A busca do equilíbrio




Mais um placar zerado. Nos dois jogos em sequência que fez fora de casa, empatou com zero no placar. Primeiro, a Ponte Preta. Agora o Santos. Se a análise for pela pontuação obtida, é claro que não foi bom. Principalmente contra o time de Campinas, quando o Fluminense poderia ter saído com um resultado positivo. Mas se o foco for a mudança da postura tática da equipe, aí a análise pode ser mais otimista.

No jogo desta segunda-feira, o time criou muito pouco, mas também quase não teve preocupações defensivas. Isso demonstra uma mudança de organização do time que, se equilibrada com a eficiência ofensiva mostrada ao longo da temporada, pode ser decisiva para o resto do campeonato e, principalmente, para a Sul-Americana.

O Fluminense, até bem pouco tempo atrás, tinha o melhor ataque dentre os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro e uma das piores defesas também. Até por usar um esquema com três atacantes, o time não demostrava consistência defensiva e deixava a zaga exposta.

Nos últimos dois jogos, porém, Abel foi um pouco mais cauteloso na escalação e o montou com dois volantes de contenção: contra a Ponte, Henrique e Orejuela; contra o Santos, o equatoriano e Marlon Freitas, retornando o zagueiro para a sua posição original. Isso foi determinante para manter os atacantes adversários longe da meta de Júlio César.

O futebol apresentado pelo Fluminense, sem sombra de dúvidas, não agrada os torcedores e nem quem apenas quer assistir ao espetáculo. O jogo fica frio, sem graça e com aquela sensação de fim de festa, apesar de estarmos apenas no início do segundo turno. Realmente é pouco para uma equipe com a vocação para a eternidade como o Tricolor das Laranjeiras.

Mas não podemos criticar Abel Braga nesta tentativa de reforçar a marcação do time. Não dá pra fazer um caminhão de gols e, ao mesmo tempo, ter uma das defesas mais vazadas do país. Por pior que fique o jogo, e por mais que se necessite da vitória, era chegada a hora de melhorar a postura defensiva. Não apenas por cautela, mas para obter o equilíbrio entre os três setores do time.

Confesso que prefiro uma equipe mais ofensiva. O futebol é um grande show e todos querem ver o time ganhando e jogando bem. Faz parte de ser torcedor no Brasil. Mas, antes de tudo, quero que o time vença jogos. Pra isso, é indispensável o equilíbrio entre o meio de campo, a defesa e o ataque.

Não estou entre aqueles que acredita que a retranca ganha partida. Penso que o futebol alegre, bem jogado e bonito de se ver também pode levar à vitória. Mas, para que este estilo de jogo possa imperar, todos os setores devem funcionar bem. Afinal, atacante só tem tranquilidade de pensar em seu ofício de marcar gols quando a defesa faz a sua parte.

Sim, há uma clara mudança de postura na equipe. E penso que ela vai ser fundamental na Copa Sul-Americana, até porque tomar um gol em casa é quase anúncio de eliminação. Abel Braga é inteligente e sabe que, se começar agora, tem condições de encontrar o equilíbrio necessário em pouco tempo, o que é ótimo em termos de resultado.

E quando falo em equilíbrio, os números mostram que ele ainda não está perto de acontecer. No jogo de ontem os jogadores tentaram exatos 35 lançamentos, acertando apenas 13 (média de 37%). Ou seja, o jogo passou pouco pelo meio de campo e o chutão da defesa para o ataque foi o tom da equipe.

Enfim, ainda há muito o que acertar, mas a melhora no setor defensivo já é um grande início, ainda que se tenha pensado nisso na metade final da temporada.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

  1. Vi a partida de estreia de Richarlison pelo Watford contra o Liverpool. Ele entrou no segundo tempo e teve grande atuação. Futebol diferente, língua diferente, adversário grande, mas ele mostrou a raça de sempre. Tem personalidade. Tomara que tenha sucesso na Europa.
  2. A diretoria fez apostas e contratou jogadores ainda desconhecidos do grande público. Robinho sai na frente e chega para disputar uma vaga no time titular. A torcida espera muito deles.
  3. Wendel caiu de produção. Não sei o que aconteceu, mas fato é que ele não vem mostrando o mesmo futebol de tempos atrás. Preciso de um choque. Acorda moleque!
  4. Na volta pra casa, contra o Atlético/MG, é hora de apertar o santo e vencer a partida. A correria da molecada pra cima da velharia atleticana pode ser fundamental pra vitória. É jogo pra casa cheia no Maraca! 

Evandro Ventura

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