O novo dilema do Fluminense

“Não temos que ir para a linha de frente da batalha brigar pelo futebol brasileiro. Pra quê? Só para dizerem que criamos uma liga autônoma e somos fodas? Raramente essa competição vai chegar a um nível bom porque não há clubes paulistas na disputa. O Fluminense já ganhou a Primeira Liga (em 2016). Agora tem que ir atrás do Estadual, que não ganha desde 2012. No momento, o Estadual é a prioridade”, disse Abel Braga ao blog Extracampo, da jornalista Marluci Martins, do jornal Extra. E aí, Abelão está certo ou errado? Gostaria muito de saber o posicionamento do presidente Pedro Abad sobre o tema. Acho que o torcedor tricolor não pode ficar sem saber das reais pretensões do clube neste início de temporada.  

Com toda sinceridade, o discurso de que o Fluminense tem que vencer todas as competições é muito bonito para quem quer fazer média com a galera. O eterno “vencer ou vencer” do grande Francisco Horta, presidente que montou a inesquecível Máquina Tricolor, tem que estar na veia dos jogadores, dirigentes e torcedores, entretanto, sabemos que na prática não é bem assim que a banda toca.

O Fluminense está com um bom time titular? Na minha opinião, sim. Tem uma razoável defesa, um baita meio-campo e um ataque que sinaliza bom encaixe, e que conta com a possibilidade de ficar ainda melhor com as entradas do Richarlison e Pedro. E o elenco? Ainda deixa a desejar. Quais são as opções que devem ser reforçadas para ontem? Lateral-direita, lateral-esquerda, zagueiro e volante. Fato!

Sabendo que o elenco carece de melhores peças de reposição, Abelão, que de bobo não tem nada, está soltando o verbo contra a Primeira Liga. E não posso deixar de dar razão ao nosso comandante. Como encarar um início de temporada com quatro competições pela frente emboladas num desgastante calendário? Não é nada fácil, meus amigos! Na situação do Fluminense, ouso dizer que Abel está com somente uma bala no tambor de um “velho oitão”, mas com a pressão de ter que acertar todos os alvos. Situação bem complicada. 

Não há como deixar de mencionar também a questão financeira envolvida, já que o campeão da Copa da Primeira Liga embolsará R$ 3 milhões. Dá para abrir mão de tentar levar essa bolada numa época em que o Fluminense sofre para conseguir um patrocínio master? Para conquistar o bicampeonato da competição, a equipe tricolor necessita disputar somente mais quatro jogos na temporada (01/03 – fase classificatória -, 29 ou 30/08 – quartas de finais – , 03/09 – semifinais – e 08/10 – final -). 

Além da premiação, a chance de uma boa bilheteria na finalíssima é outro bom atrativo, já que a decisão será disputada num domingo. Supondo que o Fluminense consiga chegar à final e conquiste a vantagem de jogar no Maracanã, a arrecadação de bilheteria seria altíssima. Dá para menosprezar essa oportunidade? 

Entendo o Abel Braga, mas também entendo quem defenda que o Fluminense entre com tudo na Copa da Primeira Liga. O grande problema é que com o esse atual elenco não dá para encarar tudo que teremos pela frente. A situação pede que a comissão técnica e diretoria tenham um planejamento bem definido para que o discurso esteja bem alinhado. O que não pode é o Abel dar a entender que não está nem aí para a Primeira Liga e o presidente Pedro Abad declarar que quer conquistar o bicampeonato dela. Isso confunde bastante a cabeça do torcedor e sinaliza um gravíssimo ruído na comunicação do Fluminense. 

Temos time, mas não temos elenco. Teremos cinco competições pela frente ao longo de 2017, sendo que em duas delas, podemos levar dois canecos disputando apenas 18 jogos (6 pela Primeira Liga e 12 pela Copa Sul-Americana). Copa do Brasil será parada duríssima, Campeonato Carioca é sempre cheio de “armadilhas esquisitas” e o Campeonato Brasileiro não perdoa quem não tem elenco. 

Reconhecer suas próprias limitações é o primeiro passo para uma grande vitória. E planejar de acordo com as suas próprias limitações é sinal de humildade, competência e visão estratégica. Esse é o caminho!

Forte abraço e Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo / Explosão Tricolor 

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