Existe planejamento no Fluminense?




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.

Existe planejamento no Fluminense? (por Lindinor Larangeira)

Na véspera do terceiro jogo do Fluminense no Campeonato Carioca, o presidente tricolor Mário Bittencourt concedeu entrevista coletiva, focada no tema “planejamento”.

Como jornalista, senti falta de uma pergunta das mais singelas: “Existe planejamento no Fluminense, presidente?”

O critério de contratar atletas mais jovens, com maior vigor físico para formar uma mescla com os jogadores experientes, com a complementação da molecada da base é absolutamente correto.

Porém, até o momento, o que se vê é a construção de um elenco desequilibrado, em que existe excesso em alguns setores do campo e escassez preocupante em outros. 

Preocupação que cresceu com a ausência de Ganso, a quem desejamos boa recuperação, pois o elenco carece de meias que pensem o jogo e a única contratação para o setor de meio campo é um jogador de indiscutível qualidade técnica, mas que não é um camisa 10.

Hércules, de todos os reforços é o único que chega com status de titular. Cannobio, que teve boa estreia na partida de sábado, pode conquistar uma vaga entre os 11. Já os outros contratados, chegam mesmo para composição de elenco.

Mudando um pouco a direção dessa conversa, mas permanecendo no assunto principal, o jogo contra o caçula do campeonato, o Maricá, time que vai disputar a série D e lidera o Carioca, serviu apenas para reforçar a, até agora, fragilidade do planejamento do futebol do Fluminense para a atual temporada.

O time não tem presença de área. Chuta pouco ao gol adversário. Tem escassa ou nenhuma criatividade no meio de campo. E o reserva imediato de Fábio não transmite confiança.

O elenco necessita, pelo menos, de reforços para o centro do ataque. Urge a contratação de um centroavante clássico. De um ou dois meias. Ainda mais na atual situação, em que torcemos muito pela saúde de PHG 10.

Além dessas contratações, a incorporação do garoto Dohmann ao elenco principal seria uma boa medida para dar experiência a ele, e mais uma opção ao grupo.

A posição de primeiro-volante também carece de um jogador com mais experiência e força física, aquele que chamamos de “volante porradeiro”. Além de mais um jogador experiente para o gol, pois não se sabe qual o estágio do jovem Pitaluga.

Ainda no gol, Ramalho tem que ser testado também.

Sobre as outras contratações, embora o momento não seja o de conclusões definitivas, Paulo Baya parece ter sido uma bola fora. É esforçado, voluntarioso, mas deixa a desejar tecnicamente. Freytes, que considero bom jogador, fez uma partida razoável na lateral, e outra abaixo da crítica, na zaga. Continuo acreditando neste atleta e espero que tenha sido uma noite ruim.

Sobre os que ainda não estrearam e não citei, Renê é um lateral que agrada o treinador. Tem experiência, mas para mim, é apenas mediano, o que já é melhor do que o seu antecessor, o fraco Diogo Barbosa.

Lavega é uma aposta que parece boa.

No mais, outros garotos que merecem oportunidades são o lateral Julio Fidélis e o zagueiro Loiola. Mas esses, com muito cuidado na transição.

Sobre a partida de ontem, os piores foram Marcão, Freytes, Rafael Monteiro e Paulo Baya. Os dois últimos poderiam ter saído no intervalo, para dar lugar a Esquerdinha e Riquelme.

Para terminar, os gols da partida: Rafael Monteiro some do lance. Onde estava o lateral no contra ataque do Maricá? Freytes perde na corrida e não faz a falta tática, trocando o lance perigoso pelo cartão amarelo. Vitor Eudes demora a sair, dando todo o ângulo para o bom atacante Denilson. Falha coletiva de um time que joga muito espaçado e tem lenta recomposição defensiva.

Pênalti infantil, muito bem marcado pelo juiz, que fez correta arbitragem e cobrado com muita marra e categoria por Kauã Elias, que de bom, na atuação apagada, só fez mesmo isso.

Resumo da ópera: o planejamento para o carioquinha, a partir da próxima rodada é não perder pontos para os pequenos e fazer, no mínimo quatro nos clássicos. 

Para a temporada, o planejamento tem que ser equilibrar o elenco, que segue com muitas carências, e segurar, até quando for possível, John Árias no grupo.

PS1: As coletivas de Mário são de uma inutilidade e um tédio absurdos. Não pelas respostas evasivas e caudalosas do presidente, mas pela grande maioria das perguntas.

PS2: Um time de série D, líder absoluto do Carioca. Dá -lhe, Rubinho!

PS3: Ou o Campeonato Carioca muda, ou tem mesmo que acabar.

PS4: Trabalho promissor do Professor Reinaldo. O Maricá, embora modesto, é um time que sabe o que faz em campo e taticamente é muito organizado. Vou torcer muito pela subida do Tsunami para a série C.

PS5: A quem interessar possa: tenho um desprezo profundo pelos passadores de pano e uma abominação abissal pelos profetas do caos. Fico com os críticos realistas e construtivos. Essa turma eu respeito.

Clique aqui e realize a sua inscrição no canal do Explosão Tricolor

“Apoie o nosso trabalho e nos ajude a ampliar cada vez mais os nossos serviços gratuitos! Há dez anos, o Explosão Tricolor leva ao público um jornalismo colaborativo e independente. Contamos com o apoio de todos vocês!”