Todos calados? Ah, se fosse o Fluminense…

22 de fevereiro de 2017 Vinicius Toledo Vinicius Toledo

A semana é de decisão para o Fluminense, a cidade está agitada com a proximidade do Carnaval e a hipocrisia continua reinando de forma absoluta no jornalismo esportivo brasileiro.

Na última rodada do Campeonato Brasileiro 2016, os torcedores do Fluminense, Bruno Vargas e Antonio Neto, cometeram uma grande lambança com o torcedor do Internacional, o Sr. José Joaquim Jacques. Muitas pesadas ofensas e uma verdadeira tortura psicológica registradas num terrível vídeo que envergonhou toda a torcida tricolor. O Ministério Público do Rio de Janeiro acabou denunciando os dois torcedores tricolores. Pior que a denúncia da turma do MP-RJ, foi a condenação da imprensa e, principalmente, o total repúdio da torcida tricolor que não compactuou com as atitudes do Bruno e Antonio.

No início deste mês, o nosso jovem guerreiro Pedro Lucas Scudieri foi massacrado violentamente por três agressores após ter assistido a um jogo do Fluminense. Repercussão? Muito pouca, se considerarmos a gravidade do caso. Sequer escutamos pedidos de justiça e pesada investigação.

No domingo retrasado, quem foi ao Engenhão para assistir a partida entre Flamengo e Botafogo, viveu uma tarde de terror. Um amigo meu que foi ao jogo me passou a seguinte informação: “Vinicius, foi um massacre. Ao longo dos meus 40 anos de idade e tanta experiências como torcedor, jamais vi algo igual. Esse dia será lembrado como o “Massacre do Engenhão”. Aterrorizante!”

Pois é, meus amigos e minhas amigas. O “Massacre do Engenhão” foi amplamente discutido? No meu ponto de vista, não. Teve um óbito e oito feridos, sendo que dois deles com gravidade. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro resolveu entrar em ação, e o juiz Guilherme Schiling, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos do Rio, tomou a decisão, na última sexta-feira, de que os clássicos entre clubes cariocas passarão a ter torcida única.

A decisão do juiz gerou bastante polêmica e contou com reprovação quase unânime, em especial, dos torcedores e imprensa, entretanto, não entendi uma coisa: por qual motivo ninguém cobrou punição alguma aos clubes? Cadê o STJD com toda a sua rigidez, como no caso ocorrido no ano passado, com a Bravo 52, que foi proibida de entrar nos estádios durante um mês por causa de uso de sinalizador fora do estádio?

O mais impressionante é que ninguém da imprensa comenta ou cobra algo sobre isso. Já vi vários grandes clubes serem obrigados a atuar com portões fechados por causa de situações infinitamente menores que a do “Massacre do Engenhão”. Botafogo e Flamengo não sofrerão punição alguma?

Ano passado, na reta final do Campeonato Brasileiro, o Flamengo levou uma punição de três jogos sem direito a carga de 10% destinada aos torcedores visitantes. Na época, a punição teria que começar no jogo contra o Palmeiras. Os outros dois jogos de suspensão seriam contra o São Paulo e Fluminense. No entanto, a diretoria do Flamengo alegou não ter solicitado a carga de ingresso de torcida visitante no duelo diante do Vitória. O clube baiano comercializou, supostamente sem o consentimento do Flamengo, os 3.500 ingressos destinados aos flamenguistas. Os dirigentes do Rubro-Negro argumentaram que não puderam evitar que os torcedores rubro-negros comprassem as entradas. O STJD se reuniu e considerou que o Flamengo já havia cumprido a punição como visitante no duelo contra o Vitória. Com a decisão, o Flamengo só teve mais um jogo de punição a cumprir como visitante, diante do São Paulo. Com toda sinceridade, até hoje não entendi essa decisão do STJD. Como é que o Flamengo cumpriu suspensão contra o Vitória se a sua torcida compareceu em peso ao Barradão? E mais uma vez, a imprensa ficou calada sobre algo pra lá de discutível. Qual o motivo do silêncio? Ah, se fosse o Fluminense…

Difícil, muito difícil…

Forte abraço e Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo