Maracacídio!




“Consórcio Maracanã vence licitação de concessão do estádio” (Portal Globo.com); “Consórcio liderado por Eike Batista vence licitação e vai administrar Maracanã” (istoe.com.br); “Odebrecht e Eike Batista vencem licitação para administrar Maracanã” (Portal Valor). Todas as reportagens acima foram publicadas em 9 de maio de 2013, um dia após o famoso “Consórcio Maracanã” ganhar a licitação para gerir o mais emblemático estádio do futebol mundial.

Não precisa de muito esforço para perceber que o processo licitatório do Maraca foi vencido por empresas que, quase três anos depois, demonstraram completa inaptidão para gerenciar o dinheiro do grande público e um envolvimento totalmente espúrio nas negociatas pelo país afora.

Eike Batista está preso por corrupção e lavagem de dinheiro em uma das fases da Operação Lava Jato. A Odebrecht, possivelmente, era a maior financiadora de campanhas eleitorais fraudulentas que este país já conheceu e, por meio de seus cofres, diversos atos de corrupção foram realizados. Sobrou a americana AEG, detentora de 5% dos direitos sobre o estádio e que, até o momento, não se tem notícia de nenhum envolvimento em grandes escândalos no país.

E o que isso tem a ver com o Fluminense? Absolutamente tudo.

O Maracanã, um dos maiores símbolos do futebol brasileiro, possui uma gestão completamente envolvida nos maiores atos de corrupção do país e, por que não dizer, de outros países também. Seu patrimônio imaterial e seu legado de felicidade e de boas lembranças para o torcedor foram, durante esses longos três anos, quase arruinados pela incompetência com a qual a Odebrecht e as empresas de Eike trataram o estádio. Principalmente a primeira, já que ela comprou a participação do grupo “X” em janeiro de 2015.

Nem mesmo a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no país foram capazes de superar a “Maracacídio” que seus gestores praticaram à frente do templo do futebol. Sequer os contratos foram respeitados. E nisso o tricolor carioca possui interesse direto.

O Fluminense possui um vínculo contratual com o Consórcio Maracanã pelo prazo de 35 anos, sendo-lhe garantido jogar no estádio sem qualquer custo. Parte dos valores arrecadados é destinada ao clube e ao próprio Consórcio. Tal contrato, quando foi assinado, foi considerado vantajoso pra todo mundo. Contudo, a história mostra que não se pode confiar em empresas do calibre das que administram o maior estádio do país.

Apenas para resumir, o Maracanã ficou fechado desde o encerramento das Olimpíadas de 2016 e somente reabriu neste ano, após colecionar débitos tributários, trabalhistas e um passivo gigantesco de contas a serem pagas, incluindo as de água e de energia elétrica. Cadeiras destruídas e gramado impraticável para o futebol. O caos completo!

Hoje, o Fluminense, para conseguir mandar um jogo no estádio e fazer valer o seu contrato tem que recorrer à Justiça comum, haja vista que, sem a decisão liminar que obteve, não poderia atuar contra o Liverpool do Uruguai em sua casa; na casa de todos os amantes do futebol.

Como se não fosse suficiente, esta semana novamente o Fluminense teve que recorrer à Justiça para permitir que o time uruguaio possa fazer o reconhecimento do gramado no local. Isso porque o Consórcio disse que não abriria as portas do estádio para isso, negando cumprimento ao regulamento da competição e à própria destinação do local, que é a prática do esporte.

Mas, para além dos clubes do Rio de Janeiro, e do Fluminense em particular, os maiores prejudicados com toda essa má administração (pra ficar só nisso), sem dúvida nenhuma, são os torcedores. Aquele apaixonado pelo futebol que junta dinheiro de um mês inteiro para conseguir pagar o ingresso de uma única partida; aquele que vai a todos os jogos; aquele que, mesmo não podendo ir, enche os olhos ao ver seu time jogando no Maracanã pela tela da televisão; enfim, aquele que, sem qualquer interesse financeiro, ama seu clube do coração e quer vê-lo em ação no maior palco nacional.

Quarta-feira é dia do torcedor tricolor lotar o Maracanã. A festa será fantástica porque sabemos dar espetáculo na arquibancada. Não perdemos pra ninguém neste quesito! E tenho certeza que a torcida vai deixar a sua marca a provar que nada vai conseguir acabar com o nosso patrimônio.

Queremos o Maracanã em boas mãos! Ele não pode ser instrumento de jogatina com o dinheiro público. O torcedor vai tirá-lo das mãos de quem pretende matá-lo.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Mesmo com time reserva o Fluminense quase ganhou dos titulares do Flamengo. Ficou com o gosto amargo do empate. Se a equipe principal tivesse em campo, seria uma chacoalhada histórica.
  1. E o orçamento com a catastrófica previsão de dívida para este ano? Foi apresentado aos Conselheiros no dia 30 de março e nada de vir a público. A torcida merece mais transparência da diretoria.
  1. Dor de cabeça boa para Abel Braga: Wendel ou Douglas? Confesso que o primeiro está, cada dia mais, demonstrando que merece uma chance no time titular.
  1. Atualmente, o Liverpool é o 14º colocado no campeonato uruguaio, com uma campanha de uma vitória, três empates e cinco derrotas. 16 times disputam o torneio. Mesmo com esse péssimo retrospecto, é bom o Fluminense ficar de olho porque em torneio internacionais as equipes sulamericanas costumam crescer e dar muito trabalho.
  1. Não importa quem está gerindo o Maracanã. Bem ou mal ele é do povo e vamos mostrar isso na quarta. Fora Odebrecht e congêneres! Vocês não representam a tradição do nosso futebol!

     

    Observação: Por contra de uma decisão da Justiça, o Fluminense precisará arcar com todos os custos da partida da próxima quarta-feira (clique aqui e entenda). 

Evandro Ventura

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Foto: Vinicius Toledo

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