Uma derrota maiúscula que nos coloca no devido lugar




Terrível derrota (Foto: Nelson Perez / Fluminense FC)
Terrível derrota (Foto: Nelson Perez / Fluminense FC)

Uma derrota maiúscula, com multifários significados, nos colocando, infelizmente, no devido lugar

Estimados leitores. Desde que “cheguei” ao Explosão Tricolor, particularmente lhes confesso que essa, definitivamente, é a coluna mais difícil, árdua, penosa e dolorosa de se escrever, posto que alternativa não restou, senão a de expor a integralidade das vísceras do nosso amado Fluminense.

Malgrado o Brasileirão de 2016 seja o mais nivelado por baixo da história, nesse nivelamento já não fazemos mais parte. Não brigaremos mais pelo título; não brigaremos mais pelo G-4.

A meta é o meio da tabela e olhe lá, eis que os números, além de não mentir, mostram sem piedade que essa é a nossa realidade. Até então, ¼ da competição já transcorreu, sendo que somamos 04 (quatro) empates e (03) três derrotas, em 10 (dez) jogos disputados. A tendência é piorar, salvo uma REVOLUÇÃO na janela de transferência.

Vou repetir: REVOLUÇÃO, e não mera contratação, pois nem toda contratação é reforço. Até hoje, dia 23 de junho de 2016, o Fluminense não trouxe nenhum reforço.

Na incompreensível derrota para o Sport, onde um empate nos deixaria a 05 (cinco) pontos do então líder da competição Internacional, as falhas defensivas que pareciam não mais existir tornaram a aparecer em momentos cruciais e decisivos de uma partida. Time que briga por G-04 não perde um ponto de bobeira.

Já na partida de ontem, não tenho dúvidas de que muitos se iludiram com a nossa posse de bola e a marcação defensiva do Santos. Dorival não é bobo; estava estudando o Fluminense e observando o ponto que deveria ser o alvo para infiltração dos adversários: o nosso lado direito, mais é claro, justamente porque o Pierre ali deixava, como sempre deixou, um buraco na defesa. Só passa para o lado, não tem saída de bola e, quando muito acerta um passe ofensivo, corre para a defesa como se fosse um terceiro zagueiro. É um jogar retrógrado, que deixa o Fluminense com menos um em campo, dando a nítida impressão de que está ali só para bater o cartão de ponto e ir para casa.

Tanto é verdade que levamos dois gols do lado direito, com passe diagonal, para duas finalizações, pelo nosso lado direito, nas costas do zagueiro. Quando foi sacado já era tarde demais, pois o Santos já tinha a vantagem no placar. Ora, da próxima vez, não o escala. Já cansei de dizer que no futebol moderno não existe “volante cão de guarda”.

Poderíamos jogar tranquilamente com um meio campo formado por Edson, Douglas, Scarpa, Marcos Junior, e um ataque composto por Richarlison (Maranhão) e Magno Alves, que não perderíamos em nada na marcação e na saída de bola. Relembro-os que no segundo tempo quem fazia a posição de lateral esquerdo marcador era o Maranhão. Sinceramente, não sei em qual posição o Giovanni estava ontem na segunda etapa.

A vitória sobre o Corinthians, lamentavelmente, foi um verdadeiro acidente de percurso. Caímos na real, e algumas providências tem que ser tomadas desde já, pois ao meu ver, o planejamento para 2017 tem que começar.

Perdemos para o Santos que, no momento atual, é maior do que o Fluminense em tudo: tem mais títulos importantes, mais elenco, mais time, melhores jogadores, um belo centro de treinamento, um ótimo estádio e ainda está com uma média de aumento de 13 (treze) sócios torcedores, por dia.

Na minha última coluna, estava em 63.756 (sessenta e três mil, setecentos e cinquenta e seis). Hoje já está em 63.769 (sessenta e três mil, setecentos e sessenta e nove), ou seja, 31.133 (trinta e um mil, cento e trinta e três) sócios torcedores a mais do que tem o nosso Fluminense. Isso é uma vergonha. Pior do que ser goleado, pois já estamos sendo goleado fora de campo a muito tempo e, em breve, vamos colher os frutos negativos. Palmeiras, Internacional, Grêmio, São Paulo, Santos, Corinthians, Atlético Mineiro: semelhanças? CT, Estádio, Sócio Torcedor, bons times, mesmo sem um mega patrocinador Master nível Unimed.

Sinceramente, a diretoria tem a parcela de culpa dela? Tem, e é muito grave por sinal, pois, além da comédia que é o marketing, não consegue patrocínio master, ilude a torcida sem mostrar a diferença tênue entre a estrutura física de Xerém que é ótima e nossa, e os atletas de Xerém que, em sua maioria, não são nossos. Vide Scarpa 45%, por exemplo. Vai ver que o Ramon que tanto peço aqui deve ter 10% dos seus direitos econômicos ligados ao Fluminense.

Além disso, não consegue se organizar para definir Edson Passos como nossa casa. Ficar vendendo jogos em nome de arrecadação é algo que não me convence. Se com a saída do Fred a economia mensal é de 01 milhão de reais, sendo que a “obra” de Edson Passos ficou orçada nesse valor, como é que o Fluminense não conseguiu o laudo autorizando a capacidade máxima do estádio? O que deixamos de realizar ou atender? Continuo achando que o custo benefício de Edson Passos vale muito à pena, pois, além de sair de graça, toda a renda seria nossa.

