
Entrevista coletiva completa do presidente Mário Bittencourt
Na tarde desta terça-feira, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, concedeu entrevista coletiva no CT Carlos Castilho. Confira abaixo todas as respostas do mandatário tricolor:
Encontro com torcedores no CT Carlos Castilho
“Quero dizer que é um momento que a gente precisa de união, do clube, da torcida, das pessoas que amam o clube. É uma situação que perdura por uma série de motivos. Vou abrir para perguntas, mas quero dizer que o objetivo de a gente estar aqui hoje é sobre o momento difícil que estamos vivendo dentro de campo. A ideia é buscar entendimento, estar unido, estar junto e, a partir de quinta-feira, voltar a trilhar o caminho das vitórias. Trazer os resultados para nos deixar na Primeira Divisão.
Sobre a questão do encontro que teve aqui hoje, os torcedores vieram cobrar, como já aconteceu em outras oportunidades. Temos uma conduta que, desde que seja sem violência, pacífico, sempre vamos estar de portas abertas para receber. Há dois meses já tinha ocorrido um movimento desse tipo. O Matheus Montenegro os recebeu com o Paulo Angioni, com o treinador, e faz parte. O clube é uma comunidade onde todos são importantes. Torcedores são importantes. Torcidas são importantes. Tivemos dignidade para recebê-los, e eles fizeram as cobranças.
Nós entendemos que demos as explicações que nos levam a estar vivendo esse momento. As cobranças são normais, as críticas são normais. Estamos de portas abertas para esse contato. Na reunião, dissemos que vamos estar unidos até o final, como foi em 2009. Em 2009, cheguei como gerente de futebol, tínhamos uma situação muito pior do que essa de hoje, e lá fui eu que convoquei as torcidas para se unirem. Esse movimento está se repetindo agora, de fora para dentro. É uma união super válida, super bacana.”
Mano Menezes corre risco de demissão?
“Quando ele chegou, a gente tinha 6 pontos. Éramos lanternas do campeonato. De lá para cá, ele tem 50% de aproveitamento. Hoje, quem tem 50% é quem está em sétimo, oitavo lugar. Vamos ter que manter isso. Os times que estão próximos da zona (de rebaixamento) têm 33% de aproveitamento. Nós tínhamos os objetivos das Copas também. É difícil estar nas quartas de final da Libertadores e fazer uma prioridade. Disputamos as Copas para vencer. Mas o objetivo principal era sair dessa situação incômoda do Campeonato Brasileiro. Sei que as pessoas ficam muito tristes com essa oscilação, mas temos que ter a cabeça no lugar para não tomarmos decisões precipitadas. Nós acompanhamos o Fortaleza em 2022, que teve uma arrancada, perdeu três, quatro jogos e depois voltou a subir. Nós temos também a rede social que diz que jogador bateu boca com treinador, que treinador discutiu com torcedor, e não podemos deixar que o externo chegue até a gente. Em nenhum momento passou pela nossa cabeça mexer no comando. Eliminamos o Grêmio, fomos eliminados pelo Atlético-MG no nosso pior jogo sob o comando do Mano. Fomos superados com toda justiça.”
Esforço de Thiago Silva para enfrentar o Atlético-MG
“Hoje, posso dizer que até 1 minuto antes do jogo (contra o Atlético-MG), não tínhamos certeza se o Thiago (Silva) ia jogar. Momentos antes de entrar em campo ele tomou uma injeção dentro do calcanhar. Todos ficaram comovidos para ele jogar. O grupo entrou no jogo muito mexido. A saída foi muito dolorosa para nós.”
Indefinição sobre data do jogo adiado contra o Athletico-PR
“O que nos foi informado lá atrás é que dependia da questão do Athletico estar na Sul-Americana. Estamos com uma dificuldade de datas muito grande no Brasileiro. Muito em função do calendário, mas também em função da paralisação devido ao grave problema (das enchentes) no Rio Grande do Sul. O que havia sido dito é que eles tentariam encaixar esse jogo numa possível data da Conmebol, fora de Data Fifa, para que Fluminense e Athletico não percam seus jogadores. Seria previamente marcado para esses primeiros 15 dias de outubro, mas a informação de momento é que talvez vá mais para o fim de outubro. Justamente por esse problema (de datas) da Copa do Brasil, o Fla-Flu foi antecipado do dia 20 para o dia 17, não sei se vai voltar, depende de ações no STJD. Realmente é por falta de calendário. Temos que aguardar e ser compreensivos. Acreditamos que esse jogo certamente vá acontecer dentro do mês de outubro, que foi o que nos foi passado.”
