Temos elenco para ir até o fim?




Que vitória do Fluminense! Que jogo! Que dedicação de Richarlison! Que Henrique Dourado iluminado! Que zaga fantástica! Que defesa do Cava! Que jogo do Wendel! Enfim, são tantos elogios para um único jogo que poderia ficar escrevendo por horas, dias, que não conseguiria contar o tamanho da disposição que a molecada mostrou em campo. Foi épico! Chupa Fred!

Mas, como uma coluna de terça-feira, tenho o dever de fazer uma análise mais prospectiva do time, do clube e da vida do Fluminense. Afinal, passada a euforia da vitória, fica sempre a pergunta: o que vem depois?

Pois é, esse é o questionamento que toda a torcida está se fazendo. As duas vitórias neste início de campeonato levaram-na a almejar voos mais altos. E é sobre essa possibilidade de se manter no topo que todo tricolor hoje se pergunta.

Para ajudar neste debate, deve-se tratar daquilo que já é lugar comum: o elenco das equipes.

O campeonato brasileiro possui 38 rodadas em que todos jogam contra todos, no famoso sistema de pontos corridos. Esse sistema sempre vai premiar quem tiver o melhor elenco ou, pelo menos, quem tiver menos problemas de lesão. Pelo jeito, esta última hipótese não está a favor do Fluminense, já que, logo de cara, perdemos Sornoza por um bom tempo, sem contar Wellington Silva, que ainda não estreou.

Analisando os jogadores que Abel Braga tem à sua disposição, percebe-se que é um time bom, mas com poucas peças de reposição. Aos 11 que entram em campo somam-se Marcos Júnior, Nogueira (penso que Abel ainda não o efetivou como titular) e Douglas. Marquinhos Calazans é craque, mas ainda não deslanchou. Pedro é goleador, mas também não mostrou o faro de gol no time titular. Alguns poderiam falar em Marquinhos, Pierre e Renato, este último aproveitado mais vezes pelo treinador. Mas, cá entre nós, não estão à altura dos titulares do time. Não podia esquecer de Júlio César, que é uma boa opção para o gol. E só! Vejam bem: sequer falei de reforços para o time titular. Apenas tratei de jogadores que tenham condições de substituir com competência os onze que entram em campo. É pouco!

Para exemplificar, na próxima partida contra o Vasco, caso Wellington Silva não tenha condições de voltar, Abel deverá escalar Marcos Júnior no ataque ao lado de Richarlison e Henrique Dourado, formando o meio de campo com Orejuela, Wendel e Scarpa. Ou seja, não teremos ninguém no banco que possa dar um gás novo caso precise de opção ofensiva durante o confronto.

Resumo da história: o elenco do Fluminense deve ser melhorado ou alguma nova joia de Xerém aparecer para que o time tenha condições de disputar o título. Por mais que o início seja promissor, acredito que a equipe terá dificuldades de mantê-lo sem boas peças de reposição. Por mais duro que isso possa parecer, somos tricolores e temos que encarar os desafios de frente e não nos deixar levar somente pela emoção.

E, quando falo em reposição, não digo jogadores caros. Veja o exemplo do Cruzeiro de 2013 e 2014. Aquele time possuía alguns grandes jogadores que, na época em que foram contratados, não se esperava muito deles. Ou vão me dizer que alguém conhecia Ricardo Goulart e Everton Ribeiro? As únicas contratações estrelares foram Dedé e Júlio Baptista que não renderam o esperado. Mas ele foi campeão nacional por dois anos consecutivos.

Todos sabemos da situação financeira que atravessa o Fluminense. Nem de longe é boa e, pelos balanços divulgados, a diretoria deverá lutar muito pra perder de pouco neste ano. Empatar só no ano que vem. Superavit nem se fala! Contudo, um clube de futebol se faz de títulos e, neste ano, o time tem uma grande chance de se sagrar campeão brasileiro. Seja pelo treinador ou pela qualidade dos titulares e de três ou quatro peças de reposição, podemos aspirar às vitórias e ao título se, pontualmente, mais dois ou três reforços encorparem o elenco. Nada de superstars! Apenas mais soldados para o time de guerreiros.

Com as peças certas o título será possível. Eu confio e acredito que a diretoria não pode perder esta oportunidade! Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Fred não andou em campo como já era de se esperar. Se a bola não chegar “redondinha” pra ele, o ex-camisa 9 do Fluminense desaparece. Henrique e Nogueira o colocaram no bolso.
  1. Por outro lado, que partida do Henrique Dourado! O maior queimador de línguas (inclusive a minha) da história do clube não só fez um gol como deu o passe pro segundo. Além disso, segurou bem a zaga do Galo e ajudou na marcação quando era necessário. Cone nunca mais!
  1. Gustavo Scarpa voltando aos poucos é um alento para a torcida. Imagina o time sem ele e nem o Sornoza em campo? Prejuízo total para a criação no meio. Bom retorno, garoto!  
  1. Wendel é candidato a craque do brasileirão. Que categoria nas quatro linhas!
  1. Gostei do Nogueira entrando desde o início da partida. Parece que isso aumentou a responsabilidade e também a confiança do moleque. Só os grandes se destacam quando possuem bons desafios. Vida longa pra ele no time titular!

Evandro Ventura 

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