O Ídolo e as Promessas




O ídolo e as promessas
O ídolo e as promessas

O Botafogo vencia o jogo por 1×0 quando a bola chegou ao lado esquerdo do ataque Tricolor, após bom lançamento de Jean. Eram 36 minutos da primeira etapa. Giovanni, nosso lateral esquerdo, poderia tentar dominar a bola e partir para a linha de fundo mas, ao invés disso, resolve dar um toque de cabeça em direção à grande área. Neste momento, Fred sobe para disputar de cabeça, mas faz um corta luz espetacular, deixando a bola limpa para Wagner finalizar. Wagner erra o chute, que sai como um passe para Kenedy bater, de chapa, sem muita força, mas com um senso de colocação surpreendente. A bola morre no canto direito do excelente Jefferson. Jogada de mestre de Fred, o ídolo. Jogada de mestre de Kenedy, a promessa.

Vinte e cinco minutos do segundo tempo. Marlon dá um chutão para frente. Próximo ao meio de campo, Fred sobe para disputar a bola com o zagueiro adversário e, percebendo o avanço de Gérson, mais uma vez, faz outro corta luz espetacular que mata a zaga botafoguense. A bola sobra para Gérson, 17 anos, primeiro jogo no Maracanã, que dá um pique de 50 metros. Não é o menino mais veloz do mundo, mas sabe tratar a bola, sabe chamar a redonda de você. Ele arranca, sempre com a bola colada a seu pé, quando recebe o combate de Marcelo Mattos. Eu imagino o que passou na cabeça do volante adversário: “vou puxar esse moleque, ele vai se desestabilizar, e vai cair. É muita pressão pra ele.” Ah, mas o garoto foi puxado de todas as formas. Tivesse outro jogador brasileiro na jogada, teria esperado chegar na área, e dado um salto acrobático em direção à marca do pênalti, aguardando apenas o improvável apito do árbitro da Federação. Mas Gérson se manteve de pé, protegeu a bola, ajeitou o corpo, e bateu cruzado, na saída de Jefferson. Jogada de mestre de Fred, o ídolo. Jogada de mestre de Gérson, a promessa.

Por fim, trinta e oito minutos da etapa final. Agora é a vez de Geovanni usar 50 metros do Maraca com um lindo lançamento. Fred, o ídolo, dispara na frente dos zagueiros. A bola vinha rápido, de muito longe e Fred, de costas para a pelota, traz a bola para junto de seu corpo com um domínio de mestre. Domínio do melhor centroavante do futebol brasileiro. Quando a bola tenta escapar, ele ajeita meio de ombro (ainda não consegui identificar se foi mão ou não), já à feição para o arremate. Quando Jefferson tenta abafar o lance, Fred bate de canhota, colocado, no canto direito do goleiro. Fim de papo. 3 x 1 Fluzão, em cima da oferta de secadores. Jogada de mestre de Fred, o ídolo.

Após o final do jogo, Fred aproveitou os microfones para fazer um apelo à diretoria, e às Promessas Tricolores. Lembrou de Neymar, e pediu que a diretoria faça um esforço para manutenção dos nossos jovens. Direcionou o discurso também à Gérson e Kenedy, lembrando da importância de jogar algum tempo em nosso país, desenvolvendo seu futebol, antes de se aventurar pelas tentadoras terras europeias. Postura de ídolo, comprometido com o atual momento do Fluminense, e com o futuro da carreira destes jovens jogadores.

Precisaremos muito de Fred no decorrer deste ano. E, mantendo esta postura, tenho certeza que o ídolo será muito importante para o desenvolvimento de nossas Promessas.

Com relação aos garotos de Xerém (Marlon, Gérson, Robert e Kenedy), precisamos entender que eles ainda não são a solução. É mais que normal que garotos de 17, 18, 19 anos oscilem durante o ano. Mas estamos, sem dúvida nenhuma, diante da melhor safra de Xerém dos últimos tempos. Que o Fluminense saiba desenvolver e segurar o máximo possível estes garotos. E quem sabe, eu possa dar o seguinte título a um futuro texto meu aqui neste espaço: “O ídolo e os ídolos”.

Vestiário

– Melhor partida disparada do Fluminense no ano. Ataque envolvente, rápido, com várias chances de gol criadas. Não fosse o excelente Jefferson, o placar seria ainda maior;

– Ótima partida do Geovanni. Preciso fazer este registro, pois o critiquei bastante nos últimos jogos;

– O sistema defensivo segue dando sustos além do normal. Fosse um time mais qualificado, teríamos muitos problemas no jogo;

– Não vou analisar o desempenho do Marlon. Estava nitidamente fora de ritmo e incomodado com a máscara. É muito bom jogador, e nos dará muitas alegrias.

– Hoje não vou reclamar de você, Cristóvão!! Que seja sempre assim!

Abs,

Alan Petersen