Em entrevista, Mano Menezes fala sobre importância da vitória sobre o Bahia, aproveitamento da base, gestão do elenco, apoio da torcida e muito mais




Foto: Reprodução / FluTV


Mano Menezes concedeu entrevista após a vitória do Fluminense sobre o Bahia

Após a vitória do Fluminense por 1 a 0 sobre o Bahia, na tarde deste domingo, no Maracanã, o técnico Mano Menezes concedeu entrevista e falou sobre a importância do triunfo sobre os baianos, aproveitamento da base, gestão do elenco e outros assuntos. Vejo todas as respostas do treinador:

Sequência de quatro vitórias seguidas

“Estamos muito contentes com a quarta vitória seguida em um campeonato duríssimo como esse, e na posição que estamos na tabela. A exigência era muito grande, e há alguns dias, se olhássemos e projetássemos isso, iam rir da gente. Agora, a gente vê que é possível e estamos mostramos isso.”

Saída de Kauã Elias no segundo tempo

“Kauã pediu para ser substituído, ele estava se arrastando. Apenas fizemos o sinal para parar o jogo e podermos fazer a troca. Jogo exigiu muito na questão física e ele não jogava 90 minutos há muito tempo, nunca havia feito no profissional. Ele é muito intenso, de arrancadas fortes, então nesses primeiros jogos ele vai se desgastar até chegar o nível profissional, a Série A exige, um dos campeonatos mais disputados do mundo.”

Apoio da torcida tricolor 

“Bom, a torcida tem sido o exemplar, desde que a gente chegou aqui, desde o jogo contra o Internacional, que já foi um jogo duríssimo. Eu acredito que o que a equipe está mostrando dentro de campo, como o comportamento tem ajudado muito essa sinergia entre ambos. E você ter um torcedor ao teu lado, principalmente nos momentos mais difíceis do jogo… Porque quando você está na frente, a equipe naturalmente já está mais tranquila, mas às vezes você não está. E o torcedor cantando, empurrando e ajudando, dá uma confiança para a gente buscar os nossos objetivos.

Eu fiquei muito impressionado com a presença do torcedor em Bragança Paulista, contra o Bragantino, que era um horário difícil. E aqui tem sido sempre assim, porque é a nossa casa. A presença do torcedor tem ajudado muito, a gente está bem orgulhoso de ter conseguido estabelecer esse comportamento de confiança entre o torcedor e a equipe.”

Importância da vitória sobre o Bahia 

“A equipe vence cada joga com a importância com cada jogo tem, e hoje era mais uma daquelas partidas que é emblemática. Se faz a terceira vitória consecutiva, a quarta pode ser na sua casa, e te aproximar da saída do Z4 e você não pode falhar. Se falha, volta duas casas para trás. Responsabilidade nossa no jogo e por isso pensamos nele em conjunto com o de Caxias do Sul (Copa do Brasil). Era impossível fazermos de forma diferente, já que o Bahia jogou na terça e não teríamos força para competir contra um dos melhores ataques do campeonato. Vamos encerrar o planejamento de quatro jogos na quarta-feira, contra o Juventude. Muito feliz com isso, e o caminho é esse.”

Gestão do elenco

“Eu procuro, quando dirijo grandes jogadores que têm trajetórias vencedoras, alguns deles trajetórias internacionais, sempre sentar e conversar e traçar algumas coisas em comum para eles em relação à equipe. Futebol é muito dinâmico, às vezes você estabelece algumas coisas e daqui a 30 dias nós vamos rever. Felipe estava voltando hoje, a alteração do intervalo foi porque Thiago Santos não se sentiu bem, teve tontura e não pode voltar. Era uma escolha entre um jogador que estava com ritmo e entre um jogador que estava voltando. Então a gente optou pela segurança.