Polêmica sobre o gol do Atlético-GO
“Todas as vezes que o Fluminense se sente prejudicado, o Fluminense faz seu movimento técnico em direção à Comissão de Arbitragem da CBF. Fizemos em todos os jogos desse ano em que nos sentimos prejudicados, especialmente em quatro, onde acho que foram erros grosseiros. O Fla-Flu, no pênalti dado a favor do Flamengo; Vasco x Fluminense, na minha opinião uma bola ajeitada com a mão pelo Vegetti; o jogo do Botafogo, pênalti muito claro do Mattheus (Martins) em cima do Cano. E agora o jogo contra o Atlético-GO. Não sei se vocês sabem, mas de um mês para cá a CBF faz reuniões às segundas-feiras para falar sobre a arbitragem em geral, ou erros do fim de semana. O Fluminense tem participado de todas. Vou falar especificamente de dois casos. Contra o Botafogo, a Comissão de Arbitragem reconheceu o equívoco, que houve o pênalti e o VAR deveria ter chamado.
E contra o Atlético-GO, fizemos o ofício e participamos da reunião ontem. Eles mostraram as câmeras do VAR. Quando questionei a bola na mão do Vegetti, fui informado que as câmeras usadas pelo VAR são da televisão que transmite o jogo. Agora, eles me mostraram uma câmera que fica em cima da linha, e por ela, há teoricamente o tangenciamento da bola na linha. Por ela, a bola não teria saído. Acho particularmente que na dúvida deveria ter valido o movimento de campo, porque a arbitragem é soberana. Dois jogadores nossos, inclusive o goleiro, estão com a mão levantada. Acho que há uma interferência clara até na movimentação dos jogadores.
Todos os clubes estão falando. No fim de semana houve reclamação do Grêmio contra o Botafogo. Costumo dizer que há uma necessidade mesmo de reciclagem no geral. Não acho que exista absolutamente nada. Quando eu achar que existe algo premeditado, eu vou embora, não faz sentido participar. Os erros são repetitivos, principalmente de interpretação das regras do jogo. O Fluminense não vai falar desse tema aqui ou buscar anulação da partida como o São Paulo está fazendo contra nós, a meu ver de forma absurda. O Fluminense está ciente que todos esses são erros de fato, que acontecem. Temos que criticar os erros, mas não podemos achar desculpas porque não temos jogados bem. Contra o São Paulo, não há sequer erro de fato. Há o cumprimento da regra de jogo que não beneficia o infrator, pelo contrário. É uma vantagem convertida em falta que para a bola, o time do São Paulo tá todo postado.”
Contratações erradas para a temporada
“Não vou chamar de erro, mas de decisões que tomamos e que no momento entendemos que eram acertadas. Depois, ao longo do tempo, não surtiram o efeito que a gente desejou. Você planeja tudo na vida desejando o melhor, às vezes não acontecem como você planeja e você tenta corrigir o rumo. Acho que passa pelo fato de que terminamos o ano de 2023 em dezembro. Tivemos um mês a menos de preparação. Houve uma decisão de início de competição, em que botamos o time titular para jogar assim que voltou, contra o Bangu (01/02). Todo mundo ficou extasiado com o fato de o time ter voltado e vencido aquele jogo com quatro dias de treino. Aquele movimento contrariou um pouco a preparação física e a fisiologia, porque entendíamos precisar dar jogo ao time para ganhar a Recopa. Se deixássemos o time treinando por mais 15, 20 dias, a LDU chegaria com mais ritmo de jogo e a gente só em treino.
