Deem valor às nossas joias!




O Fluminense passa por um momento extremamente delicado em todos os sentidos. O cenário financeiro atual é caótico e como quase todas as fontes de receita do clube (bilheteria, cotas de televisão, patrocínio…) estão esgotadas ou simplesmente não existem, a direção vê na venda de jogadores a única saída possível, o que não é surpresa para qualquer tricolor. A verdade é que temos sim vários atletas com enormes potenciais de venda em nosso elenco e o Fluminense tende a lucrar muito com eles num futuro bem próximo, mas antes de aceitar alguma proposta, é preciso analisar se o negócio realmente vale a pena.

Marquinhos Calazans apareceu muito bem em seus primeiros jogos como profissional e depois foi estranhamente barrado por Abel Braga, que preferiu testar opções infinitamente piores. Depois de muita reclamação da torcida, Abelão resolveu dar chance ao garoto de Xerém no time e ele não decepcionou. Hoje, Calazans é titular incontestável e suas atuações despertaram o interesse do Atalanta, da Itália. Pelo que todos nós sabemos até agora, o Fluminense recusou a primeira oferta dos europeus no valor de R$ 11 milhões e depois teria aceitado uma segunda proposta na casa dos R$ 25 milhões. Por meio de nota oficial, a diretoria negou, porém a especulação segue e o jogador seguiu o perfil do clube italiano em seu Instagram, dando indícios de que a transferência pode estar próxima.

A intenção aqui não é discutir se o Flu aceitou ou não a proposta, ou se jornalista A ou B mentiu sobre o assunto. Fato é que o Calazans vale mais do que as cifras que foram divulgadas e o Fluminense não pode se desfazer de alguém tão importante por esse valor, mesmos com os supostos 30% que o clube teria direito numa futura transação. Não gosto de fazer comparações, ainda mais essa, mas é inevitável: O Flamengo vendeu Vinicius Junior, um garoto que ainda não fez absolutamente nada entre os profissionais, por 160 milhões de reias. Obviamente, Calazans não vai ser vendido por este montante, aliás, nem perto disso. Mas será que os dirigentes realmente acham que estarão fazendo um bom negócio? Não seria melhor segurar o jogador para que ele dê mais retorno técnico e posteriormente um retorno financeiro ainda maior?

O pior de tudo é pensar que se amanhã chegar uma proposta de uns R$ 50 milhões pelo Wendel ou pelo Scarpa, a diretoria vai querer concretizar a negociação. Pode até ser que não aceite, mas será por pressão externa. Como aconteceu com os R$ 40 milhões que o Palmeiras ofereceu pelo Richarlison ou como terá sido se os R$ 25 milhões pelo Calazans forem rejeitados. Estarão repetindo Peter Siemsen, que no início de 2016 se desfez Biro Biro, até então uns dos melhores atacantes do Brasileirão do ano anterior, numa negociação que rendeu ao Fluminense expressivos 2,5 milhões de reais. Para quem quiser um caso mais recente, basta lembrar de Ailton, lateral-esquerdo que foi revendido pelo Estoril por um valor três vezes maior do que o que os portugueses desembolsaram para tirá-lo daqui.

Vender atletas é hoje a única solução para os nossos incontáveis problemas, mas não adianta fazer tudo às pressas. Vamos pensar grande diretoria!

Lucas Aquino

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