E nessa hora também você faz gestão de grupo, não é só para os que não entram, mas para os que entram também, porque eles pensam que eles já estão aqui batalhando há bastante tempo, que nesse momento é a vez deles primeiro do que todos pensam muito parecido. Jogador sempre enxerga mais a sua parte individual e cabe o treinador exatamente fazer a gestão dessa parte coletiva, mas eu tenho certeza absoluta que a grandeza deles profissional entende e colabora de outras maneiras nesse momento. É o que nós precisamos, de todos, e eu tenho certeza também que todos serão muito úteis nessa temporada que temos pela frente.

Falta de oportunidades para Ignácio

“As pessoas, quando a gente anuncia uma contratação, ficam muito empolgadas, geralmente ficam empolgadas, e é bom que seja assim. É mérito dos jogadores que estão chegando, quer dizer que estamos trazendo jogadores de qualidade para estar no nosso grupo, mas precisamos de condição para uma contratação que chega. E eu cuido muito para não expor o jogador que chega, porque se você coloca, criando-se uma expectativa sobre uma contratação na hora errada e não vai bem, é o contrário do que está acontecendo com o Serna. Foi bem, a gente mantém, está indo bem. Então vamos segurar um pouquinho, exatamente por aquilo que temos em relação àquilo que estamos fazendo. Ainda não temos um parâmetro de Ignácio. Quando tivermos isso, vamos estar seguros para colocá-lo, assim como colocamos todos os outros.”

Posicionamento de Marcelo

“Na conversa que tive com o Marcelo, disse que nesse primeiro momento eu iria utilizá-lo mais como meio-campista do que como lateral. Se daqui alguns dias, sentarmos novamente, frente a frente, como costumo fazer, chegarmos a uma outra conclusão, bom, aí nós vamos ver. Isso vale para todos, e o meu comportamento em relação a eles, sempre privilegiou a equipe. Eu acho que o treinador tem que tirar o melhor daquilo que ele tem. Eu estou tentando fazer isso desde que cheguei, estabelecer parâmetros para eles, onde devemos estar, quando não estamos, onde temos que chegar, e para chegar, o que temos que fazer. Então, esse é o papel de um treinador, de um comandante. E é isso que vai valer pra todo mundo.”

Conversa com Kauã Elias

“Alguém me perguntou quando eu cheguei sobre idade, e as pessoas estavam me perguntando sobre idade para mais. Eu disse que ia valer tanto pra mais quanto pra menos o rendimento e a produção dos jogadores. Acho que não preciso falar mais muito sobre o Kauã, né? (risos).”

Planejamento de quatro jogos

Quando você faz planejamento do futebol, faz a curtíssimo prazo. Quem faz planejamento a médio prazo, certamente vai ter que rever logo ali na frente, porque um jogo influencia no outro. Todos eles, eu quero que volte todos, como o Felipe voltou, como o Marcelo já voltou no jogo passado, como provavelmente o Nonato vai voltar, graças a Deus não teve fratura.

E quanto mais qualidade a gente tem pra poder fazer alterações na equipe sem que ela tenha quedas de rendimento, melhor para o treinador. E com essa sucessão de jogos não tem dúvida que todos serão importantes e vai ser necessário que eles estejam à disposição.”

Encontrou o ataque ideal?

“Eu acho que é um pouco cedo, nós temos uma amostragem pequena, mas nessa hora eu tenho que, como treinador, dar o máximo de tranquilidade para a equipe. Se eu fico mudando a todo momento, nós nunca conseguimos atingir um nível de entrosamento técnico capaz de dar movimentos naturais para a equipe. Quando chegamos, a equipe tinha perdido tudo isso, porque o futebol é assim, quando o futebol não vem, você acaba perdendo tudo isso, e era tudo muito pesado, o jogo era pesado, a transição era pesada, é muito difícil você criar alguma coisa diferente no futebol quando esse sentimento faz parte de uma equipe.

