Barcelona, CT e o Fluminense: a transparência é necessária

Em meio a tantas especulações sobre possíveis reforços, surge uma totalmente fora do comum: um suposto convênio com o Barcelona. Segundo o jornalista Rodrigo Mattos, do portal UOL, o clube espanhol desistiu de fechar uma parceria com o Santos e resolveu apontar o seu binóculo para o Fluminense.

Olhando de primeira, parece ser um negócio da China, e se pensarmos em termos de exposição de marca, seria uma baita bola dentro. Mas vamos entrar no mundo real, realizar uma análise detalhada e perguntar o seguinte: será que valeria mesmo a pena? Xerém tem sido uma verdadeira fábrica de talentos. Por mais que alguns tricolores mais radicais digam que não, o Fluminense tem revelado grandes jogadores. A lista é grande e o futebol mundial está aí para provar que Xerém é uma mina de ouro.

A atual diretoria tem todo o mérito de ter melhorado consideravelmente a estrutura de Xerém (o recente considerável aumento de receita da TV contribuiu bastante). Não há como negar isso, mas confesso que essa notícia de um possível convênio com o Barcelona, me deixa com um pé atrás, pois os europeus não jogam para perder. É assim desde a colonização portuguesa no Brasil. Os portugueses chegaram aqui despejando espelhos, pentes, lenços e outras bugigangas para os inocentes índios. Em troca, os portugueses arrancaram todo o nosso ouro e pau brasil. Ainda assim, o brasileiro tem a mania de fazer piada com o português!

Segundo a matéria do Rodrigo Mattos, o Barcelona realizaria investimento, exportaria know-how e gestão da base em troca de preferência por atletas. Pergunto: Qual tipo de investimento? Qual metodologia que eles aplicam que nós não temos condições de aplicar por conta própria? Quais os conhecimentos técnicos que eles possuem e nós não possuímos?  

Em 2006, o Real Madrid pegou no Fluminense, o lateral-esquerdo Marcelo e está com ele até hoje. Agora, o Barcelona quer levar o trio Gerson, Marlon e Kenedy. O Manchester United levou os gêmeos Fábio e Rafael. Fabinho foi vendido ao Real Madrid sem ter feito um jogo no time profissional e hoje está na Copa América. Isso para não falar no Wellington Nem, Carlos Alberto, Maicon, Alan, Arouca, Diego Souza e tantos outros. O Fluminense sabe direitinho o caminho das pedras e acredito que não haja necessidade de virar colônia catalã. 

Por essas e outras, brigo para que a torcida do Fluminense saia da comodidade e comece a participar mais da vida social e política do clube. Precisamos fiscalizar tudo que ocorre dentro das Laranjeiras e cobrar quando necessário. Sou defensor da política de transparência total para que não haja desconfiança de nada. Na minha opinião, a transparência encerraria com todas as desavenças políticas e abriria uma discussão bem mais saudável e construtiva entre todos os tricolores.

Por falar em transparência, quero falar rapidamente da questão do Centro de Treinamento. Primeiramente, estou muito feliz pelo anúncio do início das obras. O CT dará um enorme salto de qualidade ao time profissional e ainda poderá fazer a diferença na hora de negociar com algum profissional para vestir a camisa do Fluminense. A iniciativa do Pedro Antônio tem sido bastante exaltada nas redes sociais, pois ele emprestará dinheiro ao Fluminense para acelerar as obras. Até aí, beleza. Mas vamos aos questionamentos: se o Fluminense não tivesse o Marlon, Gerson e Kenedy prestes a serem vendidos por milhões de euros, será que o Pedro Antônio realizaria este empréstimo? Outra: qual a condição de juros e prazo? Existe alguma cláusula especial? Não estou desconfiando de nada, mas tudo que envolve dinheiro deve ser muito bem esclarecido. 

Antes que me critiquem, quero deixar bem claro uma coisa: acompanho o Fluminense intensamente desde criança. Várias são as histórias de heróis de momento que salvaram o Fluminense com grandes empréstimos, mas que mais tarde, cobraram valores “n” vezes maiores. Não quero de forma alguma, tirar o mérito do Pedro Antônio, que diga-se de passagem, é um dos caras mais empenhados da atual diretoria. Só para dar um exemplo, numa tarde de sábado, estava com a minha esposa no clube e numa fila para os sócios pegarem ingressos para um jogo. Era final de tarde e quem estava no final da fila vestido com a camisa do Fluminense e com o crachá do clube, perguntando aos sócios quantos ingressos queríamos? Sim, era o Pedro Antônio, cheio de disposição para dar um atendimento de primeira ao maior patrimônio do clube: o torcedor tricolor. 

Como sócio e torcedor, gostaria muito de saber as reais condições deste empréstimo. Acho que as prováveis vendas do Marlon, Gerson e Kenedy são a garantia de pagamento do Fluminense, entretanto, depois da venda do Wellington Nem, onde a grana foi toda bloqueada pela justiça para pagamento de dívidas, fico com bastante receio de fazermos um empréstimo monstruoso e ele virar uma bola de neve milionária. De qualquer forma, espero que tudo dê certo. Para terminar, seria legal que a diretoria se manifestasse sobre a suposta parceria com o Barcelona.

No mais, espero que a galera chegue junto no Maraca, na próxima quarta, às 19h30, contra a Ponte Preta. Temos que jogar junto e empurrar este time para a vitória. Estou confiante e com muita fé!

Por hoje é só!

Vinicius Toledo / Explosão Tricolor