Nem que o Fluminense continue fazendo tudo o que for necessário para, em Janeiro de 2017, o estádio estar prontinho para receber todos os nossos jogos com nosso mando de campo, em todas as competições que disputarmos, e claro, sem participação de Flamengo ou qualquer outro clube na jogada (até mesmo para preservarmos o gramado a nosso favor), vale a pena e temos que fazer isso, com urgência. O fator campo já está começando a decidir o Campeonato Brasileiro de 2016.

Esqueçam o Maracanã. Esse é o meu maior receio, que caminha lado a lado com a questão do sócio torcedor.

O custo mensal desse estádio gira em torno de 04 milhões! Com o Estado do Rio de Janeiro falido, vão jogar esse pepino para o Flamengo que, com certeza, fará uma “proposta” para o Fluminense arcar com ao menos 03 milhões de reais e, o Flamengo, custear com 01 milhão, mais o alguém para a malsinada SUDERJ. Aí melhor fechar as portas.

Noutra toada, a nossa querida torcida tem também a sua imensa parcela de culpa: não temos patrocínio Master, não temos sócio torcedor condizente com a nossa realidade e o tamanho que, um dia tivemos, independentemente da torcida frequentar estádio ou não.

Já escrevi sobre isso na coluna “O Fluminense e a Quimera”, sendo que a realidade já está batendo a nossa porta. Os reflexos estão aí em campo. Pichar muro das laranjeiras só dá alegria para gastarem milhões de reais com tinta.

Enquanto nossa torcida fica de chororô por causa da saída de alguns jogadores, fica aí o exemplo do próprio Santos: o sócio torcedor é super presente no âmbito interno do clube. Pressiona, no bom sentido, a diretoria para sempre valorizar e lançar os garotos da Vila. Já saiu Neymar, Robinho, Diego, etc., já relevou Lucas Lima, Ganso, Gabigol, e a vida sempre continuou seguindo.

Os sócios torcedores, mesmo os distantes da capital paulista, sempre que possível vão lá atrás da garotada, ver quem quer realmente jogar ou não no Santos, quem está com ambição, quem tem mais direitos econômicos vinculados ao clube e metem bronca.

No Fluminense não. São poucos os associados; fico eu aqui igual a um esquizofrênico suplicando ajuda para colocarem o Ramon no time principal, dando logo a camisa 10 (dez) para ele, e ainda tendo que aturar gente perguntando quando é que o Samuel vai voltar ou se aprovo a contratação do Keirrison, “promessa” de 27 anos de idade!

Por derradeiro, caros leitores, custo benefício é algo que o Fluminense não está sabendo avaliar, tampouco administrar ou investir. Jogadores duvidosos, com custo elevado estão chegando as laranjeiras a todo momento, onde os empresários ainda reinam. Não que eles sejam passíveis de extermínio, mas de controle são sim.

Mesmo tendo uma categoria de base onde 30% no máximo dos direito econômicos de todos os jogadores devem pertencer ao Fluminense (Xerém é e não é, pessoal, acordem), ainda assim os colocaria para jogar, ao invés de ficar vivendo de apostas. E se estamos passando por uma reformulação às escondidas, jogadores como Cavalieri, Pierre, Gum, Cícero e Osvaldo, cuja folha salarial deve passar os 03 milhões, na próxima janela de transferência, já deveriam tomar outros rumos. Já estamos em junho e o custo benefício está muito alto para o que eles vêm produzindo em campo. Mais grave do que isso? Pagamos 03 milhões para ficarmos com Giovanni! Que dívida é que temos com o empresário dele? Entendem a minha perplexidade? Reflitam, estimados, pois a coisa está feia.

Rápida Triangulação:

– Júlio Cesar; Jonathan, Renato Chaves, Henrique, Willian Matheus; Douglas, Edson (ou Marlon Freitas, que não é o Marlon zagueiro), Scarpa, Marcos Junior; Magno Alves e Richarlison. Não estou gostando de gastar 600 mil por mês com Cavalieri para trabalhar igual a um servidor público desidioso, com cara de tanto faz, tanto fez. Nem de gastar 350 mil com Pierre, que parece um Monotrilho transitando na Rio Branco. Nem 500 mil com Cícero para ficar nesse mais do mesmo. Nem 400 mil com Osvaldo para ficar marcando lateral e não acertar uma finalização. Se é para reformular, que se faça tudo agora, até mesmo porque daqui a pouco tem eleição e 2017 está batendo as portas.

– Contratações: me desculpem, mais vou agir igual a um papagaio. Nem toda contratação é reforço. Esses jornalistas também me tiram do sério. Perguntem logo na lata: vão contratar jogadores para compor elenco ou para chegarem jogando?  

– Renovação com a Rede Globo. Estou tentando saber, mas sem sucesso até o momento se, ao renovar com o a emissora, o Fluminense conseguiu tirar a cláusula de obrigatoriedade de escalação de time principal para Rubensliga. O Fluminense tinha que ter o direito de escalar o sub-20, caso quisesse. Se isso não aconteceu, preparem-se para ver o Mikey Mouse em 2017 e, mais uma vez, ficarem com cara de Pateta.

Marcos Túlio / Explosão Tricolor

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