A Recopa era muito simbólica para nós, contra a LDU, no Maracanã. O time de garotos que o Marcão estava comandando era líder (no Carioca). O Fernando (Diniz) teve essa decisão (de antecipar o retorno) e nos justificou à época dizendo que era para o time chegar na Recopa com (ritmo de) jogo. Deu certo naquele momento, ganhamos a Recopa. Hoje acreditamos que isso tenha atrapalhado de alguma forma a continuidade no campeonato. A maioria das lesões que tivemos foi traumática, não muscular. Por isso digo que há uma dúvida se isso realmente pode ter sido um fator preponderante. As lesões do André, do Cano, do Keno… Não foram por trauma. O time veio se esfacelando.
Sobre as reposições no início do ano, qualquer um tentaria manter a maior quantidade de jogadores campeões da Libertadores. É muito fácil falar agora “ah, eu não teria feito isso porque o time envelheceu, Diniz só contratou jogador veterano”. Também não é verdade. Não me lembro de ninguém na época achando que as contratações (da janela) foram ruins, acharam importantes para a composição do elenco. Trouxemos jogadores para compor elenco, ajudaram na conquista da Recopa. E as coisas não foram acontecendo. Fomos tentando desenvolver o mesmo tipo de futebol do ano passado, não conseguimos. Os adversários aprenderam a jogar contra nós.
Obviamente, estamos fazendo um ano ruim. Mas o futebol tem dessas coisas. Se tivéssemos passado do Atlético-MG, talvez estivéssemos falando de uma semifinal da Libertadores contra o River Plate. No meio do ano, tentamos reorganizar e reposicionar o planejamento, também temos a questão da janela. Em abril, já vimos que não estava indo, mas tenho que esperar até julho para contratar. Não tinha como fazer antes. Temos que pegar (o ano) como aprendizado. Se acontecer uma nova situação de irmos até dezembro jogando, acho que eu talvez questionaria o fato de voltarmos o time mais rápido (no início do ano seguinte). Mas tínhamos uma Recopa para ganhar da LDU. Por isso disse que não estou fazendo uma crítica.
Situação de Jhon Arias
“Todo mundo sabe que ele queria sair na janela e que eu impus uma condição. A (proposta) não chegou ao que o Fluminense desejava, e a gente se acertou que ele fica até o fim do ano. Na janela de dezembro, atendendo às condições que temos combinadas com ele, vamos realizar o desejo dele de jogar na Europa. Não tem nada a ver com o Cruzeiro. Essas condições passam, por exemplo, de que (a transferência) não seja para nenhum clube do Brasil. As pessoas têm que compreender que ele é um profissional com esse desejo, assim como ele compreendeu que o clube precisava se proteger e tê-lo aqui para nos ajudar até a reta final. O que interessa para mim é o Fluminense, que está acima de qualquer coisa. Foi assim que conversamos, nos ajustamos, está tudo ótimo. Ele tem todo o direito de realizar o sonho dele, de ter ficado chateado. E eu tenho todo o direito de ter feito o que eu fiz. É uma conversa de adultos. O torcedor precisa entender isso.
Ele vai nos ajudar até o fim do ano, depois vai seguir o caminho dele e vamos continuar torcendo muito para ele deixar as portas abertas para ele voltar, assim como o André. Quem é Fluminense até o fim são os torcedores, que vão estar sempre com o clube. Os profissionais que aqui estão honram a camisa, se apaixonam, mas têm suas famílias e desejos. Faz parte. Fico muito orgulhoso quando um jogador que ninguém conhecia vem da Colômbia, consegue se firmar no Fluminense e ganha visibilidade na Europa, na seleção dele. O Arias é uma grande pessoa, de grande caráter. Que a torcida continue o abraçando e incentivando.”
Busca por investidores e plano de SAF
“Sempre faço questão de dizer que o banco BTG foi contratado pelo Fluminense para ser nosso conselheiro na busca por investidores. Não significa necessariamente que vai ser um dinheiro do banco BTG ou das pessoas que lá estão. Mas também não significa que não. As pessoas que estão lá podem se interessar pelo projeto do Fluminense e fazer investimento também. Eu posso dizer pra você que já concluímos a fase de analise do clube e que o banco já está no mercado sim, em contato com investidores. essa conversa tem seu caráter de sigilo contratual, não vou dizer quem são os investidores. E deixando claro que o modelo de SAF do Fluminense não é 51/49, 70/30… o modelo do Fluminense é o modelo onde o Fluminense não vende o controle, essa é a ideia do Fluminense. Onde a gente não faria a venda do nosso controle e as pessoas ficam especulando que é 51/49, 70/30 e eu nunca falei isso, porque há a possibilidade de um modelo onde o Fluminense tenha 100% e o investimento seja feito de uma outra forma. Só pra deixar bem claro, e não estou fazendo crítica velada a ninguém, mas o nosso modelo é um modelo onde vamos buscar um saneamento definitivo do clube pro clube começar do zero.
