Defesa da defesa

Tenho sustentado em nossas conversas que o time do Fluminense não poderia almejar nada a não ser o meio da tabela. Contudo, a vitória diante do Santa Cruz me encheu de esperança. E acredito que fez o mesmo com cada um dos torcedores tricolores. Como é bom ver um time que, se não é brilhante, tem deixado o “sangue” em campo. É disso que a galera precisa pra apoiar a equipe.

Hoje, porém, gostaria de falar da zaga tricolor. Ou melhor: do sistema defensivo da equipe. Não é segredo pra ninguém que a defesa de um time de futebol moderno tem início no ataque. Quando o goleiro do time adversário está com a bola os demais já devem se posicionar para dificultar a reposição e, sempre que possível, exigir-lhe o “chutão”. Esse, talvez, era um dos grandes motivos para a crítica em relação a Fred enquanto ele estava no Fluzão. Não movia uma palha nesse sentido. Ainda bem que já se foi!

E não há dúvida de que o grande responsável por esta organização tática é Levir Culpi. Ainda na época em que o capitão usava chinelos nas Laranjeiras (Fred) o nosso treinador já questionava a necessidade de, cada vez mais, toda a equipe participar do sistema defensivo. Esse, certamente, um dos grandes motivos pelos quais Levir “encrencou” com o antigo dono da 9 tricolor. E ele tinha razão.

Se olharmos para a disposição tática do time em campo, iremos perceber que todos auxiliam na marcação. Desde o esforçado Henrique Dourado à nossa dupla de zagueiros, todos, absolutamente todos, possuem funções defensivas. Não é a toa que temos uma das defesas menos vazada de todo o campeonato.

Especial destaque à dupla Gum e Henrique. Este último, apesar da desconfiança inicial, vem demonstrando que possui condições de ser titular da zaga tricolor e merece o crédito da torcida. Custou caro e demorou a “pegar no tranco”, mas parece que, aos poucos, vai se tornando uma grande referência entre os jogadores do time. É bom de cabeça e sabe jogar com a bola nos pés, além de ter uma boa colocação.

E o que dizer de Gum? O cara está no Fluminense desde 2009 e não me lembro de ter feito “corpo mole” ou de ter fugido da partida quando o time mais precisava dele. É destrambelhado, possui altos e baixos, mas tem qualidades que me fazem crer no seu sucesso. Assim como seu companheiro, também é bom na jogada aérea e possui uma raça incomum nos tempos atuais. Ainda pode dar muito à equipe.

Outra posição de destaque no time é o meio defensivo, a antiga “cabeça de área”. Muitos questionam Douglas, mas não há dúvida de que ele é dotado de um exemplar posicionamento em campo e sabe, como poucos volantes, sair jogando com a bola nos pés. Apesar de não ser muito veloz, a sua colocação é peça fundamental no sistema defensivo do time. Não permite os famosos “clarões” entre o meio e a defesa. E, na onda de Douglas, até mesmo Cícero está marcando melhor e auxiliando a parte defensiva.

Some-se a velocidade dos nossos laterais (pelo menos são velozes, apesar de fracos), e teremos um time consistente e que explica a campanha respeitável até o momento. Basta olhar a tabela para entender que, se ganhar o jogo a menos, o Flu estará a apenas seis pontos do líder. Isso era inimaginável há cinco rodadas atrás.

No entanto, sejamos cautelosos. Não dá para cravar ainda que conquistaremos a vaga na Taça Libertadores, muito menos o título. O time possui diversas falhas que devem ser corrigidas, especialmente no ataque. Nesse setor, a equipe não é incisiva como deveria, principalmente na hora da conclusão. Porém, a vontade que tem apresentado e a sua organização tática nos permitem pelo menos sonhar com dias melhores.  

Ainda tem muito campeonato pela frente. Estamos apenas na primeira rodada do returno. Tudo pode acontecer. Mas acredito que, com o apoio da torcida em Edson Passos e a contínua organização da equipe, podemos almejar “boas coisas” neste Brasileirão.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

1.Estou órfão de Olimpíadas. Vi quatro partidas “in loco”e posso dizer que é fantástico participar da festa. Muito bom!

2. Bolt ganhou o “triplete” em nosso salão de festas. Já tem mais títulos que o Botafogo no Engenhão. Daqui a pouco terá mais que toda história alvinegra.

3. Cavalieri também merece destaque. Está demonstrando segurança na meta tricolor. Espero que a preguiça não o contamine novamente.

4. Ainda ficaremos na frente da mulambada. Só esperar.

5. Vi uma invasão tricolor nas arquibancadas olímpicas. Pra todo lado só dava camisa do Fluzão, superando até as do Flamengo. Tricolor é o maior do Rio! O resto é agregado.

Evandro Ventura / Explosão Tricolor

Foto: Fluminense FC