O silêncio que tocou a alma

Bandinhas, baterias, bumbos, pandeiros, repeniques, agogôs… De torcidas organizadas…

Já ouvi gritos emocionados de “É Campeão!” Incontáveis vezes. Gritos de desespero em momentos difíceis…

Gritos que emocionam, que enchem de orgulho, que ensurdecem… Gritos que constrangem, incomodam… Gritos que até mesmo envergonham…

Cânticos para embalar o time, músicas espirituosas, até músicas de mau gosto…

Já ouvi o hino tricolor entoado de todas as formas,  “A Benção, João de Deus”, “Horto Mágico”, “Minha Raiz”, “O show tá começando”, “Pra cima, Fluzão”…

Até a recente musiquinha infeliz do tomar cerveja me tocou, mesmo que de forma incômoda, por entender que não cabe tamanho desrespeito às mulheres tricolores…

Nos meus mais de 45 anos de arquibancada já ouvi de tudo… Ou quase tudo, porque no futebol sempre há uma emoção nova nos esperando a cada jogo…

Já ouvi vaia a Presidente, Governador, Ministro, presidente de clube… técnico, cartola… Já ouvi vaia em minuto de silêncio, em hino nacional…

Um silêncio de rasgar a alma… De comover e emocionar cada coração irmanado naquele momento de homenagem a um jovem, filho de um guerreiro treinador que vem mostrando uma força descomunal para superar um momento tão difícil de sua vida…

Um silêncio de encher os olhos de lágrimas. De apertar o coração.

Um silêncio de 27.278 torcedores presentes…

Jamais iria imaginar que de tanto que ouvi, iria um dia me emocionar muito mais com o que não ouvi…

Quando escrevi aqui no outro dia o texto “115 razões para amar o Fluminense” e enumerei 115 itens, que disse que poderiam vir a ser 115 mil…

…posso agora registrar um dos momentos que mais me comoveram na arquibancada do Maracanã: o minuto de silêncio de ontem, finalizado com uma salva de palmas e o grito uníssono do nome de Abel… Foi de partir o coração tricolor que bate aqui no lado esquerdo do peito…