O investidor que vai vir sabe que parte do dinheiro que a gente busca é para definitivamente quitar as dívidas do clube e outra parte para investir em futebol. e gradativamente ao longo do tempo, com as dívidas acabando, o dinheiro todo investido no futebol. exatamente como faz o Bahia, um modelo de SAF muito inteligente. Primeiro com pagamento de dívida, depois com o investimento no time de futebol a longo prazo. Eu acho que está muito claro, vocês veem que o Bahia montou um bom time, mas não montou gastando um dinheiro a mais do que fatura, é um crescimento, tem um caminho pela perenidade do Fluminense. Nosso objetivo é a perenidade do clube, que daqui a 100 anos que a gente possa deixar um legado de que um investidor veio para sanear o fluminense definitivamente e depois fazer futebol. no inicio, concomitantemente, e depois, investir o dinheiro em futebol e deixar a gente cada vez mais competitivo.
Previsões do orçamento para 2024
“O orçamento é feito com previsões. A de venda de jogadores era muito menor do que a que fizemos agora. Uma coisa vai compensar a outra. A não evolução nas competições será compensada por vendas que fizemos. Vendemos o André pelo preço que esperávamos, vendemos Alexsander e outras transações menores. Mesmo no dia em que o Fluminense tiver sua SAF, o seu investidor, a venda de jogadores vai ser sempre um vetor importante. Um clube de futebol fabrica jogadores e estes são ativos do clube. Não fosse assim, não teriam multa, contrato de cinco anos. A venda de jogadores do Fluminense é em média 45% das receitas há muitos anos. Quando o Fluminense teve um modelo de investimento no passado, o maior da história do clube, direto em jogadores e não na base, o Fluminense declinou muito mais financeiramente. Praticamente não tinha Xerém no time de cima, não vendia jogadores e consequentemente as contas foram se deteriorando. Temos 330 jogadores, entre sub-9 e sub-20, em Xerém.
Há um custo para formá-los, que aumentou nos últimos anos porque as categorias também aumentaram. Temos que vender jogadores para manter o clube e fomentar Xerém. Desde que chegamos aqui, colocamos uma regra de ter ao menos 30% de jogadores da base no elenco profissional. E eles performam. O Fluminense é um clube de faturamento médio hoje, entre R$ 400 milhões e R$ 450 milhões. Vendemos em média R$ 100 milhões em jogadores por ano, que é o que colocamos de meta orçamentária. Chegando um investidor, zerando a dívida do passado e conseguindo montar times melhores, vamos vendê-los com um tempo maior, depois de utilizá-los. Mas não tenho como te dizer que não vamos prever vendas no período, porque é algo histórico no Fluminense. Esse é um dos motivos pelos quais brigamos, e isso é uma atuação muito importante do nosso vice-presidente Mattheus Montenegro, o grande cabeça dessa discussão da Liga (Forte União), que é diminuir a diferença de televisão. Aumentar nossa cota, diminuir a diferença para os outros para que tenhamos que vender menos jogadores em razão disso.”
Novo acordo da Liga Forte União
“Não é uma baixa, estamos readquirindo 10%. Tínhamos vendido 20% dos direitos futuros, e houve uma negociação onde se chegou a um consenso de os clubes comprarem novamente 10%. Isso significa que a longo prazo, quando vendermos os direitos de TV, ficaremos com 90% das receitas, não 80%. Não vai trazer nenhum prejuízo para nós. Estamos vendendo por mais do que esperávamos. Vamos ganhar mais dinheiro ao longo dos próximos anos.”
Promoção de ingressos no Brasileirão
“A promoção a gente já vem fazendo desde lá. Os ingressos já estão promocionais desde a época em que entramos na zona de rebaixamento. Aproveito a tua pergunta para clamar aos nossos torcedores que a gente possa estar junto na quinta. O número total, incluindo gratuidades, é de 15 mil até agora. Sei que todos que forem lá vão nos empurrar, nos ajudar, mas se pudermos ter mais gente na quinta-feira… Faço esse pedido de coração, para que a gente possa tirar o clube dessa situação.”
