Avaliando a possível contratação de Fred




Foto: Divulgação / Fluminense FC



Avaliando a possível contratação de Fred

Há muito o Fluminense não tinha uma semana tranquila como esta. Após as duas vitórias sobre Peñarol e Inter, Fernando Diniz e o elenco tricolor finalmente poderão trabalhar com um pouco de paz. Tomara que os treinos sejam proveitosos, porque sábado já tem pedreira pela frente. 

Porém, um dos assuntos que têm dominado o noticiário tricolor é a volta de Fred ao clube. Vários meios de comunicação já dão como certa a vinda do centroavante para as Laranjeiras no início de 2020. E a pergunta que fica é: vale mesmo a pena? Algumas questões devem ser levantadas antes de responder a esse questionamento.

Antes de mais nada entendo que é indiscutível o status de ídolo que ele conquistou. Por mais que eu tenha várias reservas quanto a isso, em especial porque o jogador passava dias e meses no Departamento Médico, além de não ser o maior destaque no quesito preparação física, fato é que ele ainda está no imaginário tricolor e foi uma das promessas de campanha da atual diretoria.

Enfrentando a pergunta proposta, devemos lembrar que Fred já tem 35 anos – fará 36 em outubro próximo. Ou seja, caso realmente venha para o Fluminense no ano que vem, estará com a idade bem avançada mesmo para os padrões do futebol moderno. Isso sem dúvida pesa na hora de avaliar a sua contratação, ainda mais se considerarmos o seu histórico de lesões. Se já machucava em excesso quando aqui chegou em 2009, imagina agora?

Não se pode desconsiderar que atualmente Fred é reserva no Cruzeiro. Eu sei que o técnico Mano Menezes está longe da unanimidade em Minas, mas isso não está relacionado ao fato de ter colocado o atacante no banco. Na verdade, essa é uma das poucas coisas que o torcedor cruzeirense tem concordado com o treinador ultimamente. Isso é sinal que o centroavante não está em sua melhor fase.

O jogador está há 15 jogos sem balançar as redes. Por mais que ele tenha alcançado certo destaque no Campeonato Mineiro deste ano, o que o faz ainda ser o artilheiro do clube na temporada com 16 gols, nas competições nacionais e internacionais, cujo nível de exigência é maior, ele não vai bem. Tanto que perdeu a vaga para Pedro Rocha, contratado há pouco tempo pelo clube da Toca da Raposa.

Todo esse retrospecto o fez ser intensamente vaiado no jogo contra o Athlético Paranaense, que ocorreu no último dia 27 no Mineirão, quando o Cruzeiro por 2 x 0. Naquela ocasião, Fred foi o principal alvo das vaias da torcida, superando até mesmo o questionado técnico Mano Menezes.

Mas não é só. Na última quarta-feira, quando o Cruzeiro foi eliminado pelo River nas oitavas da Libertadores, Fred reclamou publicamente de Mano Menezes, dizendo que não se adapta ao seu estilo de jogo, já que não tem velocidade para sair em contra-ataque. Além de não ser a melhor ocasião para isso, já que esses problemas devem ser resolvidos no vestiário, o camisa 9 deixou claro que correr continua não sendo o seu forte, o que o torna peça questionável na futebol moderno, especialmente em esquemas como os de Fernando Diniz que exige aplicação tática de todos o jogadores em campo.

Mas a lista de situações que deve ser analisada antes de trazer o atleta não terminou. No ano passado ele foi contratado a peso de ouro pelo Cruzeiro, mas ficou seis meses afastado dos gramados por uma contusão no jogo contra o Tupi pelo estadual de lá. Retornou ainda no Brasileirão de 2018, mas já sem condições de ajudar a sua equipe. 

Em resumo: hoje em dia Fred é uma incógnita. A seu favor está o seu passado no Fluminense, além da possibilidade de atrair o torcedor para o estádio e aumentar a autoestima da galera; contra ele está todo o retrospecto citado acima.

Definitivamente não se trata de ingratidão. Pelo contrário! O que está em jogo é o bem maior do clube, que não pode ficar amarrado a um passado próximo que dificilmente retornará. Da forma como vem atuando pelo Cruzeiro, Fred pouco acrescentará e uma possível euforia inicial da arquibancada pode se tornar uma dor de cabeça mais tarde.

Avaliando friamente os números e o desempenho recente do atleta, a sua contratação não é um bom negócio para o clube. Porém, a paixão do torcedor e o status de ídolo que ele adquiriu podem ser decisivos na hora de bater o martelo. Vamos aguardar que a diretoria e a comissão técnica saibam avaliar os dois lados da maneira correta, adotando uma postura que respeite, a um só tempo, a grandeza e a tradição de Álvaro Chaves.

Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura