Ninguém quer o Pedro Abad no clube!
O conceito de legitimidade não é universal e livre de críticas. Penso, entretanto, que ele deve ser considerado como tudo aquilo que possui aceitação racional pelas pessoas diretamente atingidas. É dizer: tem aceitação popular é legítimo; não tem, é ilegítimo.
É claro que isso não significa que um dirigente deve sempre contar com o apoio da opinião pública; mas, em algum momento, os projetos desenvolvidos em uma instituição devem trazer benefícios para ela, pois, do contrário, o gestor não pode continuar no cargo.
Um clube de futebol funciona como um país democrático. Há a figura do Presidente, dos “Ministros” (Vice-presidentes de toda a ordem) e do Legislativo (Conselho Deliberativo). O Judiciário é o mesmo para qualquer cidadão. Nesse sentido, para que um diretor possa chegar ao cargo máximo da entidade, tem que ter legitimidade. E para se manter nele também.
Fiz todo esse rodeio para dizer o seguinte: se Pedro Abad chegou ao cargo por votação dos sócios, não tem mais legitimidade para continuar nele. Aqui não pretendo tratar dos atos equivocados que sua gestão praticou, como a ausência de transparência à torcida e a farra dos ingressos para a torcida organizada. Quero tratar apenas do direito do torcedor de ter o time de volta; e a retirada do atual Presidente é fundamental para isso.
Alguns irão dizer: mas se ele foi eleito, só pelo voto deve sair. Concordo com esse raciocínio, desde que estivéssemos em um cenário minimamente razoável para o clube. Mas com Pedro Abad nada funciona e o clube está em queda livre, acentuada pela saída de Abel Braga.
O nosso Presidente não sabe se comunicar como a massa. Falta-lhe carisma e até mesmo interesse em lidar com o público. Basta ver que o seu Twitter foi atualizado em 6 de dezembro de 2017 e nele consta uma mensagem garantindo a permanência de Abel Braga para o ano de 2018. Ou seja, mais uma vez não conseguiu cumprir o que prometeu.
Falta-lhe ainda a possibilidade de se dedicar integralmente às coisas do clube. Como todos sabemos, ele é Auditor Fiscal da Receita Federal e para assumir o time teve que se comprometer a não brigar contra os interesses do órgão que o remunera. Ou seja, se o Fluminense tiver débitos fiscais, o nosso Presidente não pode questionar. Que lástima!
Ele e seu principal grupo político de apoio, a Flusócio, ainda demonstram que não possuem a competência esperada para administrar um clube dessa grandeza. A nossa marca não é explorada e nem vendida, o clube não se destaca nos bastidores do futebol brasileiro e o processo de “americanização” ou “bangunização” está a todo vapor.
Nem minimizar a dívida do clube eles conseguiram. Se é verdade que diminuíram a folha de pagamento de jogadores, é tão verdade quanto que eles a inflaram com pessoas físicas travestidas de pessoas jurídicas. Pregam austeridade, mas em sete anos no poder os débitos aumentaram e a imagem do clube afundou. Ou seja, legitimidade zero para permanecer à frente do Fluminense.
E o caso Abel Braga! O cara conseguiu extrair o melhor de cada jogador mesmo com o elenco limitado que lhe deram. Conseguiu manter a motivação dos atletas mesmo com os constantes atrasos salariais. Fez até o que não devia: deu a cara a tapa enquanto a diretoria se escondia atrás da leniência do Conselho Deliberativo.
Mas ele cansou. E no lugar dele eu também cansaria e pediria as contas. Ninguém suporta dar o seu melhor e ver os seus superiores, dia após dia, fazer esforço para diminuir cada vez mais o clube. Gente que nasceu para gerir processos eletrônicos e não grandes clubes de futebol; gente que sabe jogar vídeo game e não lidar com a paixão popular; enfim, gente que surfou no discurso da austeridade, mas não cumpre sequer o dever de transparência.
Falei do Conselho Deliberativo e não posso deixar de dizer que ele possui um papel fundamental nessa saída de Abel Braga. Não pelo ato em si, mas por permitir passivamente tudo o que acontece dentro do clube. Pelo Conselho passam todas as principais decisões e ele sempre dá o aval para os desmandos da Flusócio.
Caberia ao Conselho Deliberativo lutar pelos interesses das Laranjeiras e do torcida tricolor, ainda que tenha que bater de frente com o Presidente. Mas, assim como acontece no Congresso Nacional, nossa instância deliberativa parece não se importar com o Fluminense e com o torcedor, que é a única razão da existência de um clube que tem Football no nome. E a falha na deliberação e na fiscalização deixa marcas que podem nos levar à ruína.
“Sim, falta legitimidade para Pedro Abad se manter no cargo. Os interesses do clube e do seu verdadeiro proprietário, que é o torcedor, jamais foram os dele e é por isso que a ausência de legitimidade não lhe autoriza permanecer ocupando o espaço atual. Em letras garrafais:
NINGUÉM QUER PEDRO ABAD NO CLUBE”.
A saída de Abel Braga escancarou ainda mais as falhas de gestão e as dificuldades que os atuais mandatários possuem de administrar o Fluminense. Isso não é nenhum caça às bruxas, e sim atribuir a culpa a quem verdadeiramente a tem. E ela é de Pedro Abad e da sua principal base de sustentação, que é a Flusócio.
Enquanto há vida, há esperança! E nós, os verdadeiros tricolores, vamos elevar o clube novamente. Sem a galera que está no poder hoje fica bem mais fácil.
Ser Fluminense acima de tudo!
Evandro Ventura