Fantasma de 2013 e complicações em anos pós-conquistas
“Não é a primeira vez que o clube está passando por isso. Você falou de 2013, mas em 2005 nós fizemos um ano muito bom. Nós ganhamos a Taça Guanabara, o campeonato estadual, fomos vice na Copa do Brasil, e faltando cinco rodadas pra acabar o Brasileirão, precisávamos de um ponto para a Libertadores. Perdemos os cinco e não fomos, mas foi um ano muito bom. Abel era o técnico. No ano seguinte, lutamos pra não cair e nos livramos na última rodada. Foram feitas 20 contratações em janeiro de 2006, e depois cinco trocas de técnicos. Aí em 2007, fizemos um ano excelente novamente. Ganhamos a Copa do Brasil e ficamos em quarto no Brasileiro com o Renato Gaúcho. Poderíamos ter ido à Libertadores mesmo se não tivéssemos ganhado a Copa do Brasil. Em 2008, novamente brigamos contra o rebaixamento até a ultima rodada. O clube saiu esfacelado mentalmente da derrota para a LDU. Eu já era advogado do clube e sei o que aconteceu aqui dentro. As pessoas sofreram muito, teve funcionário que ficou dias sem conseguir levantar pra trabalhar, porque não é fácil você perder uma Libertadores no Maracanã.
O elenco sentiu muito naquele momento, por isso que brigou pra não cair. Era um time excelente. Em 2009, contratamos uma série de jogadores que foram execrados. Mariano, Diguinho. E o time montado em 2009 foi o que venceu o Brasileiro em 2010. Em 2010, 2011 e 2012 a gente conseguiu se manter. Mas por que que eu fiz questão de dizer que às vezes você faz a mesma coisa e não controla o resultado? Em 2013 o time tem um monte de lesão, Fred teve lesão séria, Sóbis teve lesão séria, a gente trouxe alguns jogadores. Eu tenho os números todos, de todos esses anos. É engraçado, você ouve críticas que vem de fora. As pessoas que estavam aqui deixaram o treinador aqui dirigindo o time com 15 jogos sem vencer durante o Campeonato Brasileiro. Sete derrotas seguidas, três empates, mais quatro derrotas. Teve treinador aqui que ficou 22 rodadas sem vencer um jogo do Campeonato Brasileiro em um desses anos. Por isso que a gente tem muita esperança de sair dessa situação de onde a gente tá, porque dependemos de nós mesmos.
Hoje saiu uma matéria que fala de outros grandes que estavam em uma situação melhor que nós nesse momento e caíram, mas que o Fluminense esteve em situações piores e se livrou também. A conta que se faz não é só essa. Em 2018, eu não era o presidente ainda, faltando 10 rodadas pra acabar o campeonato o Fluminense tinha 40 pontos. Teve oito, nove jogos sem vencer e foi se salvar só na última rodada. A gente tem que vencer os jogos, o resto todo é teoria. Não podemos olhar pros números do passado, e sim pro jogo de quinta-feira. A única vez que um time caiu com 45 pontos na história foi o Coritiba em 2009, porque o Fluminense fez 46. Se o Coritiba tivesse ganhado da gente, teríamos caído com 45. Desde 2006, ninguém caiu com 45 e vários outros não caíram com 40, 41, 42… A gente tá olhando pro próximo trabalho aqui, que a gente precisa reencontrar o caminho.”
Saídas de Kayky Almeida, Agner e Arthur
“Essas vendas não são feitas por motivos financeiros. Óbvio que ajudam a pagar contas, mas não resolvem a situação financeira do clube. Existe um processo dentro de um clube de futebol da sequência do jogador. Com a profissionalização aos 16 anos, quando assinam o primeiro contrato, e a evolução física, técnica e tática dos jogadores, você tem uma categoria sub-20 que acaba ficando com uma grande quantidade de atletas. Absorve jogadores do sub-17 e jogadores que batem no profissional e descem de volta. Trabalhamos com 30 jogadores aqui em cima, e temos uma filosofia de ter 30% (da base). A categoria que mais produz jogadores que pulam o sub-20 é a sub-17. E isso aconteceu especificamente com alguns jogadores. Kauã Elias é um deles, não passou pelo sub-20. Quando os contratos acabam e os jogadores saem livres, o que acontece porque não temos como absorver todos, ninguém fala. É um processo que não é simples ou individualizado.
