Pai




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Amigos,

Quando eu tinha pouco tempo de Explosão, publiquei uma homenagem ao meu pai, grande responsável pela minha formação tricolor.

Depois disso, no final do ano, o site passou por algumas reformulações, e o texto não ficou mais disponível para todos.

Como hoje é aniversário dele, peço licença a vocês para reproduzir o texto na íntegra.

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Meu pai me deu vida, formou meu caráter, contribuiu para a minha personalidade, e incentivou a minha inteligência.

Meu pai me ensinou a amar o Fluminense, me levou às Laranjeiras e me apresentou ao Maracanã.

Meu pai me mostrou que melhor não significa maior, e me fez entender que é preciso ter um algo mais em nossa personalidade para amar o Fluminense.

Meu pai me consolou quando as coisas não iam bem, e me provou que o Fluminense sempre se supera, especialmente nos momentos mais difíceis.

Meu pai me apresentou Nélson Rodrigues, e eu aprendi que todo ano o Fluminense é o melhor time do Brasil. E se em determinado ano, os fatos disserem o contrário, pior para os fatos.

Meu pai me apresentou Paulo Vítor, o melhor goleiro do Brasil na época, e me fez ter como ídolos jogadores que nem vi atuar, tais como Castilho, Flávio, Lula, Mickey, Rivelino, Carlos Alberto, dentre outros, apenas por ouvir suas histórias.

Meu pai me enxugou as lágrimas após uma derrota para o Vasco em 1994, levantando minha cabeça quando eu perguntava se nunca veria o meu Fluminense ser campeão.

Meu pai me ensinou que em Fla-Flu decisivo nos superamos, e estava ao meu lado no meu primeiro título, com a santa barriga de Renato Gaúcho.

Meu pai me fez enxergar um Fluminense grande, mesmo com seguidos rebaixamentos, me deixando ainda mais próximo do clube no pior momento de nossa história.

Quando a fase virou, e o Fluminense começou a mostrar ao Brasil que os gigantes não morrem, meu pai estava ao telefone, em êxtase, como que me dizendo “eu te avisei”, enquanto eu escalava alambrados no Orlando Scarpelli para comemorar o título de 2007.

E após a pior derrota da minha vida, meu pai foi a única pessoa a quem eu dirigi a palavra, em um intervalo de 24 horas, e me mostrou que “azar da Libertadores”, por não ter o Fluminense figurando como o mais sensacional campeão de sua história em 2008.

Depois disso, foram dois títulos brasileiros, o que me dá a metade de seu currículo. E considerando o que ele representa pra mim, já me darei por satisfeito se eu conseguir ser metade dele para o meu filho.

Hoje o seu joelho já não lhe permite mais me acompanhar aos jogos. E em virtude das atribulações da vida, na maioria das vezes assistimos ao Fluminense em lugares diferentes.

Mas nada me alegra mais do que receber uma mensagem ranzinza dele ao final do jogo, dizendo que o Fred é um mercenário, e que não está nem aí para o Fluminense, mesmo depois de uma grande vitória.

Isso só me mostra que, apesar de tudo, ele ainda está aqui comigo.

E que, apesar do seu joelho que dificulta muito sua caminhada, ainda vou levá-lo comigo para conhecer o novo Maracanã, como ele me levou para conhecer o velho.

Peço licença a vocês, leitores do Explosão, para esta singela homenagem.

Hoje é seu aniversário. Mas poderia não ser. Porque esta homenagem pode e deve ser feita em qualquer dia do ano.

Afinal, tem dia certo para agradecer por um pai existir?

Tem dia certo para agradecer a um pai, por ele ter te transmitido o amor incondicional ao Tricolor?

Todo dia é dia do Fluminense. E sendo assim, ao menos para mim, hoje e sempre, serão os dias do meu pai.

Abs,

Alan Petersen