Pimenta nos olhos dos outros é refresco! E o Fluminense, não vai fazer nada?

Amigos Tricolores,

Taça levantada, todos vivos, festa da vitória, apesar de todos os episódios lamentáveis.

E fica a pergunta:

Vai ficar tudo por isso mesmo?

Definitivamente o lema da polícia mineira deve ser esse, o do título desta coluna. Vão gostar de pimenta (nos outros) assim lá longe…

Já na entrada do estádio, uma confusão só. Imaginem a cena: centenas de pessoas sendo imprensadas e empurradas em direção a uma entrada, com poucas catracas, sem orientação de nada e, no máximo, algumas grades que tentavam sugerir um caminho para filas, mas que ninguém via mais, naquele sufoco. Imprensados, acabamos chegando em cima de uma dessas grades, e então vieram conjuntos, com cavalos embaixo e sujeitos truculentos em cima, com sangue nos olhos e cassetetes nas mãos.

Organização zero, aliada a uma truculência gratuita da PM.

Jogavam cavalos para cima das pessoas, o que causava um apertamento maior, de pessoas tentando fugir da violência.

Um amigo chegou a ouvir de um PM:

– Vocês estão pensando que isso aqui é Rio de Janeiro? Vocês vão ver…

Mau sinal. Já vi que o Atlético paranaense era nosso adversário, mas teríamos naquela noite um inimigo de verdade.

Consegui entrar, já perdido da maioria do pessoal, até pensei que veria o jogo sozinho. Ali era cada um por si para entrar. Felizmente encontrei dois amigos da excursão.

Entrei com 5 minutos de bola rolando, e não vou me estender sobre o jogo, onde o Fluminense foi superior e ganhou o título.

O foco aqui é a covardia da polícia mineira.

No apito final, festa total em quase todo estádio, menos para a insignificante torcida paranaense, muito pequena, que logo deixou o estádio.

Aí veio o festival de horrores. E tudo começou com uma atitude espontânea dos jogadores, que correram para a arquibancada e subiram no alambrado. Lógico, alguns torcedores tricolores subiram também, e então a PM intercedeu, pedindo para os jogadores descer e mandando gás nos torcedores, no início de uma covardia.

Resposta daquele pequeno grupo, xingando os guardas, e pouco depois um pequeno grupo rompeu uma grade e invadiu o campo.

Os policiais então capturaram os caras com energia, mas, enfim, até aí ainda compreensível, pois não era mesmo para invadir. Conseguiram recolocar os caras na arquibancada, e então começaram um verdadeiro show de covardia.  Bombas e mais bombas de gás lacrimogêneo e/ou pimenta pra cima de toda a arquibancada, setor vermelho, onde eu estava. Indiscriminadamente. Quando o problema já estava contornado!

Balas de borracha sendo disparadas para cima de uma multidão! Teve gente atingida!

O pessoal lá de baixo subia desesperadamente, já sem conseguir respirar direito. O gás dominava todo o setor, e eles jogavam cada vez mais, querendo esvaziar o estádio na marra, no momento em que os torcedores queriam simplesmente assistir à entrega da Taça e à comemoração. Ali ninguém viu nada. Soube depois que até os jogadores sofreram com o gás, pois o vento levou todo aquele ar irrespirável para o outro lado do campo.

Na saída de pessoas desesperadas, muita gente chorando com a fumaça, tossindo, cobrindo o rosto com camisas. Vi mulheres, crianças, idosos, muita gente sofrendo sem entender aquilo tudo. Vi gente muito mal mesmo, sendo acudida por outros.

Frequento estádios há 45 anos, sou da Paz. Nunca na minha vida tinha respirado aquele hediondo gás, tão asfixiante. A torcida tricolor só começava uma bela festa, tudo já estava tranquilizado, as bandeiras estavam desfraldadas e a galera cantava seus cânticos, alegremente, já acostumada a grandes conquistas.

Em nome de que, tanta violência, meu Deus?

Como pode haver tanto despreparo? Quem pune esses caras? Quem os treina? Levam cartões amarelos? Vermelhos? Têm algum julgamento para ficar fora dos próximos jogos? Alguma espécie de punição? Governo do Estado? Ministério Público?

Podem matar gente, provocando tanta correria e pânico numa multidão. E as pessoas que têm alergias, problemas respiratórios? Vi gente passando realmente muito mal.

Uma atitude totalmente irresponsável, desproporcional, covarde… Condenável!

Vi inclusive funcionários do estádio revoltados, uma amiga nossa viu uma delas chorando no banheiro, revoltada e passando mal.

Fiquei muito tempo respirando com dificuldade, olhos ardendo. O gás invade toda a via respiratória e arde muito na garganta.

Juiz de Fora é uma bela cidade, nos recebeu muito bem. Pode a organização do espetáculo realmente ter falhado, talvez o estádio nunca tenha recebido um jogo de tanta importância, decidindo um título de tanta relevância, e com uma característica tão especial, de uma torcida enorme chegando de outra cidade, em carreata, a maioria em cima da hora do jogo.

A PM mineira foi uma vergonha!

O Fluminense fez alguma reclamação formal em nome de seus torcedores e até jogadores? Vai registrar sua revolta?

Vai ficar tudo por isso mesmo? Nenhuma explicação, pedido de desculpas? Alguma manifestação dos órgãos competentes?

Ou ficará tudo assim, para que outras vezes eles ajam da mesma forma inconsequente?

A ditadura militar acabou faz tempo, seus métodos não podem persistir!

Um título de campeão não pode acobertar tamanha covardia. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!

Com a palavra a diretoria tricolor e seu Presidente!

A torcida exige uma explicação para tanta covardia!

Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: CHEGA DE VIOLÊNCIA!!!

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor