Coletiva Preocupante. Fluminense à mingua de um treinador de peso




Peter tem que reconduzir o Fluminense ao caminho das vitórias (Foto: Divulgação)
Peter tem que reconduzir o Fluminense ao caminho das vitórias (Foto: Divulgação)

Estimados leitores. O Fluminense, definitivamente, sofre de uma acentuada esquizofrenia, agora comprovadamente desde a saída do Abel em julho de 2013, estando evidente que, desde a sobredita data, o Fred vem sendo o treinador do Fluminense. Explico.

Quando o Eduardo Baptista assumiu o clube ano passado, o pensamento do nosso Presidente, dito por ele mesmo, era o de realizar uma “reformulação no elenco”, valendo-se de uma “espinha dorsal”, a ser mesclada com os garotos da base, sendo que o “perfil” que melhor se adequava a essa filosofia do clube, naquela ocasião, era o “Nelsinho”.

Esse mesmo discurso foi utilizado com os “perfis” Vanderlei Luxemburgo, Dorival Junior, Renato Gaúcho, Cristóvão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson Moreira.

Todos eles com um ponto em comum: mal começava o trabalho do treinador para, à partir da terceira ou quarta rodada, quando parecia que surgiria um esquema de jogo ou uma maneira de jogar, de inopino, vinham as injustificadas improvisações de atletas nas mais diversas posições, com o posterior retorno ao malsinado FREDBALL que não nos levou, tampouco nos levará, a algum lugar.

Sem exceção: com todos os precitados treinadores, uma semelhança existiu: o time com o Fred era um, sem o Fred era outro.

Ah, você está defendendo a tese de que a culpa é do Fred? A bola não chega nele! Fred é ídolo! Não se pode falar mal do Fred! Temos que ser grato a tudo o que ele fez! É o maior centroavante em atividade! Quando ele começar a meter gol você vai ver só…etc…etc…etc….blá-blá-blá-blá.

Nada disso. Não sou contra o Fred, sou contra o FREDBALL e sua panelinha.

O Abel foi categórico em 2012 ao dizer duas coisas por demais pontuais: “Se não fosse o W. Nem, nossa válvula de escape que só funciona porque é muito difícil marcá-lo, não teríamos conseguido, porque esse time para render precisa jogar no limite”.

Em 2009 o Fred tinha Maicon Bolt e, por vezes, o Alan, mais se movimentava e muito; o mesmo aconteceu em 2010, quando teve o Sheik chegando ao ponto de também formar dupla com o Washington; em 2011, com Conca avançado houve rendimento, com oscilações, mas uma certa regularidade, tendo o Rodriguinho e o Tartá ao seu lado. Em 2012, com o W. Nem esteve muito bem. E parou por ai. Depois de 2012, não vimos mais o Fred.

O erro reiterado está em achar que com o Fred no Fluminense haverá renovação no elenco. Não vai haver não. Os jovens serão sacrificados para fazer o possível e o impossível para jogar em função do Fred. Com Cuca, Muricy e Abel isso não aconteceu. E acredito muito que com o Levir Culpi ou Cuca isso vai acabar, justamente porque com todos esses treinadores o Fred teve que se adequar ao esquema de jogo “do treinador”, e não o treinador ao esquema de jogo do Fred.

Tanto é verdade que, nenhum daqueles supramencionados treinadores que perpassaram pelo nosso clube conseguiram acabar com essa pecha de montar um time, exclusivamente para jogar em função do Fred, quando ele está em campo. Todos os que tentaram romper com esse retrógrado dogma que assola o Fluminense, desde a saída do Abelão, fracassaram. E vão continuar fracassando.

Na partida de ontem isso ficou tão evidente, que tivemos que aturar o achincalhe de ver o nosso melhor meia dos últimos tempos, Gustavo Scarpa, jogar improvisado na lateral esquerda, só para o Pierre não ser sacado do time (dizem que é porque foi padrinho de casamento do Fred, sendo que amiguinhos são intocáveis, do mesmo modo que o Cavalieri, ainda que tome mil frangos), pois um meio campo formado por Douglas, Edson, Cícero, Diego Souza e Scarpa (Marcos Junior), certamente não iria praticar o FREDBALL, e sim, trocar passes com qualidade, passando a pelota para o melhor jogador, em condições de finalizar, qualquer que fossem. Contra o Cruzeiro isso ficou evidente.

