É preciso e necessário falar sobre Jhon Arias




Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C.

É preciso e necessário falar sobre Jhon Arias (por Lindinor Larangeira)

A torcida do Fluminense não tem um dia sequer de paz. Mesmo com o time fazendo a segunda melhor campanha do returno do Brasileirão, classificado para as quartas da Libertadores e com jogadores importantes voltando de contusão, o clube é um manancial de más notícias.

A reportagem da jornalista Aline Nastari, da TNT Sports, publicada na noite de ontem (4/9): “Fluminense propõe renovação, mas Arias recusa por sonho de jogar na Europa”, caiu como um balde de água fria no ânimo da galera tricolor. Afinal, o colombiano tem sido, se não o principal, um dos principais jogadores do elenco nesta temporada.

O texto da repórter, profissional extremamente séria, trazia um trecho da entrevista coletiva no dia 25 de junho desse ano, em que o presidente Mário Bittencourt comentava sobre um acordo entre o clube e o jogador, que liberaria o atleta para realizar o sonho de atuar na Europa.

“Se chegar uma outra proposta de um outro país que ele tem o desejo de ir que seja pior pro Fluminense que a proposta da Rússia, o desejo do jogador prevalece porque ele tem o desejo de sair. A outra opção seria eu dizer: olha não vou deixar você sair. Obviamente você imagina que qualquer jogador que tenha entregado pro Fluminense coisas maravilhosas, se tiver uma proposta que for boa pra família dele e pra ele vamos acabar tendo que chegar a um acordo pra ele sair”, considerou o presidente tricolor, praticamente confirmando o acerto com Arias e seu estafe.

No início da tarde de hoje (5/9), os jornalistas Cícero Mello e Luciano Borges, da ESPN, profissionais também bastante sérios, assinaram a reportagem: “Empresário de Arias fala em ‘guerra de narrativas’ sobre futuro e contesta presidente do Fluminense: Descumpriu acordo”.

O texto reforça a matéria de Aline Nastari, que abordava a recusa do jogador à proposta de renovação de contrato apresentada pelo clube.

Gianfranco Petruzziello, empresário do atacante, afirmou que Mario Bittencourt, presidente do clube carioca, descumpriu o acordo que as partes tinham sobre uma negociação com a Europa. “Tenho um apreço pelo presidente, mas ele descumpriu um acordo que tínhamos. De resto, tudo será guerra de narrativa (em relação à proposta de renovação feita a Arias) em vão”, disse o representante do jogador, segundo a matéria.

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Como transparência não é uma das características da atual diretoria do Fluminense, a tal “guerra de narrativas” está declarada. Parte da torcida já começou a questionar o jogador. A palavra mais leve nas redes sociais é “ingrato”.

Porém, mesmo que a resposta do presidente seja um lacônico “não vou falar sobre isso, querido”, questões devem ser levantadas. Dr. Mário Bittencourt, houve esse acordo, que o senhor deu a entender na coletiva, ou não?

Se houve, seria esse nível de informalidade uma maneira correta e profissional de conduzir uma gestão?

Por que o atleta só recebeu a devida valorização agora? O clube não poderia, mesmo com o contrato terminando em agosto de 2026, buscar uma prorrogação, com valores condizentes com a importância do atacante para o elenco?
Por que o clube não tentou, de maneira mais efetiva, negociar a totalidade dos direitos econômicos de um atleta com o potencial de Arias, junto ao Patriotas da Colômbia?

Perguntar não ofende, querido presidente. Como mandatário e principal figura do clube, o senhor deve esclarecimentos à nossa torcida.

Dizem que o jogador está “chateado” e não quer mais vestir a camisa do Fluminense. Isso só saberemos no retorno da data Fifa, quando o ele voltar a campo pelo tricolor. E espero que volte. Pois quem ficaria muito chateado com a saída dele, em um momento tão crucial de uma temporada tão complicada, seria o torcedor.

Menos informalidade, mais profissionalismo e a devida valorização do profissional, seria o mínimo a se esperar dos dirigentes. Que o atleta siga tendo a correção e a maturidade demonstradas nas suas condutas, dentro e fora de campo. E que seu empresário tenha a capacidade negocial e a tranquilidade para chegar a um bom termo. Para o jogador, para o clube e para a torcida. Torcida que já está farta de “narrativas” e quer mais transparência daqueles que são responsáveis pelos destinos de uma centenária e tradicional instituição, paixão de milhões de pessoas.

PS1: A convocação de João Pedro transformou o time de Dorival Junior na Xerémção brasileira.

PS2: Os mesmos que inflacionaram o futebol brasileiro agora falam em “fair play financeiro”. Vai entender…

PS3: Aline Nastari, Cícero Melo e Luciano Borges: felizmente, ainda temos Jornalistas (assim, com J maiúsculo).