Hoje nós já vimos algumas jogadas saindo naturalmente, quase sem olhar para o companheiro, é daí para frente, e isso também se deve, primeiro ao resultado ter vindo, não tem nada a ver com a equipe. Sim, com pequenas variações. É isso que nós vamos fazer. Eu sou adepto de escolher os melhores jogadores, os que estão mais inteiros para jogar. Porque a intensidade do jogo hoje não permite que se coloque um jogador sem condições. Por melhor que ele seja, ele vai ficar abaixo. E se ele ficar abaixo, você já perdeu 10% da sua equipe. Se isso acontecer com dois jogadores, você perdeu 20%. E às vezes 10% até carrega mais 9%, não carrega mais 2% nesse futebol tão competitivo como a gente está.

Nós vamos seguir da maneira como a gente fez. A exceção nossa de ter tirado cinco jogadores ao mesmo tempo em Caxias do Sul, se dever o fato de nós termos dois dias ou menos de recuperação para jogar com Bahia. Isso afetou diretamente aquilo que pensávamos como regimento. Era impossível nós fazermos um jogo com dois dias a menos. Em quatro isso significa 100% a mais de recuperação do Bahia para jogar aqui. Então, nós não conseguiríamos competir com um time que é muito bom, que toca muito bem a bola se a gente não tivesse essa saúde física na grande maioria dos jogadores.

Utilização de jovens da base

“Sempre fui um técnico que aproveitei jogador das categorias básicas por onde passei. Só olhar para trás. Lá no Grêmio, com o Anderson, com o Lucas Leiva, com outros jogadores, vários jogadores. Depois, passamos no Cruzeiro, fizemos a mesma coisa. Lançamos o Maurício, que hoje está aí como um jogador indiscutível. Lançamos o Fabrício Bruno, que hoje é um zagueiro que se disputa no mundo inteiro. Fomos buscar jogadores jovens, como o Diogo Barbosa. Fomos buscar um jovem ainda no Goiás. Assim, a trajetória dos técnicos…

Não sei os que têm dinheiro sobrando pra fazer compras, como querem. Você não. Tem que utilizar jogadores formados. Primeiro, porque a razão maior do trabalho de base é exatamente esse. Eu tenho uma tese que, acho que podemos jogar um pouquinho de número para cá, um pouquinho de número para lá, que na base de uma equipe de 60%, talvez 50, podemos discutir um pouquinho, são jogadores, tecnicamente, todos muito parecidos. Eles estão nos outros clubes e estão no nosso. Esses jogadores, todos, você trabalha para formar a base dos seus clubes.

Por que você faz isso? Para que o investimento que você tem, para contratar uma equipe, formar uma equipe, não seja tão grande que você não tem. Esses jogadores são muito qualificados, porque eles disputam todas as competições. Competições nacionais, estaduais, internacionais, e chegam muito bem preparados nos clubes, nos times principais. O que precisa para que eles se sustentem aí? Você precisa dar estabilidade a eles.”

Trabalho desenvolvido em Xerém

“O Fluminense e o Santos são os dois exemplos mais significativos daqueles que estabeleceram entre o torcedor e essa prática uma confiança grande. O torcedor confia em Xerém. Ele fala, eu ouço, eu leio, pode confiar nos meninos de Xerém que eles vão ajudar a resolver e tirar o Fluminense dessa situação. E nós estamos aqui para aproveitar tudo que o clube oferece e juntar eles com os jogadores que temos aí que vieram de fora.

Eu acho que não existe, foi o que eu disse a eles no momento, até falei isso um pouco depois que Kauã deu aquela entrevista que podia confiar em Xerém , eu tirei uma parede e disse para eles que não tinha Xerém , não tinha outro Fluminense, todos somos Fluminense. Porque isso é importante, a gente não criar uma divisão disso ou daquilo, porque aí vamos, daqui a pouco, criar um problema que não temos que ter. Muito pelo contrário. Temos que unir as nossas forças, estar bem forte, e que os nossos adversários todos sejam os outros.”

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Por Explosão Tricolor

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