A escalada tricolor

Quem me conhece sabe que eu não sou um cara muito talentoso para a prática esportiva. Quando moleque, até tentei uma modalidade ou outra, mas nunca consegui me destacar nas piscinas, campos, tatames e quadras. Ainda assim, arrisquei algumas coisas. Certa vez meu irmão, este sim dado à prática esportiva, levou-me para um passeio no Pão de Açúcar, dizendo que era uma pequena trilha, tranquila, sem muita subida íngreme, coisa que eu tiraria de letra, apesar da falta de experiência.

Pois bem, ele estava mentindo. Quando eu percebi, estava que nem uma lagartixa em um paredão de pedra, nervoso, com medo de me estatelar nas rochas onde as ondas do mar quebravam lá embaixo. Olhar para baixo era terrível, pois a sensação de perigo aumentava e junto com ela trazia a insegurança. Olhar para cima também não ajudava muito, pois era perceptível que ainda faltava muito para chegar ao topo.

Ali, naquele momento, sob o sol do Rio de Janeiro e em um dos cartões postais mais bonitos do mundo, percebi que não havia caminho de volta. Precisava me concentrar em dar um passo de cada vez, agarrando nos lugares certos para construir o caminho que me levaria até o topo. Vejo o Fluminense passando por um momento como esse no campeonato.

Depois de um primeiro turno cheio de insegurança e passos vacilantes, o time parece finalmente ter ganhado confiança e tem vencido os jogos mesmo quando não faz grandes atuações. Contra o América-MG foi mais um desses jogos que, se não de forma brilhante, o time joga seguro e conquista os três pontos. O padrão de jogo está aí. Demoramos um turno inteiro para construí-lo, mas agora parece ter sido assimilado pelos jogadores. Prova disso é nosso bom desempenho defensivo, que nos põe entre as melhores zagas do campeonato, mesmo com as trocas das peças no setor.

Nosso rendimento na frente também melhorou. Ganhamos opções importantes, como o Wellington, que agregaram valor técnico ao nosso ataque. A tendência é melhorar com o Marquinho em forma, além dos dois gringos que ainda não estrearam e por isso não sabemos exatamente o que esperar do futebol deles.

O Fluminense, assim como eu no Pão de Açúcar, precisa se concentrar sempre no passo seguinte. O que ficou pra trás nesse campeonato já era, é passado. Não podemos esquecê-lo, pois foi o que nos calejou para trilhar o caminho certo, mas ficar encarando-o não nos ajudará a chegar ao topo. Tampouco devemos ficar olhando para cima e esquecer-nos do que estamos construindo no presente. Em um campeonato de pontos corridos, com tantos jogos, o jogo mais importante é sempre o próximo. Olhar só para o futuro é correr o risco de vacilar no próximo passo. 

Acredito que temos totais condições de terminar o campeonato muito bem, dentro do G-4 e, talvez, já que sonhar é de graça, brigando por título. Potencial técnico para isso nós temos. O essencial agora é percorrer o caminho construindo vitória após vitória, com atuações seguras que façam o time ganhar confiança, trazendo a torcida pra junto. Até porque, como já disse antes, quando a liga dá certo, ninguém segura o Tricolor.   

Ah, depois de algumas horas consegui chegar inteiro ao topo do Pão de Açúcar. Espero ver o Fluminense nas posições mais altas da tabela quando dezembro chegar e, quando vislumbrar lá de cima o caminho que percorreu, assim como eu, pense que valeu a pena trilhá-lo.

No mais, VENCE O FLUMINENSE!!!

Pitacos do Toni:

– Que golaço do Ceifador, espero que isso só aumente a confiança do jogador e traga muitas outras bolas na rede.

– Mais uma vez nos tiraram um gol legítimo. Não jogamos um futebol vistoso, mas a vitória poderia ter sido muito menos apertada se não anulassem o gol do Wellington.

– Por falar nele, é impressionante como mudou a cara do time lá na frente, fazendo uma dupla pra lá de qualificada com o Gustavo Scarpa. Xerém na veia.

– Para os lugares de Cícero e Marcos Jr, suspensos, apostaria em Édson e Marquinho.

– Mais uma pipa caindo no campo e mais uma vitória do Tricolor. Que os ventos continuem trazendo os brinquedos e os gols.

Toni Moraes / Explosão Tricolor

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