E para acabar com o FREDBALL e sua panelinha, caríssimos leitores, só vejo o Levir Culpi ou o Cuca que, num passado não mundo distante, afastaram mais de meio time, inclusive barrando medalhões e colocando empresários para correr. Qualquer outro treinador que não seja Cuca ou Levir já demonstrará que o planejamento 2017, se é que existe, já

Na coletiva de imprensa de hoje, perguntado sobre qual seria o perfil do novo treinador, o Presidente Peter disse que, seja novo, seja experiente, ele veria o que seria melhor para o Fluminense.

Como assim? O melhor não era a reformulação e adequação a realidade do clube? A explicação não me convenceu nem um pouco, à mingua de demonstração e provas hábeis em contrário, pois o discurso do Fred pós-desembarque, dando pitacos no sentido de que “as coisas extracampo vem atrapalhando”, por si só, ratificam os fatos aqui suscitados.

Levir barrou Ronaldinho, Jô, o Pierre que aqui está, Neto Berola e outros, assim como o Cuca barrou a panelinha do Luiz Alberto, Roni, Rui, Paulo Cesar, W Monteiro.

Gum barrado alerta de demissão acionado; parecia que Cavalieri seria a bola da vez, junto com o Pierre. A panela não deixou, não se afigurando plausível sustentar que as sucessivas mexidas no time foram a cargo do Eduardo Baptista, se levado em conta que, a pré-temporada com o Mickey Mouse acenava para algo aparentemente diferente do que temos visto ultimamente. As duas tradicionais linhas de quatro jamais foram taticamente observadas pelos jogadores esse ano. Fritaram o rapaz, é evidente.

Treinador não tem que “dar oportunidade ou chances a todos”, tampouco “girar ou rodar o time”, e sim, escalar o que tiver de melhor para as respectivas posições, levando em consideração as condições físicas e técnicas dos jogadores, não o seu passado ou o seu nome.

Sinceramente, até hoje não entendo o porquê da saída do Levir do Atlético Mineiro, vez que o time vem jogando da mesma forma com o Diego Aguirre, o que demonstra um verdadeiro legado em termos de trabalho realizado, desde a saída do Cuca, Tardelli, Bernard, Maicossuel.

Noutro giro, administrativamente e juridicamente, o Peter Siemsen realmente vem se mostrando ser impecável, principalmente no que concerne a iminente conclusão do CT, equilíbrio do quadro econômico financeiro do clube com comprovado equacionamento das dívidas, bem como negociações contratuais com patrocinadores que, à exceção da Viton44 que já deveria ter sido demandada na Justiça a tempos, merecem aplausos, a começar pelo novel contrato esportivo com a Dryworld, prestes a viger a todo vapor.

Entrementes, quando o assunto é “Futebol no Campo”, inelidivelmente o nosso Presidente entregará o seu mandato com um péssimo retrospecto, sendo de saltar aos olhos que, o Fluminense Football Club ficou, como ainda está, à mercê.

O que me agradou foi a atitude do Presidente em fazer algo extracampo, malgrado não tenha me convencido nem um pouco que a possível candidatura do Mário à Presidência estivesse interferindo no Futebol. Não estava não, pois como já expus, desde julho de 2013 quem manda no Futebol do Fluminense é o Fred.

Independentemente de quem será o Presidente do Clube em 2017, ao menos Conselheiro ou Diretor Jurídico o Peter deveria ser, pois, em termos de gestão e legislação, ele é muito avançado e bom no que faz.

Dessarte, salvo Cuca ou Levir que têm moral para intervir, qualquer outro nome é melhor não vir. Deixe o Fred ser jogador e treinador ao mesmo tempo. Mais honesto, mais transparente. Particularmente ainda não joguei a peteca.

Se é somente se o Cuca ou o Levir Culpi assumirem esse time, sinceramente acredito que daremos a volta por cima. Na pior das hipóteses, se esses dois nomes não forem possíveis, qualquer que seja o motivo, prefiro que se faça igual a 2011 do que trazer qualquer treinador meia boca: deixa o Fred de treinador até o Abel ser liberado em maio.

Rápida Triangulação:

– Estou na torcida pela recuperação do Richarlisson, pois hoje dá para percebermos que o garoto pode dar muitas alegrias. Gegê e Ribamar estão dando no Botafogo, desbancando nossa milionária defesa, porque não achar o mesmo do nosso garoto que será fundamental no Brasileiro?

– O Mário, definitivamente, é um excelente advogado e deve continuar no lado do Direito Desportivo do Clube. Mas como Vice Presidente, levou um banho até do Alcides Antunes.

– Júlio Cesar; W. Silva, Henrique, Renato Chaves, Giovanni; Douglas, Edson, Diego Souza, Cícero; Scarpa, Fred. Com proibição do FREDBALL! Fora isso, só vislumbro.

Marcos Túlio / Explosão Tricolor