Chega um momento em que o jogador quer realizar o sonho dele em outro lugar, vê que não vai performar no Fluminense. Sabendo disso, ele não quer renovar o contrato por mais cinco anos. Chega um momento em que o atleta quer sair. Tivemos sondagens pelo Arthur quando ele tinha 16 anos, para comprarem e levarem com 18, de seis vezes pelo valor que eu vendi. Na época, a base disse “não faça isso, porque ele tende a ser um grande jogador do profissional”. Isso vai sempre acontecer, caso do Kayky Almeida a mesma coisa. O Agner é diferente, está emprestado com opção de compra pelo mesmo motivo. Quando o Arthur desceu e virou titular do sub-20, ele (Agner) virou reserva e questionou se seria aproveitado. A gente tem que fazer essas vendas para não perder os ativos ao longo do tempo.”
Fluminense foi um time soberbo em 2024?
“Não acho. Eu ouvia muitos torcedores falando que o Fluminense não esqueceu 2023, e acho que ficamos muito tempo tentando reencontrar o ano passado. Não acho que foi soberba, mas o orgulho de ter construído o que construímos em 2023, com muito menos recursos do que a maior dos clubes que disputam com a gente. Isso nos trouxe uma confiança de que conseguiríamos reeditar 2023, mas posso te afirmar que (houve) esse estalo de que não conseguiríamos há bastante tempo. Colocamos os pés no chão há pelo menos três meses, e temos um aproveitamento de 50% no Brasileiro desde então. Mas nosso início foi muito ruim, o que também é responsabilidade nossa, e estamos pagando por ele. Não vejo como soberba. É muito raro na história do futebol brasileiro, de 1970 para cá, você ter um clube hegemônico – e não acho que fomos. Pro que temos de recursos, acho que fizemos quatro anos muito acima. 2024 é, infelizmente, o início de um declínio de uma geração e um grupo que conquistou bastante. Temos que reencontrar o caminho. Em 2025, repaginar e olhar de outra forma, tomara que já com um investidor para que possamos voltar à Libertadores, conquistar. O que estamos passando vários outros já passaram, um declínio pós-conquista. Agora é trabalhar e seguir em frente.”
Projeções para o Mundial de Clubes de 2025
“Já é um drama nosso. Existe uma comissão nacional de clubes, dentro da CBF, que o Fluminense integra. Essa é uma das discussões que temos nesse momento, da maneira profícua: o medo do calendário de 2025, porque vamos ter uma paralisação de um mês no meio do Brasileiro. Não temos certeza ainda, mas o que se fala é que os clubes do Mundial vão ter seus jogos adiados, mas que o Brasileiro vai seguir. Você obviamente vai ter esse desencontro de datas. Cada um vai fazer suas escolhas. Primeiro, isso tem que partir de Fifa, Conmebol e CBF. A Conmebol, por exemplo, criou datas de play-offs da Sul-Americana que não existiam, então você tem cada vez menos datas pro futebol brasileiro. Como corrigir, dentro do clube, mantendo-se esse calendário? Eu diria que se você tiver dinheiro para ter dois times do mesmo nível, você soluciona o problema. Não adianta você dizer que vai colocar um time para jogar uma competição, e outro em outra. Do lado de fora, se cobra resultado. É por isso que ninguém consegue ganhar três (competições grandes). É uma luta pra se botar o jogador em campo. A quantidade de tratamento que se faz, remédio, injeção, horas na fisioterapia. O Brasil é um país de dimensão continental, é tudo muito difícil. Se não vier de cima pra baixo um calendário mais humano, você vai continuar tendo esse problema.”
Renovações de Marcelo e Felipe Melo
“O Fluminense só fala sobre esse assunto quando acabar o campeonato. A gente tem que saber como vai ser 2025. Nem com eles dois, nem com nenhum outro, a gente conversa antes de dezembro.”
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Por Explosão Tricolor
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