Jogo de série D




FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

Jogo de série D (por Lindinor Larangeira)

Inaceitável. Não encontro outra palavra para traduzir o show de horrores da noite de ontem, no Maracanã. Um verdadeiro jogo padrão série D. Digno da quarta divisão do futebol brasileiro, realmente nivelado por baixo, como assinalou, em sua única declaração lúcida na coletiva, o treinador Renato Gaúcho.

Quem apenas observar as estatísticas da partida, poderia até pensar que o Fluminense teve uma boa atuação. Foram 26 finalizações – 9 na direção do gol; 68% de posse de bola; 10 escanteios; e mais do que o dobro de passes trocados: 591, contra 290 do adversário.

Porém, o aparente volume de jogo mostrou o quanto o time é previsível e improdutivo. Acertou pouco mais de 30% dos chutes no gol. A insistência de Keno, com 9 arremates, foi premiada. O ponta, juntamente com o goleiro adversário, foram os melhores em campo.

A posse de bola, na fase defensiva, lembra muito os piores momentos do time de Diniz, na temporada passada. Qualquer adversário, seja de série A, B, C, D ou mesmo sem série, que adiantar a marcação, vai causar problemas ao tricolor.

A transição defesa/ataque é lenta, dando tempo de recomposição a quem enfrenta o Fluminense. O time também peca na lenta recomposição defensiva, que oferece contra-ataques perigosos, inclusive a times bastante limitados, como a Aparecidense.

O diagnóstico para esses problemas talvez seja a manutenção do exaurido esquema 4-3-3, que desde o ano passado, não vem funcionando. O meio campo com três jogadores, tendo um Ganso fora de ritmo e um Martinelli, que embora bom jogador, não é um primor na marcação, e sem um primeiro-volante que seja o cão de guarda da zaga, oferece muitos espaços, como vimos ontem, com a equipe goiana chegando, pelo menos, três vezes, com possibilidades claras de marcar.

Se o treinador quer manter Ganso, que em minha opinião tem que jogar mesmo, que mude o esquema para um 4-4-2, com compactação das linhas. O 4-3-3 deixa o time muito espaçado, e a troca de passes no campo adversário, invariavelmente termina em cruzamentos altos para a área.

Outro ponto importante sobre a bola na área, é que chegamos a ver, em partidas anteriores, até algumas jogadas ensaiadas de bola parada (ontem não). E se trata de uma arma bastante importante, principalmente contra equipes retrancadas.

Voltando ao correto comentário de Renato, o futebol brasileiro é nivelado por baixo sim. Por isso, divirjo dos pessimistas, que dizem que o atual elenco tricolor “é muito fraco”, ou dos otimistas, que avaliam o grupo como “bom”.

Na realidade, para afirmar se algo é bom ou ruim, é preciso ter parâmetros. E o parâmetro é o futebol brasileiro de hoje, que tem dois elencos acima da média. Outros dois ou três que são bons, mas não empolgam. E outros quatro ou cinco, de razoáveis a bons. Onde incluo o Fluminense.

Sobre os desequilíbrios do elenco tricolor, a avaliação é que faltam peças em setores vitais do campo. O planejamento tem que ser ajustado e não dá para se falar em “falta de dinheiro”, quando foram investidos mais de R$ 150 milhões na composição desse grupo.

Com a contusão de Cano, e tomara que não seja nada grave, depender do péssimo Everaldo parece ser verdadeiro suicídio. Aliás, a contratação desse jogador e a de Paulo Baya, são coisas na linha do inexplicável.

Um centroavante com características diferentes de Cano tem que ser contratado. Também, o garoto Kelwin deveria ser incorporado aos profissionais.

O elenco se recente de força de marcação no meio. Otávio foi contratado, teve uma grave contusão, que o afastou da temporada, e a diretoria continua imóvel, no sentido de trazer um primeiro-volante que dê mais sustentação defensiva ao time.

No meio, embora acredite muito no potencial de Lezcano, ele é muito jovem e vai oscilar. Creio que é promissor e estará mais maduro na próxima temporada, mesma avaliação que faço para Lavega.

Então, a contratação de um meia criativo para ser o reserva de Ganso, alguém que tenha experiência para entrar e jogar, é uma necessidade imperiosa.

No campo/bola, Renato ainda tem o crédito de confiança da torcida, mas deveria romper com a era Mano. Já a diretoria, além de trabalhar nos bastidores, para que o time não seja recorrentemente prejudicado pelas arbitragens, deve ter como prioridade urgente fazer as contratações que equilibrem e tornem o elenco mais competitivo.

Do jogo de ontem, prefiro ficar com as lições, que foram muitas. Espero que Renato e Mário também tenham assimilado o que viram naquela noite de horrores. Afinal, os principais responsáveis pelo que vimos ontem são os dois.

PS: A vitória no sábado passou a ser primordial para a continuidade da temporada.

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– Próximos jogos do Fluminense

  • Brasileirão: Fluminense x Sport – 03/05 (sábado), às 18h30 – Maracanã
  • Sul-Americana: GV San Jose x Fluminense — 08/05 (quinta-feira), às 21h30 — Hernando Siles
  • Brasileirão: Atlético-MG x Fluminense – 11/05 (domingo), 17h30 – Arena MRV
  • Sul-Americana: Fluminense x Unión Española — 14/05 (quarta-feira), às 19h — Maracanã
  • Brasileirão: Juventude x Fluminense – 18/05 (domingo), às 16h – Alfredo Jaconi
  • Copa do Brasil: Aparecidense x Fluminense – 21/05 (quarta-feira), às 21h30 – Serra Dourada
  • Brasileirão: Fluminense x Vasco – 24/05 (sábado), às 18h30 – Maracanã
  • Sul-Americana: Fluminense x Once Caldas — 29/05 (quinta-feira), às 21h30 — Maracanã
  • Brasileirão: Internacional x Fluminense – 01/06 (domingo), às 20h30 – Beira-Rio

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