Explica, Mário Bittencourt




Mário Bittencourt (Foto: Marina Garcia / Fluminense F.C.)

Explica, Mário Bittencourt (por Lindinor Larangeira)

“Não, não vou falar sobre isso não, querido”, disse o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, ao jornalista Cauã Tinoco, do canal Jornada 1902, sobre a venda do zagueiro Kayky Almeida, na entrevista coletiva concedida após a derrota por 2 a 0 sobre o Vasco, se recusando a falar sobre o assunto.

De acordo com a imprensa, o Fluminense vai receber apenas um milhão de euros (cerca de R$ 6 milhões) pela venda do jogador para o Watford, da Inglaterra. Depois, o portal Globo Esporte informou que o valor total do negócio chega a dois milhões de euros (R$ 12,2 milhões), sendo um milhão fixo e o outro milhão em metas e bônus. O Fluminense, de maneira oficial, ainda não se manifestou sobre a transferência.

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É bom lembrar que o clube havia renovado o contrato do defensor, atleta de seleções de base, em abril do ano passado, até 2027, com multa estipulada em 50 milhões de euros.

Naquela noite de 10 de agosto, o colega Cauã Tinoco apenas fez uma pergunta do interesse de boa parte da torcida do Fluminense. Até agora, nenhum esclarecimento da direção sobre essa, digamos, estranha transação, que carece, sim, de uma explicação minimamente plausível.

Mas como à torcida tricolor é negado um minuto de paz, após a semana que marcou a heroica classificação para as quartas de final da Libertadores e a vitória categórica sobre o Atlético Mineiro, que nos tirou do sufoco da zona de rebaixamento, novamente, o silêncio da diretoria do Fluminense é ensurdecedor.

Se quem fala pelo clube e comanda a instituição é o seu presidente, Mário Bittencourt deve explicações ao torcedor. Primeiro, aquela que se recusou a dar, de maneira autoritária ao repórter Cauã Tinoco.

Watford, novamente? E por 1/50 da multa? Qual é o sentido disso? A explicação não foi dada. Creio que não será. Mas temos que continuar questionando.

E aqui, minha cobrança tem duplo chapéu: primeiro o de torcedor indignado com a maneira como os ativos do clube são tratados. Segundo como jornalista que não recebeu os devidos esclarecimentos.

Mas como a transparência, compromisso na primeira eleição, de uma chapa que era Mário e Celso, e que depois se tornou Mário solo, parece não passar de mera promessa eleitoreira, outras duas transações envolvendo moleques de Xerém ocorreram nesta semana. Esclarecimentos serão dados? Duvido, queridas leitoras e queridos leitores.

“Fluminense abre mão de dinheiro e libera atacante da base para o Internacional em troca de percentual dos direitos”. Confesso que fiquei estarrecido ao ler essa notícia, na noite de segunda (26/8), no portal da Agência RTI Esporte, do jornalista Wilson Pimentel.

Segundo a nota, “o clube abriu mão de compensação financeira e aceitou liberar o jogador para o Internacional”. Pelo acordo, o Fluminense ficou com 40% dos direitos econômicos do atacante Crysthyan Lucas, que tinha contrato até dezembro de 2025 e multa de 50 milhões de euros. O jogador assinou com o colorado até 2027.

Um verdadeiro negócio da China… Para o clube gaúcho, que recebeu o jogador sem ter investido qualquer centavo.

As perguntas aqui são bem óbvias. Como a chamada “grande imprensa” e os tais “influencers”, passadores de pano, não vão se dar ao trabalho de fazer, deixo aqui, mesmo sabendo que, esse colunista nem tão querido assim, não terá respostas: quanto o clube investiu na formação desse jogador? Existe algum acordo de parceria com o Inter, já que essa situação foi semelhante com a saída de Praxedes? Como um clube com uma dívida tão grande pode abrir mão de dinheiro?

Explica, querido presidente. Fale também sobre a notícia de hoje (27/8), o exótico empréstimo com preço fixado de Agner ao Palmeiras. O meia, mais uma joia de Xerém, tinha contrato até dezembro de 2026 e multa rescisória de 80 milhões de euros.

De acordo com a jornalista Aline Nastari, do canal TNT Sports, o Alviverde terá a opção de 50% dos direitos econômicos do moleque de Xerém por apenas um milhão de dólares (R$ 5,5 milhões).

Enquanto o Palmeiras já utilizou cerca de 40 jogadores da sua base, nos últimos cinco anos, com ganho técnico e financeiro, o Fluminense, apenas em 2024, de acordo com a Agência RTI Esporte, viu a saída de 17 moleques de Xerém. Com o empréstimo de Agner, que não serve para o Fluminense, mas parece que cabe no Verdão, agora são 18.

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Como jornalista por formação, desde 1989, e torcedor do Fluminense por paixão, desde 1969, creio que a nossa torcida merece mais transparência por parte de nossos dirigentes.

Explica, Mário.

PS1: Quem vai contratar Gabriel Fuentes é o Fluminense ou um grupo de investidores?

PS2: Se forem investidores, que grupo é esse?

PS3: Com essa total ausência de transparência, como falar em SAF?