satisfeito, tem que sair. Foi assim com o Diego Souza, por exemplo. Não estava bem aqui, saiu para o Sport e agora está feliz”.

Não deveria ser simples. Não poderia ser simples. É o maior ídolo de uma geração inteira de tricolores. Difícil será desassociar a imagem de Fred do Fluminense. Estão matando os ídolos. Fred, D’Alessandro, Totti e Casillas são exemplos de um futebol que a cada dia deixa de ser religião para os “profissionais de gestão” que fazem questão de desmitificar os heróis.

E ainda tem o temperamento do Fred. O jogador quando estava no Lyon teve discussões via imprensa com o presidente do clube. A insatisfação do atleta começou quando deixou de ser o centro das atenções do clube devido a uma certa revelação francesa chamada Karim Benzema. Fred se mostrou várias vezes irritado com a situação e foi cobrado publicamente pelo mandatário. Aí o caldo azedou. Fred se mostrou irredutível e cravou que não jogaria mais pelo Lyon.

Foi assim que ele veio para o Fluminense. É assim que ele vai embora.

Tabelinha:

1- Agora se explica o investimento na contratação de Richarlison, ótima revelação do América-MG. Alguém previu algo parecido com o que está acontecendo agora.

2- Doído vai ser tomar gol do Fred. Se preparem, tricolores!

3- Pouco se falou sobre a PARTIDAÇA que o Fluminense fez contra o Volta Redonda. Time maduro que encarou um time enjoado. E ainda teve um golaço de Edson. Será a ressurreição do volante?

4- Peter tentando explicar a situação do Fred foi bizarro. Acho que nem ele se convenceu.

5- Independente de qual time que levará o Fred, vai sobrar uma grana boa no orçamento. Estamos de olho em como vai ser empregada.

6- E agora? Quem vai ser nosso ídolo?

Ruan Veiga / Explosão Tricolor